O Cinema de Buteco recebe orgulhosamente o crítico Geraldo de Fraga, do site Toca o Terror, para fazer um resumo completo de tudo que aconteceu na décima temporada de Arquivo X. Confira:
Ficou claro que essa décima temporada de Arquivo X tinha os objetivos de saber se a série ainda mantinha fãs suficientes e se poderia arrendar uma nova audiência. Isso fica explícito ainda mais, quando observamos que foram feitos apenas seis episódios. Era como um teste. E que deu certo. De acordo com a FOX, só os dois primeiros episódios somaram mais de 50 milhões de espectadores ao redor do mundo e o programa deve ser renovado.
Para que esse retorno desse certo era preciso que o criador Chris Carter trouxesse de volta toda a mitologia anterior, porém atualizada para o público jovem. Podemos fazer uma comparação rasa, mas que exemplifica bem. Sabe aquela gurizada que ouve rock, mas não curte as bandas antigas simplesmente porque são… antigas? Esse era mais ou menos o desafio. Mas como fazer isso, sem ofender os antigos fãs? Dando a eles, doses cavalares de nostalgia.
Arquivo X fez tudo isso. Mas, como toda ação tem uma reação, agradar gregos e troianos sempre é complicado. Vamos a um breve resumo dos seis capítulos.
s10e01 – “My Struggle”
Logo no primeiro episódio se dá a tão urgente atualização da trama e ela é feita de forma magistral e em um ritmo alucinante. Se você piscar os olhos durante os 45 minutos, pode perder algum detalhe importante. O, agora desleixado, Mulder (David Duchovny) e Scully (Gillian Anderson) são contatados por Tad O’Malley (Joel McHale), um apresentador de TV vidrado em teorias da conspiração. Segundo O’Malley, a “verdade lá fora”, que Mulder procurou a vida toda, é mais do que apenas OVNIS e homenzinhos verdes. Também já ficamos sabendo que William, filho dos dois que foi dado para adoção por segurança, será uma referência constante. Sem sombras de dúvida, a série ganha um retorno em alto nível.
s10e2 – “Founder’s Mutation”
Após um primeiro episódio arrebatador, o seu sucessor causa uma certa estranheza por não manter a continuidade. Com o Arquivo X devidamente aberto pelo diretor assistente Skinner (Mitch Pileggi), Mulder e Scully investigam uma ocorrência sem tanta relação com a conspiração alienígena: o suicídio de um cientista que acaba levando os dois até um caso de experiência com mutantes. Apesar da estranheza inicial, “Founder’s Mutation” tem um bom roteiro e é onde o espectador já começa a notar como a modernização dos efeitos especiais pode dar um upgrade na série.
s10e3 – “Mulder & Scully Meet the Were-Monster”
Episódio clássico de Monstro da Semana, com várias referências da mitologia da série e um humor non sense. Os fãs mais antigos vão adorar catar os detalhes do roteiro que leva nossos detetives até uma pequena cidade para investigar a aparição de um homem lagarto. Escrito por Darin Morgan, que já havia trabalhado em outros capítulos do período clássico, “Mulder & Scully Meet the Were-Monster” já entrou para o hall de melhores casos.
s10e4 – “Home Again”
Episódio completamente focado no terror, quando um homem gigantesco começa a agir como protetor de alguns sem tetos que são obrigados pela Prefeitura a se mudarem do bairro onde vivem. As cenas de ataque mostram uma violência que não tinha sido vista até então. Porém, o caso é usado como metáfora para relacionamentos familiares, o que deixa a história meio confusa. Um detalhe é que quem participa desse episódio é Tim Armstrong, guitarrista e vocalista do Rancid.
s10e5 – “Babylon”
Lembram do lance de atualizar a trama? Pois bem, chega a vez da ameaça terrorista ser tema de um capítulo. Após a explosão de dois homens bombas em um shopping center do Texas, dois jovens agentes do FBI pedem a ajuda de Mulder e Scully para entrar em contato com um dos criminosos, que se encontra em coma, e assim descobrir o paradeiro dos seus comparsas. Apesar do clima sério, o humor também dá as caras no roteiro (escrito pelo próprio Chris Carter) e deixa a sensação de que algo ficou fora do lugar. O capítulo mais fraco dessa temporada, com certeza.
s10e6 – “My Struggle II”
Como o nome indica, temos aqui o retorno dos fatos iniciados no primeiro episódio. Tad O’Malley está de volta, alardeando em seu programa que uma epidemia de proporções mundiais entrará em curso para dizimar a população da terra. Logo após o alerta, os hospitais começam a lotar de pessoas apresentando sintomas de diversas infecções. Cabe a Mulder e Scully, juntos aos jovens agentes apresentados no episódio anterior, correr contra o tempo para salvar a vida de todos, assim como a deles próprios. Tudo isso somado à aparição de um vilão clássico.
A season finale foi Arquivo X ao extremo no quesito: várias perguntas ficaram no ar para uma nova temporada. Só que o problema foi a proporção que a história tomou. Se nos anos dourados, a série tinha um argumento de bastidores e segredos que nunca poderiam vir a tona, dessa vez a escalada foi demais. Tudo ficou muito maior e exposto nessa fase do programa e isso pode descambar para algo mais próximo da aventura, do que aquele tradicional clima de mistério. O porão de Mulder foi parar na varanda e o poster do “I Want to Believe” foi colocado em um outdoor. Resta saber como os produtores vão trabalhar em cima desse novo argumento e torcer para que eles saibam o que fazer.
O fato é que queremos sim, mais Fox e Dana.