O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: o review a seguir possui MUITOS spoilers envolvendo as HQ’s e deverá ser apreciado com moderação:
Muito foi falado sobre o “mistério” da sexta temporada de The Walking Dead. Enquanto parte da crítica apontou pontos negativos, os fãs estavam praticamente roendo as unhas para descobrir a verdade sobre a “morte” de Glenn. A série certamente quis deixar um suspense no ar, mas daí a dizer que foi o principal segredo do sexto ano é um exagero e desmerece todos os fatos narrados até então. Na minha opinião, mistério é saber quem atirou em Daryl, Sasha e Abraham no episódio anterior…
“Heads Up” começa com a tela escura e um flashback com a voz de Nicholas dizendo “thank you”. Foi o suficiente para os telespectadores abandonarem seus celulares e se concentrarem completamente no começo do episódio, que não enrolou e revelou logo que Glenn sobreviveu porque caiu debaixo do corpo do trágico suicida. Pode parecer meio bobo e forçado, claro, mas foi isso que aconteceu e parece aceitável, considerando que o desfecho do arco de histórias de Glenn esteja realmente próximo do fim. Antes disso acontecer poderemos assistir a um desenvolvimento maior na relação entre ele, Maggie e Enid, como se fossem uma família. Tudo para humanizar o personagem ainda mais e tornar a sua perda quase insuportável.
Glenn é um dos principais personagens de The Walking Dead e era certo que não morreria de uma maneira tão simples e pouco dramática. No entanto, é fundamental para a narrativa criar esse momento de tensão envolvendo Glenn e fazer o primeiro teste para medir a reação do público quando a morte for definitiva. A “sobrevivência” desse herói nos faz acreditar que todos vencemos os obstáculos e que tudo ficará bem, o que tornará o season finale extremamente doloroso para os fãs que não acompanham as HQ’s e desconhecem quem é Negan e o que ele significa em The Walking Dead.
(E eu me odeio profundamente por não ter escapado desse spoiler das HQ’s e não estar na mesma vibe)
Aliás, também não escapei de saber que o Carlinhos pode virar um pirata juvenil com tapa-olho, afinal temos Ron ficando cada vez mais puto da vida com a mãe dando uns pegas no assassino de seu pai e por perder a namorada para o filho do cara. Nos minutos finais do episódio, Ron está armado e caminhando atrás de Carl. Isso garante uma dose extra de ansiedade para o midseason finale mais épico de todos os tempos em The Walking Dead com direito a muitas mortes, membros decepados e a certeza de que Game of Thrones ensinou muita coisa para os produtores de TWD.
O episódio 7 trouxe um pequeno confronto de ideais entre Morgan e Rick, já que a decisão do primeiro em não matar os Wolves invasores quase resultou na morte do segundo. Nesse momento podemos perceber o planejamento perfeito da atual temporada e até gostar mais daquele capítulo lento que é todo centrado na história de Morgan, pois foi graças às informações prévias que nós entendemos (concordando ou não) a decisão do cara em acreditar que todas as vidas podem ser preservadas. Até que ponto Morgan conseguirá atender às necessidades do grupo de Rick para garantir a sobrevivência?
Outro detalhe sutil é o desprezo de Rick pelo padre Gabriel. Quase chega a dar pena, mas revela que Rick é incapaz de perdoar alguém facilmente. Curiosamente, depois da cagada de Spencer bancando o Philippe Petit dos pobres, Rick demonstra autocontrole para não arrebentar a cara do sujeito e paga um pau fodido para Tara, que responde de uma maneira genial mandando o líder tomar naquele lugar.
O encerramento de “Heads Up” é digno de nota. Ao mesmo tempo que ele cria esperança nos personagens com aqueles balões verdes sobrevoando o céu, ele arruina tudo em questão de segundos quando a torre desaba e quebra os muros que protegem Alexandria dos walkers que cercam o lugar.
Arrepiante.