O spin-of de The Walking Dead já provou o seu valor há muito tempo. Mesmo começando aos trancos e barrancos com uma primeira temporada razoável e passando por altos e baixos nesse segundo ano, Fear the Walking Dead há muito se mostrou um entretenimento de primeira, especialmente no que diz respeito aos seus personagens.
Na falta de protagonistas carismáticos como aqueles do show original, aprendemos aos poucos a amar Nick, Chris, Alicia, Madison etc por seus defeitos e falhas de caráter. Não digo que amo o Travis porque ele se tornou o cara mais chato da série e torço por sua morte num futuro próximo. Esses novos rostos cheios de questões e conflitos prendem a nossa atenção e surpreendem os telespectadores, como aconteceu em “Do Not Disturb”.
Existem dois arcos de histórias principais: o primeiro envolve Alicia encontrando os sobreviventes do hotel e descobrindo toda a treta que rolou lá antes do “fim do mundo”. É meio sacal e sem graça nenhuma, como tudo que envolve Alicia. E ainda há um problema sério envolvendo Madison e Strand, que aparentemente aparataram em uma situação semelhante ao que rolou com Glen na temporada passada de The Walking Dead. No entanto, convenhamos que assistir essas séries envolve um pacto velado do público em ignorar absurdos no roteiro… Se aceitamos até hoje, dificilmente podemos acreditar que algo mudará no futuro…
Quanto ao segundo arco, infinitamente mais interessante, reencontramos com Chris e Travis. A jornada de pai e filho cruza com a vida de outros sobreviventes e Travis descobre que talvez seja tarde demais para mudar o que está “estragado” no seu filho. O garoto se tornou perigoso, impulsivo e frio. Sem falar que ainda guarda rancor em relação à Madison e Alicia. Engraçado que durante muitas edições do Walking Cast discutimos sobre o potencial romance de Chris e Alicia, mas agora parece que estamos prestes a ver o adolescente se tornando um grande vilão.
E são esses detalhes que tornam Fear tão interessante. O dilema dos personagens é bem superior e mais profundo do que tudo visto na série principal. Desta vez não existem apenas “heróis”, como é o caso de Rick e Daryl. Nossos protagonistas são pessoas comuns e capazes de qualquer coisa nesse momento traumático em que o fim do mundo os deixa cada vez mais oprimidos e em situações de risco.