Se tem algo que me assusta de verdade em Black Mirror é que o futuro representado na série está mais presente do que imaginamos. Diferente dos filmes, séries e livros do gênero, Black Mirror é uma ficção científica baseada na realidade!
Depois de um retorno triunfal em que somos apresentados a um mundo em que somos julgados de acordo com nossas avaliações, o segundo episódio da terceira temporada nos apresenta o universo dos games e o quanto tudo isso vai ficar cada vez mais real. Dirigido por Dan Trachtenberg e escrito por Charlie Brooker, Playtest nos apresenta Cooper (Wyatt Russell), um viajante americano que está rodando o mundo em busca de novas aventuras, experiências e conhecendo novas pessoas com o objetivo de acumular memórias enquanto podia, já que carregava em seu DNA uma tendência para a doença de Alzheimer. E em poucos minutos, vemos o protagonista utilizando inúmeras tecnologias já disponíveis: compartilha sua viagem pelas redes sociais, dá um match com uma garota em um bar e encontra uma oportunidade de emprego temporário via aplicativo.
A vaga de emprego era para se submeter a testes em uma das maiores empresas de games do mundo, que estava criando uma ferramenta totalmente inovadora, criando experiências personalizadas para cada jogador. E se você acha que isso está longe de acontecer, basta olhar ao seu redor para ver a evolução da realidade virtual, os gadgets criados para deixar a sua experiência cada vez mais real e roteiros cada vez mais complexos. O mercado dos games é a prova viva de que o ser humano deseja viver novas realidades e se possível, mixar o universo real com o universo desejado, como já vemos em Pokémon Go e as salas Escape.
O que começa como um episódio divertido passa rapidamente para um terror psicológico repleto de referências aos games. E se você achou que o episódio fala mesmo de videogame, é melhor assistir novamente. Playtest é sobre o quanto o seu cérebro pode ser moldado e que a verdade é uma questão de manipulação. Afinal, somos monitorados o tempo todo, sendo vendidos para as empresas em forma de números e dados, recebendo propaganda personalizada de acordo com o nosso perfil de comportamento na internet.
Com um pai morto pelo mal de Alzheimer, Cooper tinha um grande medo de ser traído pelo próprio cérebro, mas nunca imaginou que isso aconteceria de uma forma tão inusitada. O jogo que o protagonista é convidado para testar um jogo de terror que se personaliza de acordo com os seus medos, e o de Cooper, é claro, seria o esquecimento. O capítulo é incrível e mais real do que imaginamos! Os óculos de realidade virtual já estão sendo vendidos, trazendo maior imersão e também causando acidentes.
Se você gosta dessa temática, recomendo também a leitura de Jogador Número 01, que está sendo adaptado por Steven Spielberg e será lançado em 2017 nos cinemas! Confira nossa resenha aqui.