the white lotus 3 season

The White Lotus Chega à 3ª Temporada: Ainda Brilhante ou Já Está Se Repetindo?

A série premiada retorna, mas será que sua fórmula já cansou?

Quando The White Lotus estreou em 2021, trouxe um sopro de ar fresco à TV: sátira social afiada, personagens insuportáveis e um mistério de assassinato embalado em um paraíso tropical. Criada por Mike White, a série da HBO rapidamente se tornou um fenômeno – um reflexo do momento em que o mundo estava trancado, sonhando com qualquer viagem que não envolvesse apenas o trajeto da sala para a cozinha.

Agora, com a 3ª temporada ambientada na Tailândia, a pergunta que fica é: será que a série ainda tem gás ou já está repetindo o próprio roteiro?


O Sucesso de “The White Lotus” e as Temporadas Anteriores

A série começou como uma produção limitada, mas após o sucesso estrondoso da primeira temporada, a HBO transformou The White Lotus em uma antologia.

  • Temporada 1 (2021) – Havaí: Ricaços insuportáveis presos em um resort de luxo, brigando sobre privilégios enquanto um mistério de assassinato se desenrola. Criou alguns dos personagens mais odiáveis (e amados) da TV recente e ainda nos deu Jennifer Coolidge como Tanya, um ícone instantâneo.
  • Temporada 2 (2022) – Sicília: Sai o debate sobre privilégios e entra a discussão sobre sexo, traições e relações de poder. Com um elenco renovado e um enredo ainda mais picante, a segunda temporada conseguiu manter o frescor, mesmo reciclando a mesma estrutura narrativa.

Agora, a 3ª temporada leva o drama para a Tailândia, trazendo novos personagens, mais um mistério mortal e, claro, um monte de gente rica sem noção para rirmos (ou chorarmos).


A Mesma Fórmula, Novos Cenários

A nova temporada traz um elenco estelar, incluindo Aimee Lou Wood, Charlotte Le Bon e Patrick Schwarzenegger (sim, filho do Arnold). Entre os hóspedes, temos:

  • Uma atriz decadente e suas duas amigas de infância, com farpas mais afiadas do que as cobras da Tailândia.
  • Um misantropo e sua namorada otimista, porque toda temporada precisa de um casal à beira de um colapso.
  • Uma família rica do sul dos EUA, cujo patriarca (Jason Isaacs) tenta esconder negócios escusos do passado.
  • E, claro, Patrick Schwarzenegger como Saxon, um jovem magnata cujo lema de vida é “Transar é ganhar” – um verdadeiro poeta da era moderna.

Se parece familiar, é porque é a mesma receita das temporadas anteriores: hóspedes ricos, funcionários à margem, um crime misterioso e muitas discussões sobre poder e privilégio. A diferença agora é o foco em religião e espiritualidade, explorando desde o budismo até a hipocrisia de milionários cristãos e gurus de bem-estar que parecem saídos de um podcast duvidoso.


O Efeito Pandemia Ainda Está Presente

Mesmo sem mencionar a pandemia, The White Lotus ainda carrega aquela sensação de confinamento. Os personagens estão presos em um resort de luxo, onde, como em um reality show, são forçados a interagir além do que seria saudável. A série mantém o formato que a consagrou, alternando entre núcleos e costurando conflitos enquanto a morte espreita em algum canto da ilha.

Mas o problema é que a repetição começa a pesar. Diálogos sobre celulares, pílulas para ansiedade e até um liquidificador barulhento reforçam a sensação de que a trama anda em círculos. Para preencher tempo, a série abusa de cenas contemplativas com macacos e estátuas, um truque que funcionava antes, mas agora parece um enfeite sem propósito.


A Viagem Ainda Vale a Pena?

A segunda metade da temporada melhora, trazendo algumas reviravoltas inesperadas e momentos provocantes. O elenco entrega atuações afiadas, e a crítica social ainda tem seus momentos brilhantes. Mas a verdade é que a série já não parece tão inovadora quanto antes.

Se antes The White Lotus era uma experiência imersiva e ácida sobre os excessos da elite, agora começa a dar sinais de que talvez seja hora de repensar o formato. Ainda vale assistir? Sim. Mas é melhor Mike White planejar uma renovação antes que a série vire exatamente aquilo que satiriza – um resort luxuoso onde todo mundo já está entediado, mas continua voltando porque não tem opção melhor.