Ah, Hollywood… A indústria que muda para continuar a mesma. O 97º Oscar coroou Anora como o grande vencedor da noite, e junto com ele, Sean Baker virou o Walt Disney do cinema independente, embolsando QUATRO prêmios de uma só vez. Mikey Madison, a nova queridinha da Academia, levou para casa a estatueta de Melhor Atriz, provando que, se você quer ganhar um Oscar, interpretar uma prostituta é quase uma garantia de vitória.
O Clube das Profissionais da Noite Premiado pela Academia
Se a história do cinema fosse uma profissão, seria a mais antiga do mundo. De Elizabeth Taylor (BUtterfield 8, 1960) a Jane Fonda (Klute, 1971), passando por Julia Roberts (Pretty Woman, 1990) e Emma Stone (Poor Things, 2023), Hollywood ama premiar mulheres que ganham a vida entre lençóis – ficticiamente, claro. Agora foi a vez de Madison entrar para esse seleto hall da fama das trabalhadoras da noite oscarizadas.
Mas Anora não é um conto de fadas açucarado como Pretty Woman. Muito pelo contrário. O filme de Baker, que parece ter sido rodado com o orçamento de um café de Duna: Parte 2, segue Ani (Madison), uma stripper de Nova York que casa com um riquinho russo problemático, interpretado por Mark Eydelshteyn. Em vez de romance, o filme entrega uma jornada caótica que mistura comédia, tragédia e crítica social, num estilo que só Baker consegue fazer funcionar.
A Vitória de Sean Baker: Gênio ou Golpe de Sorte?
Sean Baker, o rei do cinema indie realista, agora tem tanto Oscar quanto Walt Disney – mas ao contrário de Mickey Mouse, os personagens dele geralmente vivem no submundo da sociedade. Anora não só deu a ele Melhor Direção, Roteiro, Edição e Produção, como consolidou de vez sua fórmula: filmes baratos, elencos pouco conhecidos e uma dose generosa de caos.
E tem mais: Baker se tornou o PRIMEIRO cineasta da história a ganhar os Oscars de Melhor Filme, Direção, Roteiro e Montagem pelo mesmo longa. Nem Spielberg, nem Scorsese, nem os irmãos Coen – ninguém tinha conseguido essa façanha. E ele fez isso com um orçamento de seis milhões de dólares. Isso é praticamente dinheiro de pão na indústria.
Baker já tinha provado seu talento com Tangerine (2015) e The Florida Project (2017), mas Anora foi sua cartada mais ambiciosa. E funcionou. A Academia AMA um underdog. Nada grita “cinema de verdade” mais alto do que um diretor independente derrotando franquias bilionárias.
Mikey Madison: De “Quem?” para “Oscar Winner” (E Derrubando Demi Moore e Fernanda Torres No Processo)
Se antes da premiação você mencionasse o nome Mikey Madison em uma roda de conversa, 90% das pessoas perguntariam “quem?” e os outros 10% diriam “ah, a menina de Pânico!” Mas agora, com um Oscar na mão, Madison se junta ao time das queridinhas do momento.
E não foi uma vitória qualquer – foi uma zebra monumental. No mesmo páreo estavam Demi Moore, ressurgindo das cinzas em The Substance, e Fernanda Torres, brilhando no drama brasileiro Ainda Estou Aqui. Ambas eram favoritas: Moore por sua atuação visceral e metafórica sobre o envelhecimento em Hollywood, Torres por uma performance carregada de emoção e história. E ainda assim, Madison saiu com a estatueta.
Foi um choque daqueles que fazem a plateia do Dolby Theatre soltar aquele “Oooooh” coletivo. Para alguns, um sinal de renovação. Para outros, um “como assim Demi Moore NÃO ganhou?!”. Se o Oscar de Madison será lembrado como um triunfo ou um erro histórico, só o tempo dirá.
A Academia Acertou ou Fez Merda?
Eis a questão de um milhão de dólares – ou, no caso de Hollywood, um milhão de dólares e um contrato com a Marvel. Anora teve uma noite histórica, mas será que realmente merecia tudo isso?
Parte da crítica e do público aplaudiu a vitória como um triunfo do cinema independente. Afinal, é raro ver um filme pequeno superar produções gigantescas e cineastas consagrados. Por outro lado, houve quem argumentasse que a Academia foi longe demais, premiando um filme que, apesar de competente, talvez não fosse o melhor da temporada.
A surpresa de Madison vencer sobre Moore e Torres gerou reações mistas – alguns celebraram o frescor da escolha, enquanto outros questionaram se a Academia não caiu novamente no clichê de premiar personagens femininas que sofrem (de preferência vendendo seus corpos no processo).
No fim das contas, Anora não é só um filme sobre uma stripper e um herdeiro problemático – é um lembrete de que, no final, a indústria do cinema continua operando da mesma forma: vendendo histórias para nos fazer acreditar que alguma coisa mudou.
Mas ei, pelo menos dessa vez, foi um filme independente que deu o golpe. Ou será que foi o próprio Oscar que caiu nele?
Confira a lista completa dos vencedores do Oscar 2025:
Melhor Ator Coadjuvante
- Yura Borisov, por “Anora”
- Kieran Culkin, por “A Verdadeira Dor” (VENCEDOR)
- Edward Norton, por “Um Completo Desconhecido”
- Guy Pearce, por “O Brutalista”
- Jeremy Strong, por “O Aprendiz”
Melhor Animação
- “Flow” (VENCEDOR)
- “Divertida Mente 2“
- “Memórias de um Caracol”
- “Wallace e Gromit: A Vingança”
- “O Robô Selvagem”
Melhor Animação em Curta-Metragem
- “Beautiful Men”
- “In the Shadow of the Cypress” (VENCEDOR)
- “Magic Candies”
- “Wander to Wonder”
- “Yuck!”
Melhor Figurino
- “Um Completo Desconhecido”
- “Conclave“
- “Gladiador II”
- “Nosferatu”
- “Wicked” (VENCEDOR)
Melhor Roteiro Original
- “Anora” (VENCEDOR)
- “O Brutalista”
- “A Verdadeira Dor”
- “A Substância”
- “Setembro 5“
Melhor Roteiro Adaptado
- “Um Completo Desconhecido”
- “Conclave” (VENCEDOR)
- “Emilia Pérez”
- “Nickel Boys”
- “Sing Sing“
Melhor Cabelo e Maquiagem
- “Um Homem Diferente”
- “Emilia Pérez”
- “Nosferatu”
- “A Substância” (VENCEDOR)
- “Wicked”
Melhor Edição
- “Anora” (VENCEDOR)
- “O Brutalista”
- “Conclave”
- “Emilia Pérez”
- “Wicked”
Melhor Atriz Coadjuvante
- Monica Barbaro, por “Um Completo Desconhecido”
- Ariana Grande, por “Wicked”
- Felicity Jones, por “O Brutalista”
- Isabella Rossellini, por “Conclave”
- Zoe Saldaña, por “Emilia Pérez” (VENCEDORA)
Melhor Design de Produção
- “O Brutalista”
- “Conclave”
- “Duna: Parte 2”
- “Nosferatu”
- “Wicked” (VENCEDOR)
Melhor Canção Original
- “El Mal”, de “Emilia Pérez” (VENCEDOR)
- “The Journey”, de “The Six Triple Eight”
- “Like a Bird”, de “Sing Sing”
- “Mi Camino”, de “Emilia Pérez”
- “Never Too Late”, de “Elton John: Never Too Late”
Melhor Documentário de Curta-Metragem
- “Death By Numbers”
- “I am Ready, Warden”
- “Incident”
- “Instruments of a Beating Heart”
- “The Only Girl in the Orchestra” (VENCEDOR)
Melhor Documentário
- “Black Box Diaries”
- “No Other Land” (VENCEDOR)
- “Porcelain War”
- “Soundtrack to A Coup D’Etat”
- “Sugarcane”
Melhor Som
- “Um Completo Desconhecido”
- “Duna: Parte 2” (VENCEDOR)
- “Emilia Pérez”
- “Wicked”
- “O Robô Selvagem”
Melhores Efeitos Visuais
- “Alien: Romulus”
- “Better Man”
- “Duna: Parte 2” (VENCEDOR)
- “O Reino do Planeta dos Macacos”
- “Wicked”
Melhor Curta-Metragem em Live-Action
- “A Lien”
- “Anuja”
- “I’m Not a Robot” (VENCEDOR)
- “The Last Ranger”
- “The Man Who Could Not Remain Silent”
Melhor Fotografia
- “O Brutalista” (VENCEDOR)
- “Duna: Parte 2”
- “Emilia Pérez”
- “Maria”
- “Nosferatu”
Melhor Filme Internacional
- “Ainda Estou Aqui” (VENCEDOR)
- “A Garota da Agulha”
- “Emilia Pérez”
- “A Semente do Fruto Sagrado”
- “Flow”
Melhor Trilha Sonora Original
- “O Brutalista” (VENCEDOR)
- “Conclave”
- “Emilia Pérez”
- “Wicked”
- “Robô Selvagem”
Melhor Ator
- Adrien Brody, por “O Brutalista” (VENCEDOR)
- Timothée Chalamet, por “Um Completo Desconhecido”
- Colman Domingo, por “Sing Sing”
- Ralph Fiennes, por “Conclave”
- Sebastian Stan, por “O Aprendiz”
Melhor Direção
- Sean Baker por “Anora” (VENCEDOR)
- Brady Cobert por “O Brutalista”
- James Mangold por “Um Completo Desconhecido”
- Jacques Audiard por “Emilia Pérez”
- Coralie Fargeat por “A Substância”
Melhor Atriz
- Cynthia Erivo, por “Wicked”
- Karla Sofía Gascón, por Emilia Pérez
- Mikey Madison, por “Anora” (VENCEDORA)
- Demi Moore, por “A Substância”
- Fernanda Torres, por “Ainda Estou Aqui”
Melhor Filme
- “Anora” (VENCEDOR)
- “O Brutalista”
- “Um Completo Desconhecido”
- “Conclave“
- “Duna: Parte 2”
- “Emilia Pérez”
- “Ainda Estou Aqui“
- “Nickel Boys”
- “A Substância”
- “Wicked”