100 filmes favoritos: as escolhas da equipe, parte 1

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NOSSA LISTA DE 100 FILMES FAVORITOS de todos os tempos, publicada na última sexta-feira, contou com a participação de mais de 50 votantes, entre colaboradores do Cinema de Buteco, amigos de outros sites e, claro, os integrantes oficiais da nossa equipe. A relação completa de votantes e as listas de cada um está aqui.

Mas como é que essas escolhas foram feitas? Ficamos horas debruçados sobre nossas listas de filmes assistidos ao longo da vida ou anotamos as primeiras obras que o coração mandou? Neste post dividido em 2 partes, a equipe do Buteco justifica seus votos, relacionando os filmes citados com suas próprias memórias pessoais.

Quantos destes filmes também são especiais para você?

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Aline Monteiro

1- O Poderoso Chefão / O Poderoso Chefão 2
3- Festim Diabólico
4- Os Bons Companheiros
5- Asas do Desejo
6- 12 Homens e Uma Sentença
7- Morangos Silvestres
8- Filhos do Paraíso
9- Alien
10- Interlúdio
11- A Ostra e o Vento
12- Morango e Chocolate
13- Os Famosos e os Duendes da Morte
14- Conta Comigo
15- O Mágico de Oz

Minha seleção de melhores filmes de todos os tempos não tem uma unidade lógica. Talvez só a memória afetiva explique A Ostra e o Vento nesta lista – especialmente acima de Conta Comigo, que marcou minha adolescência e suas tardes de ócio. Já adianto que não há outra explicação. Por outro lado, não há mesmo como fugir do óbvio O Poderoso Chefão, 1 e 2, que encabeçam minha lista de melhores filmes de todos os tempos. São dois filmes que não canso de rever. O mesmo posso dizer de Festim Diabólico, onde Hitchcock mostra todo seu poder de direção, em uma obra intensa, e 12 Homens e Uma Sentença, o original, de Sidney Lumet. O suspense ainda está bem representado, com Alien e Interlúdio, e a ação com Os Bons Companheiros.

Entre os que me fazem chorar ou pensar por horas estão Asas do DesejoMorangos Silvestres, Filhos do Paraíso, Morango e Chocolate e Os Famosos e os Duendes da Morte. A fantasia fica a cargo de O Mágico de Oz, com suas cores (e todas as teorias da conspiração envolvendo Pink Floyd). Mas devo confessar ainda uma falha. Se a lista fosse apenas dos melhores filmes da minha memória afetiva, A Noviça Rebelde estaria lá no topo. Lembranças de uma criança que perdeu o filme gravado em VHS porque um familiar mais apressado gravou por cima um jogo de futebol…

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Larissa Padron

1. Cinema Paradiso – A declaração de amor de Tornatore pode não ser formalmente o melhor filme, mas é o que ainda mais me encanta e me faz lembrar a cada frame o porquê desta ser minha arte preferida.

2. O Grande Ditador – Em 1940 foi feito um filme tão atual pela simples e óbvia mensagem que passa. O mais corajoso do palhaço genial.

3. A Rosa Púrpura do Cairo – Escolher apenas um de Woody Allen é tarefa impossível, mas fico com aquele que mais uma vez recorre à metalinguagem e mostra que linda distração é o cinema e, portanto, a vida.

4. Cantando na Chuva – Com poucas músicas e passos, Gene Kelly marcou minha lembrança, infância e ainda define o que é uma cena feliz.

5. O Iluminado – Stanley Kubrick tem o poder de transportar seu espectador para a atmosfera que desejar, não importa quão surreal seja. E sendo assim, crianças me assustam até hoje.

6. O Poderoso Chefão – Coppola fez o que provavelmente é a trilogia mais perfeita do cinema. Mas tudo isso foi possível com um filme que narra a ascensão do poder em 3 horas de absoluta imersão.

7. Um Corpo que Cai – Quem diria que o mestre do suspense saberia fazer um romance tão comovente. Mas é claro, sem fazer você resolver um muito elaborado quebra-cabeça.

8. Gravidade – Cuarón sempre transforma qualquer enredo em uma homenagem ao cinema, porque ele sempre consegue mostrar incrivelmente as potencialidades desta arte, de uma maneira tão orgânica à narrativa.

9. Moulin Rouge – Excessivo, histérico, com excesso de cor e cheio de clichês. Defini o filme ou o amor?

10. Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças – Kaufman e seus roteiros geniais, com tudo tão complexo, mas tão entrelaçado, e Gondry, com sua atmosfera onírica e apaixonante de sempre. Foi a junção perfeita.

11. Closer – O amor não é sempre belo e perfeito. E poucos filmes tiveram a coragem de mostrar isso sem deixar de ser sensível e comovente.

12. Rede de Intrigas – Não é de hoje que a mídia cria monstros. E Sidney Lumet soube fazer um dos filmes de terror (sem ser terror) mais assustadores que eu já vi.

13. Jules e Jim – Uma Mulher Para Dois – Novamente, o amor não é sempre perfeito. Mas com Truffaut, ele sempre, sempre, é lindo e eterno.

14. Ônibus 174 – Padilha roubou um pouco o talento do mestre Coutinho para fazer um documentário sobre seu tema preferido, a desigualdade como geradora de mais desigualdade, de maneira tão humana.

15. O Rei da Comédia – Scorsese conseguiu usar Jerry Lewis e “comédia” no título de um dos filmes mais tristes sobre o íntimo.

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Lucas Paio

1. De Volta Para o Futuro
2. O Poderoso Chefão
3. Curtindo a Vida Adoidado
4. Amadeus
5. Ratatouille
6. Quase Famosos
7. 12 Homens e Uma Sentença
8. Jurassic Park
9. 2001: Uma Odisséia no Espaço
10. Tempos Modernos
11. Annie Hall
12. Cidade de Deus
13. Antes do Pôr-do-Sol
14. Quero Ser John Malkovich
15. Arthur

A razão me mandava colocar os Corleone no merecido topo, mas o coração ficou em Hill Valley com De Volta Para o Futuro, uma obsessão particular desde os tempos em que o desenho animado passava diariamente na TV Colosso. Já escrevi duas mil palavras aqui no Buteco com todas as minhas razões para gostar tanto do longa de Zemeckis (e da trilogia como um todo), que já sei de cor e salteado e continuo revendo quase todo ano. Curtindo a Vida Adoidado é outro desses: entretenimento puro, está comigo desde a infância e de quebra ainda me fez conhecer Beatles. A música, aliás, é um fator fundamental em outros dois filmes no meu top 10: Amadeus, que cria um Mozart bisavô-dos-hippies e utiliza suas composições de maneira genial, e Quase Famosos, um filme que comunica direto com qualquer um que já teve ou quis ter uma banda.

Várias obras na minha lista representam também a filmografia de seus diretores. Spielberg tem vários filmes excelentes, mas escolhi Jurassic Park, que vi no cinema no saudoso Palladium de BH e despertou em mim a vontade (passageira, claro) de ser paleontólogo, para figurar entre os 15. Sou grande fã de Charles Chaplin e Woody Allen, e O Garoto, Em Busca do Ouro, Luzes da Cidade, Hannah e Suas Irmãs ou A Era do Rádio poderiam muito bem substituir Tempos Modernos e Annie Hall. Da mesma forma, tirei Dr. Fantástico e Laranja Mecânica para pôr 2001 como uma forma de fazer as pazes com esse grande filme, que achei meio chato da primeira vez, bom mas superestimado na segunda e que finalmente me “pegou” lá pela terceira revisão.

Já esse Arthur, que tem no Brasil o dispensável subtítulo “O Milionário Sedutor”, pode não ser uma obra-prima, mas já vi umas dez vezes é uma daquelas raras comédias cujas piadas só ganham força a cada revisão. Atenção: estou falando do original de 1981 com o ótimo Dudley Moore, não da desnecessária refilmagem de 2011 com o chato do Russell Brand. Não aceite imitações.

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Tullio Dias

1- Quase Famosos
Minha relação com a música é muito mais profunda do que a que vivo com o cinema. Quase Famosos foi O filme que conseguiu misturar as duas coisas, e ainda introduziu uma história de amor platônico em forma de triângulo amoroso. Cameron Crowe terá a minha eterna gratidão por existir e ter produzido uma obra tão especial.

2- Peixe Grande
Peixe Grande apresenta uma pessoa que vive através das histórias mais fantásticas para maquiar a realidade, que muitas vezes é sem graça. Para quem é apaixonado por palavras e contar histórias, o filme de Tim Burton é obrigatório. Choro compulsivamente em todas as vezes que assisto. E claro, não podemos deixar de dizer que Peixe Grande também é uma grande história de amor.

3- Curtindo a Vida Adoidado
Você que recorre a livros de autoajuda para se encontrar: cara, você está fazendo tudo errado. Basta assistir a Curtindo a Vida Adoidado para se apaixonar pela vida e por estar aqui. John Hughes dirigiu um clássico definitivo para a geração nascida nos anos 1980/90. Ferris me ensinou que a vida é curta demais para se lamentar.

4- Fonte da Vida
A gente cria a expectativa de que precisamos de relacionamentos duradouros. De coisas que existam para sempre. Fonte da Vida fala exatamente sobre isso. De uma maneira poética e dolorosa, o longa-metragem de Darren Aronofsky mostra a estranha relação entre o amor e a eternidade, flertando com o conceito da vida após a morte (que seria o único lugar em que duas almas podem realmente sonhar em ficarem abraçadas para sempre. Na vida isso não existe).

5- Se Meu Apartamento Falasse
Billy Wilder é um gênio na arte de contar uma história, e ainda por cima demonstra pleno domínio da linguagem cinematográfica. Em Se Meu Apartamento Falasse, o diretor apresenta um dos principais “losers” da história do cinema, e uma trama delicada sobre pessoas ingênuas e incapazes de falar não. Fiquei na dúvida entre incluir Se Meu Apartamento Falasse ou Pacto de Sangue, que é outra pérola da filmografia do cineasta.

6- Clube da Luta
Chuck Palahniuk é um dos meus autores favoritos. David Fincher é um dos meus diretores favoritos. O Clube da Luta foi uma verdadeira porrada na minha cabeça (já debilitada), mas o grande “tcham” é o encerramento ao som de “Where is My Mind?”, do Pixies. Como é que pode uma coisa ser tão linda assim?

7 – Era Uma Vez no Oeste
Se você não gosta de Era Uma Vez no Oeste, meu querido (ou minha querida), saiba que a terapia é liberada para qualquer pessoa. Se você ainda não assistiu ao clássico de Sergio Leone, corrija isso agora. Duvido que exista algo mais importante para você fazer.

8- O Império Contra-Ataca
Guerra nas Estrelas é uma coisa muito especial. Existe uma força mística em torno de tudo relacionado à saga de George Lucas. Talvez seja a Força mesmo, vai saber. O Império Contra-Ataca ganha o meu coração por ser sombrio, pelas revelações chocantes, pelo drama daqueles personagens, e claro, o final que deixa tudo no ar.

9- O Poderoso Chefão 2
Marlon Brando torna O Poderoso Chefão uma obra de arte obrigatória. Do mesmo jeito que todo mundo deveria ser obrigado a ler 1984 ou conhecer o som do Led Zeppelin, O Poderoso Chefão é algo importante demais para ser considerado apenas como um filme. Portanto, meu voto vai para o (quase) encontro de Al Pacino e Robert De Niro na continuação da saga da família Corleone.

10- O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei
Existem obras consideradas importantes na história do cinema que eu nunca assistirei. Falta de tempo, falta de oportunidade, ou mesmo falta de disposição. Essa obrigação velada dos críticos terem que ver tudo é uma grande mentira. Estou solteiro atualmente, mas eu preciso de tempo para fazer a minha vida funcionar e não dá para gastar tempo com filmes de quatro, cinco horas de duração. No entanto, O Retorno do Rei é uma coisa tão foda, mas tão foda, que eu gastaria um dia inteiro vivendo na Terra Média. Peter Jackson fez A adaptação e isso é especial demais. Uma pena que não tive a oportunidade de gastar essas quatro horas e meia (versão estendida) acompanhado de quem me era tão importante, e também era apaixonada por Senhor dos Anéis.

11- Alien
Alien, O Oitavo Passageiro é o filme de terror/sci-fi definitivo, ao lado de O Enigma do Outro Mundo, de John Carpenter; a obra nos prende do começo ao fim. Somos sufocados lentamente com a combinação da narrativa, da câmera reduzindo nossos espaços, e claro, a trilha sonora brilhante.

12- Meus Vizinhos São Um Terror
Criei uma certa dúvida sobre qual produção importante dos anos 1980 incluir nessa lista. Como não se trata de uma lista sobre os melhores filmes, e sim sobre os nossos favoritos, me foi permitido sentir como se estivesse num piquenique no parque durante um domingo ensolarado. Tom Hanks era o ator favorito da minha avó, que como já falei em algumas oportunidades, foi a grande responsável por eu me interessar por cinema. Entre Quero Ser Grande e Meus Vizinhos São um Terror, escolho a segunda opção justamente por seu humor negro idiota.

13- De Olhos Bem Fechados
Tinha que ter um Kubrick nessa lista, e nada melhor que selecionar aquele que consegue captar a essência de um relacionamento desgastado que consegue se recuperar após inúmeras situações de risco. Poderia ter incluído também (500) Dias Com Ela, Closer, Namorados Para Sempre, Antes do Pôr-do-Sol (ou Antes da Meia-Noite) para representar minha preferência por obras românticas.

14- Tubarão
Steven Spielberg é um bundão ganancioso e hipócrita. Apesar de não ser uma pessoa que transmita coisas boas, é impossível ignorar o seu talento para a sétima arte. O cara revolucionou a porra toda e criou essa indústria monstruosa que existe hoje. Tudo começou com Tubarão, uma obra tão marcante que até hoje deixa as pessoas com medinho de entrar dentro do mar.

15- O Mensageiro do Diabo
Encerro a lista pagando de cult. O Mensageiro do Diabo foi uma surpresa na minha vida. Uma recomendação da minha estimada professora Ana Lucia Andrade, da UFMG, fiquei seduzido do começo ao fim. Acho que tenho um lado sádico que aprecia o sofrimento de inocentes e a crueldade de vilões carismáticos, como é o caso.