Você já se perguntou como seria assistir a um filme de terror onde o fantasma tem mais crise existencial do que a família disfuncional que ele persegue?
Pois Steven Soderbergh, sempre inquieto, resolveu responder essa pergunta que ninguém fez em Presence. Com uma câmera em primeira pessoa que mais parece um drone melancólico e sustos que fariam o Gasparzinho pedir reembolso, o diretor tenta transformar uma história de casa mal-assombrada em um ensaio sobre culpa, depressão e decisões fiscais questionáveis. Spoiler: nem sempre dá certo.
️ Sobre o que é Presença?
Se você ainda não ouviu falar de Presence, bem-vindo ao clube dos vivos. O novo experimento sobrenatural de Steven Soderbergh — sim, o cara por trás de Onze Homens e Um Segredo e Magic Mike — tenta reinventar o gênero de casa mal-assombrada, mas tropeça feio na própria pretensão.
A trama acompanha uma família disfuncional que se muda para um casarão tão Pinterest-friendly que você até suspeita que o verdadeiro vilão seja o arquiteto. Mas, surpresa: quem narra a história é o fantasma da casa, uma “presença” silenciosa com gosto duvidoso pra lente fisheye e talento pra ser ignorada. Sabe aquele Poltergeist existencial que ninguém pediu? Pois é.
Para quem é esse filme?
Se você curte filmes tipo A Ghost Story ou Os Outros, com fantasmas que mais pensam do que assustam, talvez ache algo aqui. Mas se você espera sustos, tensão ou qualquer resquício de horror… vai se decepcionar mais que adolescente vendo filme da Marvel sem cena pós-crédito.
Quem está no elenco?
Lucy Liu lidera o elenco como uma mãe workaholic tão sensível quanto um chatbot. Chris Sullivan faz o marido-passivo que parece ter saído direto de um grupo de apoio pra coadjuvantes. Os filhos adolescentes são interpretados por Callina Liang (a sensível Chloe, com poderes de médium de filme B) e Eddy Maday (Tyler, o jock escroto).
Ah, e tem o “crush ameaçador” vivido por West Mulholland, que parece ter saído de um catálogo de atores pra remake de Sexta-Feira Muito Louca.
Vale a pena assistir?
A pergunta do milhão. Presence tenta ser um “terror elevado”, mas termina sendo só… entediado. A direção de Soderbergh, sempre inventiva, aqui parece uma aula de câmera experimental que fugiu do TikTok. O ponto de vista do espírito é curioso nos primeiros cinco minutos — depois, é como estar preso num vídeo de segurança que só grava momentos constrangedores da sua família.
Os sustos são do nível “livros flutuantes em câmera lenta” — falta só o som de Scooby-Doo de fundo. A médium que aparece poderia muito bem ser uma atendente de loja de cristais. E o suspense, bom… só se for o suspense de saber se você vai conseguir chegar até o fim sem checar o celular.
No fim das contas, Presence é como aquele amigo que promete um drama intenso e entrega só monólogo com fundo instrumental. Um filme que acredita estar fazendo arte, quando na verdade está te pedindo paciência — e talvez um energético. Vale ver se você ama o Soderbergh a ponto de perdoar tudo. Caso contrário, vá rever Hereditário com as luzes apagadas.