O Tullio Dias assistiu “From the Ashes of Tragedy”, primeiro episódio de American Crime Story, e conta para os leitores do Cinema de Buteco tudo nesse review. Acompanhe:
(Uma das primeiras coisas a serem ditas é um pedido de desculpas para o caso do texto confundir o título de American Crime Story com American Horror Story. Não apenas pela minha idade avançada e as caipirinhas que tomei mais cedo, ou pela semelhança entre os nomes, mas sim pela presença de Ryan Murphy como o grande responsável pelos dois projetos.)
Brincadeiras a parte, que grande estreia! Ryan Murphy comprova o seu talento e sua fama como um dos grandes produtores de conteúdo na televisão norte-americana. Se dividiu opiniões com Scream Queens, acertou em cheio com Glee e conquista fãs a cada nova temporada de American Horror Story, agora é a vez de entrar no mundo dos grandes crimes que chocaram o mundo e contar a sua versão do famoso julgamento de O.J. Simpson.
Em “From the Ashes of Tragedy”, cuja direção é do próprio Murphy, somos apresentados aos personagens principais e também para o crime que servirá como base para toda a temporada. Não apenas a caracterização dos atores ficou muito interessante (ainda que a maquiagem de John Travolta incomode um pouco), como a construção de cada personagem foi bastante eficiente para um episódio de estreia.
Mais do que apresentar os nossos protagonistas, o episódio de estreia contextualiza outros fatores essenciais para o desenvolvimento da trama. Tudo acontece durante um período em que o racismo estava em alta e os conflitos contra a polícia de Los Angeles eram frequentes. Ou seja, semana passada… Outros detalhes importantes abordados imediatamente são outros temas polêmicos (e bastante atuais) como sexismo, manipulação da mídia, relacionamentos abusivos e dinheiro.
Cuba Gooding Jr. deixa de lado o seu passado cheio de escolhas profissionais equivocadas para buscar a sua redenção em uma atuação segura e convincente, como quando nos conquistou em Jerry Maguire. Seu O.J. é um homem controlador e impulsivo, que se esconde por trás de uma faceta familiar aparentemente pacífica. O trabalho do ator impressiona justamente por já nos convencer logo de cara que estamos lidando com uma pessoa ambígua e que pode nos surpreender a qualquer momento. E se American Crime Story pode significar redenção para Gooding Jr., John Travolta é outro que pode se beneficiar muito da produção. Na pele do advogado Robert Shapiro, é bem provável que Travolta apresente seu melhor desempenho em anos…
Em tempos de várias séries abordando julgamentos polêmicos, como o caso da sensacional Making a Murderer, a empreitada de Ryan Murphy aparece como uma nova opção investindo no formato romanceado, ao contrário da série documental do Netflix. Quem ganha é o telespectador.