É OFICIAL: True Detective voltou. Após uma estreia empolgante, preferi me conter para não ser acusado de ejaculação precoce, mas dane-se: a corrida está boa demais e tudo bem se queimar a largada. Considerando que são seis episódios, os dois primeiros estão acima da média e da qualidade que estamos acostumados com a série.
Em True Detective S04E02, Part 2, acompanhamos o transporte dos corpos congelados dos cientistas para um local seguro, enquanto Danvers descobre pistas que conectam o caso diretamente com o crime investigado por Navarro no passado.
Jodie Foster certamente pode colocar Liz Danvers no hall de personagens marcantes da sua (fodástica) carreira. Com a educação e sensibilidade de um mamute, a policial não brinca em serviço e tem a objetividade como principal característica. Além de ser uma profissional exemplar, cujo talento inspira e influencia tanto o jovem Peter Prior (Finn Bennett) quanto a veterana Evangeline Navarro (Kali Reis).
O desenvolvimento desses personagens, Danvers principalmente, se dá de uma maneira extremamente natural. No primeiro episódio descobrimos que ela ODEIA Beatles e ficamos sem entender se ela é presidente do fã-clube do Molejo (que é melhor que Beatles), se tem um péssimo gosto musical etc. Brincadeiras à parte, claramente existia um motivo para a reação extrema dela com “Twist and Shout” e descobrimos o motivo nesse episódio: a revelação dela deitada com o filho ouvindo a canção diz muito.
Também é importante falar sobre a confirmação da conexão do símbolo espiral com a primeira temporada de True Detective. Ouvir o nome “Tuttle” me deixou com lágrimas nos olhos de empolgação. É aquele momento CARALHO, MOLEQUE que a gente tanto gosta de sentir enquanto assiste a uma série ou filme. De qualquer forma, essa conexão não diminui em nada todo o lado sobrenatural que vem sendo trabalhado na quarta temporada até então. Inclusive, uma personagem até diz algo como “não confunda problemas de saúde mental com questões espirituais”, que me parece uma menção para ser lembrada posteriormente.
As pistas no episódio insinuam sérios riscos para a agente Navarro. Seja no diálogo no começo do episódio, quando ela é aconselhada a cair fora ou estaria fodida, e quando ela encontra uma correntinha com uma cruz (e arremessa para fora do carro). São detalhes que chamam a atenção e nos fazem questionar: em um lugar tão esquisito, será que é mesmo prudente ignorar avisos e dispensar proteções mesmo quando você não acredita nelas?
Por fim, não comentei sobre um verdadeiro choque entre a atual temporada e suas antecessoras. Ao dispensar canções com violões ou sombrias para colocar “Bury a Friend”, de Billie Eilish, temos a sensação de um tom totalmente diferente. Não quer dizer que seja melhor ou pior. Faz sentido mudar/modernizar, especialmente porque Nic Pizzolatto não é o manda-chuva da temporada. Antes do sexto episódio terei uma opinião formada. Até lá, vale curtir a música aí.