Final explicado A SUBSTÂNCIA

Final Explicado: O que acontece no final de A Substância?

Se você chegou ao final de A Substância e ainda conseguiu dormir à noite, parabéns! O filme de Coralie Fargeat é uma viagem visceral e sangrenta que nos leva a refletir sobre a juventude e o valor da mulher em uma sociedade obcecada pela aparência. É Demi Moore, Margaret Qualley, mutações bizarras e litros de sangue — basicamente o que aconteceria se Black Mirror e Carrie, A Estranha tivessem um filho mutante. Vamos lá, tentar entender o que tudo isso significa.

Sinopse: A Substância acompanha Elisabeth Sparkle (Demi Moore), uma estrela de TV que, ao ser rejeitada por estar “velha demais” no seu 50º aniversário, decide experimentar um tratamento sinistro para gerar uma versão mais jovem de si mesma, chamada Sue (Margaret Qualley). No começo, tudo parece uma oportunidade brilhante para retomar sua fama, até que as coisas começam a degringolar – literalmente. A juventude vem com um custo: Sue precisa consumir fluido da coluna de Elisabeth para sobreviver, e quando a coisa desanda, ambas precisam lutar pela própria existência.

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O que acontece no final de A Substância?

O clímax do filme se passa na véspera de Ano Novo. Sue, a versão mais jovem e “melhorada” de Elisabeth, está desmoronando – seus dentes estão caindo, suas orelhas sangrando, e, olha, nem Botox salva essa situação. Desesperada, Sue injeta o resto da substância ilegal original, que foi explicitamente descrita como “uso único”. Só que em vez de se rejuvenecer, Sue acaba se transformando em um monstro: uma massa grotesca de carne, dentes, olhos aleatórios e partes do corpo, chamada de “Monstro Elisasue”.

É aqui que as coisas ficam realmente surreais: Elisasue se dirige ao estúdio para apresentar o show de Ano Novo usando uma máscara da própria Elisabeth Sparkle. Quando se revela ao público, a reação não é exatamente a recepção calorosa que ela esperava. O público fica horrorizado e a ataca, gritando “aberração”. Como num espetáculo sangrento de humor ácido, pedaços do monstro são arrancados enquanto ela se regenera de forma absurda, tudo ao som épico de Assim Falou Zaratustra de Richard Strauss (sim, Fargeat adora uma referência Kubrickiana).

Enquanto a plateia tenta literalmente despedaçar Elisasue, o sangue jorra como uma cachoeira cômica – um verdadeiro banho de Carrie 2.0. Quando a cabeça de Sue explode, ela se regenera em outra forma e, por fim, sai do estúdio cambaleando, só para se dissolver em uma pilha de carne que deixa apenas o rosto de Elisabeth reanimado.

Cena Final: A Desintegração da Fama

O filme termina de forma poética – e grotesca – com Elisabeth retornando ao local de sua estrela na Calçada da Fama de Hollywood, a mesma que vimos no começo do filme, brilhante e reluzente, até ser abandonada e manchada de ketchup. Agora, o rosto sangrento de Elisabeth se arrasta até sua estrela, onde ela evapora lentamente, até ser varrida por um faxineiro, desaparecendo na calçada.

Essa cena final representa a crítica de Fargeat ao culto da juventude e à pressão exercida sobre as mulheres para manterem sua aparência jovem e desejável. Elisabeth, uma vez uma estrela reluzente, é agora apenas uma memória desvanecida, varrida como qualquer outra coisa descartável. A metáfora aqui é clara: o valor das mulheres é muitas vezes limitado ao seu apelo juvenil, e quando não conseguem mais se encaixar nesse molde, tornam-se “invisíveis” ou dignas de repulsa.

A Mensagem por Trás do Horror

O verdadeiro horror de A Substância não é o gore explícito, mas o que ele representa. Elisabeth e Sue são duas faces da mesma moeda, ambas aprisionadas em corpos que não podem sustentar a pressão social imposta sobre elas. Ao fim, Sue se torna um monstro grotesco, mas finalmente consegue abraçar sua verdadeira identidade. Em meio a um cenário de sangue e horror, ela grita “Sou eu!”, pedindo aceitação em um mundo que só valoriza a beleza exterior.

No final, o filme lembra que não importa o que façamos para manter a juventude ou cumprir os padrões de beleza da sociedade – todos nós acabamos varridos, descartados e esquecidos. Essa é a versão mais distorcida possível do ciclo da vida: você nasce, vive, cria uma versão aterrorizante e egoísta de si mesmo através de uma droga ilegal, e então morre – um círculo que Elisabeth está desesperada para quebrar, mas que a sociedade insiste em manter.