MESES DEPOIS DE ENTRAR NO SEU INTERVALO, The Walking Dead volta com um episódio que combina ação com emoção, com a aguardada despedida de Carl. A mistura funciona bem e The Walking Dead s08e09, “Honor”, cria uma rara ocasião em que somos obrigados a nos despedir de um dos protagonistas da série.
Temos novamente a exploração de linhas cronológicas distintas, mas de maneira bastante moderada – que se encerra com um gancho nos segundos finais que apresentam Rick num cenário de pós-batalha. Mas sabe como é, né?
Certas coisas nunca são exatamente o que a gente gostaria. Geralmente reclamo de má sorte em relacionamentos amorosos, mas a questão aqui é a tal linha cronológica em que Rick aparece envelhecido e de bengala.
Enquanto muitos de nós sonhava com uma passagem de tempo, “Honor” esclarece que tudo não passou de um sonho esperançoso do jovem Carlinhos, com o futuro que ele gostaria que fosse destinado a Alexandria e todos os seus amigos – incluindo Eugene e até (OMFG!!!) Negan.
Mensagem bonita de paz, tolerância e perdão, mas que poderia ter passado sem o vilão aparecendo como um sujeito boa praça sem usar seus tradicionais tons escuros. A verdade é que a morte do Carlinhos serviu para falar sobre belas homenagens e aceitar nosso próprio destino (vide as cenas iniciais, após a série fazer questão de mostrar como foi a mordida, quando Carl chega em Alexandria, toma uma ducha, escreve as cartinhas e faz outras várias tarefas) quando não há nada para evitar o que está se aproximando.
Do outro lado da ação do episódio, Carol e Morgan tentam organizar um resgate arriscado para livrar o pescoço do Rei Ezekiel. A dupla inicia sua ação silenciosamente até que Morgan endoida e entra no modo “pistola da vida”, que culmina com uma morte com excesso de violência, que deixa Carol e Ezekiel um tanto preocupados com a saúde mental do amigo.
Em poucas vezes a série trabalhou como um bom entretenimento de terror. A sequência em que Morgan persegue um dos líderes do Salvadores tem até uma trilha sonora que lembra o tema de Halloween, de John Carpenter. O inusitado é que assistimos a um herói fazendo as vezes de psicopata ao perseguir um dos inimigos.
“Honor” é a oportunidade de ouro para os produtores recuperarem a audiência (e moral) da série com o público. Ainda que a morte de Carl ainda não tenha sido digerida e seja motivo de muitas brigas, a verdade é que o roteiro ganha uma chance de tentar algo novo para dar uma verdadeira balançada nos personagens e nos fãs, que serão obrigados a aceitar o fim do ciclo do personagem.
Tenho minhas dúvidas se o roteiro não poderia ter investido mais em alguns dilemas, como o Salvador que mostra que é um escravo e morre de medo de desapontar Negan, ou quando o pequeno Henry elimina covardemente esse mesmo Salvador. Questões que poderiam gerar uma discussão calorosa, mas que infelizmente acabariam criando também um desvio no foco principal. Mas a reconciliação silenciosa de Daryl e Rick é um dos pontos altos, mesmo sendo tão discreta.
O resultado final recebe um carinho diferenciado justamente pelo seu conteúdo: não seria possível nem para o mais talentoso dos roteiristas estragar um momento de despedida de um personagem grande, como Carlinhos.
The Walking Dead está de volta e você que acompanha o Cinema de Buteco pode se preparar para acompanhar todos os nossos reviews aos domingo, logo após a exibição na FOX.