ESTÁ CHEGANDO A HORA DE CONHECERMOS OS VENCEDORES DO OSCAR 2015. Na minha humilde opinião, estamos diante uma das cerimônias mais medíocres dos últimos anos. Não apenas pela ausência de produções importantes como Interestelar e Garota Exemplar, mas pela sensação de que foram poucos os filmes realmente marcantes que receberam uma indicação ao prêmio. As exceções são Whiplash, que corre por fora, e Birdman (Ou a Inesperada Virtude da Ignorância) e Boyhood.
O Oscar é considerado como um grande termômetro de qualidade do cinema norte-americano, mas sabemos que não é bem assim. Quando questões políticas passam a interferir demais, sem deixar de falar em dinheiro, os interesses se tornam cinzentos demais para medirmos se as produções estão lá por merecimento ou não. Comparado com 2014, a cerimônia da Academia neste ano vai deixar muita gente chateada e deprimida. Fica a expectativa para um ano melhor do cinema na temporada 2015/2016.
Meus palpites (pessoais, não voto com a razão e sim com o coração – independente de saber que isso me faz perder todos os bolões que participo) para o Oscar 2015 são esses:
Melhor Filme: Whiplash
Sim. O prêmio está entre Birdman e Boyhood. As chances de Whiplash levar o prêmio são equivalentes às possibilidades do Brasil devolver os 7 a 1 para a Alemanha. No entanto, o longa-metragem sobre o baterista em ascensão sendo oprimido por um professor violento é a melhor coisa a que assisti em 2015 e tenho vontade de rir quando observo os outros concorrentes. Mesmo com toda a genialidade técnica de Birdman e Boyhood, as duas obras enfrentam a concorrência de um filme sobre o mundo da música. Para um cara como eu, que toca em banda há anos, desperta um lado emocional muito forte e torna a identificação imediata. Um verdadeiro caso de amor à primeira vista. No entanto, vamos lá, independente de Birdman ou Boyhood, o Oscar de Melhor Filme estará em boas mãos.
Melhor Diretor: Richard Linklater – Boyhood
Sem pestanejar: não sei quem foi o idiota que achou por bem indicar o Mortem Tyldum (quem? – e não me venham falar dos outros trabalhos do sujeito: ele simplesmente não merecia estar aqui) e deixar de fora David Fincher por seu trabalho em Garota Exemplar. Na verdade, Fincher também poderia entrar no lugar de Bennett Miller ou Wes Anderson. Como o mundo não é conhecido por ser um canto muito justo, meu favorito ficou de fora e tenho que declarar voto para Richard Linklater e sua ousadia em demorar 12 anos para finalizar um longa-metragem. Fica a dica para certos cineastas brasileiros que estão há 20 anos tentando concluir um filme aí…
Melhor Atriz: Rosamund Pike – Garota Exemplar
Se Garota Exemplar foi a obra mais injustiçada do Oscar, preciso dedicar meu voto de Melhor Atriz para a bonita Rosamund Pike. Surpreendente e com uma atuação bem melhor que a de suas concorrentes, ela mostra para os cinéfilos que é bem mais que um rostinho bonito. De qualquer maneira, Julianne Moore (pelo conjunto da obra) e Reese Whiterspoon por mostrar seu lado legalmente selvagem também seriam opções satisfatórias.
Melhor Ator: Bradley Cooper – Sniper Americano
Existem diversos comentários que cismam em pintar uma mensagem alternativa no longa-metragem de Clint Eastwood. Outros esquecem que, gostando ou não, homens que vão para a guerra estão cumprindo o seu trabalho com a nação. Não são pagos para pensarem se estão fazendo o certo ou o errado. Precisam simplesmente puxar o gatilho, eliminar inimigos e evitar baixas. Dito isso, o herói vivido por Bradley Cooper em Sniper Americano é uma das atuações mais marcantes da temporada. Pelo conjunto da obra e com tantas indicações consecutivas, acho que talvez seja o momento de Cooper. No entanto, não ficaria chateado se Michael Keaton vencesse o prêmio. Eddie Redmayne realmente faz um bom trabalho, mas não sou a Academia para me comover.
Melhor Atriz Coadjuvante: Patricia Arquette – Boyhood
Keira Knightley, favorita dos leitores do Cinema de Buteco, poderia ser uma boa surpresa. Laura Dern interpreta uma personagem com a principal função narrativa de tentar emocionar o público. Meryl Streep é Meryl Streep. Emma Stone é linda e jovem, se continuar nesse ritmo, em breve vence seu primeiro Oscar. Sobrou a Patricia Arquette, que além de linda e loira, é a figura feminina principal do lindo Boyhood.
Melhor Ator Coadjuvante: J.K. Simmons – Whiplash
Se Simmons não levar o careca dourado para a sua casa, eu iniciarei um movimento no Twitter convocando os fãs do ator a rasparem a cabeça. Claro que eu não participarei, gosto do meu cabelo, mas seria engraçado. Ou não. Fato é que essa é a categoria mais óbvia da noite e tenho pena dos outros candidatos que sequer me lembro quais são tamanha a certeza de que ninguém tira o Oscar de J.K. Simmons.
Roteiro Original: Birdman
O roteiro de Birdman está bem longe de ser algo 100% original. Até Van Damme já produziu uma obra sobre um ator decadente buscando se encontrar enquanto faz diversas críticas à indústria. Só que era o Van Damme, né? Mais fácil alguém dar moral para o Nicolas Cage do que para o belga baixinho fã da Gretchen. Seja como for, Birdman é um candidato forte e que cumpre bem o seu papel de ridicularizar o ego dos atores e mostrar que no mundo das artes, o que importa mais é o número da fonte do seu nome no cartaz da produção. Quanto mais destaque, melhor.
Roteiro Adaptado: Gillian Flynn, Garota Exemplar
Fuck the police. A Academia quis ignorar Christopher Nolan e David Fincher? Problema dela, no Cinema de Buteco não aceitamos esse tipo de injustiça. Garota Exemplar poderia ficar de fora da categoria de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, mas a demonstração de cegueira crônica para esnobar a obra nas categorias de Trilha Sonora, Montagem e especialmente Roteiro Adaptado me deixou com muita azia. De parar no hospital e tudo. O que Fincher e sua equipe fizeram com o livro de Gillian Flynn foi mágico e merecia reconhecimento.
De qualquer forma, ficarei feliz de ver Whiplash levando na categoria.