Mulheres são destaques entre os premiados.
Aconteceu hoje a cerimônia de encerramento do 70º Festival de Cannes. Sem grandes surpresas – com base nas críticas dos filmes selecionados dava pra prever quem iria ganhar ou não -, ela serviu para confirmar um ano em que o evento destacou o talento feminino.
Pedro Almodóvar e seu júri tomaram decisões que com certeza mudaram a história do festival e de muitas mulheres. Uma delas foi um prêmio especial à Nicole Kidman, considerada a rainha da croisette em 2017. Isto porque a australiana teve três projetos presentes na seleção oficial – O Estranho que nós Amamos, The Killing of a Sacred Deer, How To Talk To Girls at Parties -, dois deles aclamados e premiados. A atriz não pôde comparecer à cerimônia, mas enviou um vídeo de agradecimento bem fofo. Kidman está de volta e merecidamente!
Outro destaque foi a premiação de Sofia Coppola como melhor diretora. Trata-se apenas da segunda vez que uma mulher vence o prêmio no evento, sendo a primeira delas em 1961, com Yuliya Solntseva (The Story of the Flaming Years). Atualmente com uma nota média de 76/100 no Rotten Tomatoes e Metacritic, a releitura de Coppola promete fazer barulho na temporada de premiações, mesmo com o lançamento em junho nos cinemas americanos. Pra quem gosta de cinema, eis uma mulher que já fez, faz e ainda fará muita história na sétima arte; favor acompanhá-la!
Lynne Ramsay retornou a Cannes seis anos após o sucesso de Precisamos Falar Sobre Kevin (2011). E como ela própria revelou durante o festival, o drama estrelado por Joaquin Phoenix e Ekaterina Samsonov não estava pronto ainda. Ou seja, a diretora exibiu uma produção em processo de finalização e conseguiu agradar tanto a crítica quanto o júri apesar disto; levou pra casa os prêmios de roteiro (dividiu-o com Yorgos Lanthimos) e ator. Ramsay nos deixa muito tempo sem algo novo, mas, quando chega a hora, raramente nos decepciona.
Também vimos Diane Kruger vencer a categoria de atuação feminina. Talvez uma das atrizes mais subestimadas da indústria, a alemã foi reconhecida por um projeto de seu país natal, em sua língua materna. In The Fade não teve uma recepção calorosa, muito pelo contrário, mas a performance de Kruger foi universalmente elogiada. Lembrando que a última vez que ela foi reconhecida por um trabalho foi em 2010, quando ganhou o SAG junto do elenco de Bastardos Inglórios (2009). Tava na hora, né? Vamos ver se ela recebe papéis melhores no futuro.
Finalmente, em sua estreia atrás das câmeras de um longa, Léonor Serraille recebeu a Câmera de Ouro. Seu filme, Jeune Femme, foi exibido na seção paralela Um Certo Olhar.
No entanto, ainda temos muito chão até chegar a um ponto no qual mulheres e homens terão oportunidades e direitos iguais tanto no cinema quanto em diversos outros lugares. Cannes também não contou com uma grande diversidade de países e etnias este ano; produções na língua inglesa, estreladas por brancos, foram a maioria de longe. Enfim, celebramos as diretoras e atrizes destacadas em 2017, mas não vamos esquecer do tanto que temos que mudar. Falta muuuuuito.
Confira a seguir o Palmarés de Cannes e alguns vídeos dos filmes exibidos por lá:
Palma de Ouro
The Square, dir: Ruben Ostlund
Special 70th Anniversary Prize
Nicole Kidman
Grande Prêmio do Júri
120 Beats Per Minute, dir: Robin Campillo
Melhor Direção
Sofia Coppola, O Estranho que nós Amamos
Melhor Ator
Joaquin Phoenix, You Were Never Really Here
Melhor Atriz
Diane Kruger, In The Fade
Prêmio do Júri
Loveless, dir: Andrey Zvyagintsev
https://www.youtube.com/watch?v=s6QmSPNeNzk
Melhor Roteiro
EMPATE
Yorgos Lanthimos, Efthymis Filippou, The Killing Of A Sacred Deer
Lynne Ramsay, You Were Never Really Here
Palma de Ouro de Melhor Curta
A Gentle Night, dir: Qui Yang
Menção Especial: The Ceiling, dir: Teppo Airaksinen
Câmera de Ouro
Jeune Femme, dir: Leonor Serraille