Top 10: Os Melhores Filmes de 2020.
66 FILMES CITADOS. No ano da pandemia, tivemos o cancelamento de lançamentos e festivais, e o fechamento de salas e de tudo o que estamos cansados de saber e viver. No entanto, o Cinema de Buteco decidiu mostrar que, em meio ao caos, o cinema foi por muitas vezes exatamente aquilo de que precisamos. Reunimos um honorável time de DEZ especialistas, entre integrantes da equipe e convidados, para atestar isso. O resultado é a lista que você conhecerá a seguir: Top 10: Os 10 melhores filmes de 2020.
A lista de 2020
Ainda que as continuações, grandes franquias e outras grifes cinematográficas dominem as salas, noticiários, telas e faturamento, as obras originais se sobressaem ano após ano em termos de qualidade. Por outro lado, a originalidade diz respeito a outros fatores além da definição, no roteiro, de que uma história está sendo contada pela primeira vez. Trata-se, na verdade, muito mais de como uma narrativa se conecta ao seu tempo.
Atualizar obras do passado e entender a qual contexto elas pertencem hoje é, sim, uma tarefa de originalidade. O melhor filme de 2020, eleito pelo Cinema de Buteco, deixa isso claro. Poucas histórias se conectam tanto com o nosso momento histórico quanto essa refilmagem que trata de assédio, opressão, relações abusivas e descrédito da vítima. Todos esses termos são, infelizmente, parte da realidade diária das mulheres. E, sendo mulher ou não, é fato que um terror com esse tema representa fielmente a realidade.
Novidade
Em 2021, o Cinema de Buteco lançará um e-book detalhado sobre os melhores filmes de 2020. Vamos mencionar muitos outros, além dos DEZ deste post. Acompanhe nosso site e redes sociais para adquirir o seu em breve!
OUÇA, também, o nosso podcast sobre os destaques do ano.
CONFIRA, AGORA, o Top 10: Os 10 melhores filmes de 2020.
10. Adoráveis Mulheres
“Só porque meus sonhos são diferentes dos seus, não significa que eles importam menos”, diz Meg (Emma Watson) a uma de suas irmãs. Um dos momentos mais potentes do longa-metragem revela que, embora dividam origens sociais, cada uma das personagens principais é singular e tem seus próprios desejos, afetos, objetivos e métodos – bem como todas as outras. Greta Gerwig resgata o romance de 1861 para contar as histórias (no plural) de mulheres atemporais.
É curioso, mas a primeira experiência da diretora numa produção de época é, também, a que mais fala do contemporâneo. Adoráveis Mulheres oferece, ao mesmo tempo, a sensibilidade de construir personagens tão complexas, e a habilidade de manter um ritmo tenso e envolvente ao longo de seus 135 minutos. Narrado em duas linhas temporais, o filme se destaca por sua montagem. Tecnicamente impecável, a produção ainda teve entrega máxima de seu elenco, com performances destacadas de Saoirse Ronan, Florence Pugh e Laura Dern. (Leonardo Lopes)
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9. Druk (Another Round)
Mads Mikkelsen estrela este drama com momentos absolutamente hilários sobre o valor e a importância da amizade, de aceitar as limitações e frustrações da realidade de uma vida adulta.
Com suavidade e sem pressa, Thomas Vinterberg apresenta uma narrativa que evolui aos poucos ao mostrar o que há de mais íntimo dentro dos seus protagonistas – e isso não necessariamente significa que seja algo bonito de se ver. E esse realismo pode fazer rir e chorar na mesma proporção. Filmaço. (Tullio Dias)
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8. O Caso Richard Jewell
Explorando novamente histórias de pessoas comuns, Clint Eastwood entrega O Caso Richard Jewell, um ótimo filme sobre manipulação de informações, mídia sem ética e erros numa investigação. Jewell (Paul Walter Hauser) é um segurança de eventos, que sonhava ser policial. Durante as festividades dos Jogos Olímpicos de Atlanta, salvou várias vidas ao descobrir uma bomba.
Num piscar de olhos, ele passa de herói nacional a vilão e principal suspeito pelo ato terrorista, graças a uma notícia mal apurada pela imprensa. Com a ajuda do advogado Watson Bryant (o excelente Sam Rockwell) e de sua mãe (premiada Kathy Bates), Jewell tenta provar a sua inocência e briga contra todo o sistema. (Maristela Bretas)
7. O Que Ficou Para Trás
Após acontecimentos traumáticos, um casal de refugiados sul-sudanês se muda para uma casa nova em Londres. Numa tentativa de recomeçar suas vidas, eles tentam esquecer o passado e se adaptar à nova realidade, mas a casa possui espíritos que passam a persegui-los.
O filme explora vários tipos de horrores: o horror da fuga imigratória, o horror da guerra civil, o horror do preconceito, o horror da adaptação e, finalmente, o horror espiritual. Diferente de outros filmes do gênero, aqui as personagens não se intimidam tanto com os fantasmas, pois já enfrentaram todos os horrores citados acima.
O roteiro de Remi Weekes é surpreendente, não apenas por emocionar. É interessante como os fantasmas representam também a reafirmação da cultura africana em um ambiente que tenta “matar” essa cultura. Os atores Sope Dirisu e Wunmi Mosaku estão excelentes. Destaque especial para as cenas que se passam no Sudão do Sul. (Marcelo Palermo)
6. Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre
Autumn (Sidney Flanigan) é uma adolescente de 17 anos, que mora na Pensilvânia e descobre que está grávida. Com a ajuda de Skylar (Talia Ryder), sua prima e também companheira de trabalho em um supermercado, elas vão juntas a Nova Iorque em busca de ajuda médica para interromper a gravidez indesejada.
Trata-se do terceiro filme da diretora Eliza Hittman, que demonstra uma habilidade gigantesca em retratar com realismo os anseios da adolescência. Outra característica é a abordagem de temas sensíveis de uma maneira muito crua – desta vez, o aborto. Aos poucos, entendemos como funciona a questão nos Estados Unidos, de leis diferentes por estado até o atendimento clínico. No entanto, o tema não é maior do que a protagonista. Autumn é o centro de tudo e a atriz novata Sidney Flanigan tem uma performance introspectiva, muito condizente com todas as experiências ruins que a personagem viveu.
Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre ganhou, em 2020, o grande prêmio do júri do Festival de Sundance e do Festival de Berlim. (Marcelo Palermo)
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Top 10: Os Melhores Filmes de 2020.
5. Soul
Mais uma vez, a Pixar Animation Studios proporcionou a grande terapia coletiva do ano.
Da infância à velhice, os seres humanos compartilham uma preocupação quanto ao que deixarão como legado. A ansiedade eventualmente dá lugar à frustração; afinal de contas, somos sete bilhões e a maioria de nós não ocupará as páginas dos livros de história no futuro. Viver uma vida comum é, de fato, o mais comum. Às vezes, é necessário saber que está tudo bem se for assim. Soul usa um artista frustrado e uma alma que ainda não conhece o mais simples que a vida tem a oferecer (duas belas personagens) para falar disso. É difícil passar por eles sem se identificar.
Como fez em Divertida Mente, alguns anos atrás, o diretor Pete Docter – ao lado de Kemp Powers – cria um universo inventivo e original para representar a (pré) existência humana, seus propósitos, perdas e aprendizados. Sem percorrer caminhos óbvios, oferece a mais universal das mensagens sobre a vida. (Leonardo Lopes)
4. O Som do Silêncio
Ruben (Riz Ahmed) é o baterista de uma banda de heavy metal, que divide com Lou (Olivia Cooke). Inesperadamente, ele começa a perder a audição, e isso vira a sua vida de cabeça pra baixo. O protagonista passa por um longo processo de negação e eventual aceitação, com momentos de raiva, desespero e felicidade. Darius Marder nos mostra, com bastante intensidade, o começo deste novo ciclo na vida do músico.
Assistir ao filme é como estar na pele de Rubem. Ouvimos loucamente quando ele está imerso na sua música; sentimos o seu desespero e raiva quando perde a audição e descobre que isso é irreversível; e vemos uma luz no fim do túnel com ele, nos momentos em que consegue encontrar a felicidade. Sem dúvida, uma experiência forte e comovente. (Dani Pacheco)
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3. Joias Brutas
Adam Sandler interpreta um vendedor de joias judeu viciado em apostas. E é o que você precisa saber sobre a sinopse. Os irmãos Benny e Josh Safdie repetem toda a dose de adrenalina vista em seu longa anterior, Bom Comportamento. É impressionante a capacidade que ambos têm de transmitir a insanidade das situações absurdas que seus personagens vivem de maneira realista e fluida no cinema. Não é para qualquer um.
Joias Brutas retrata uma sociedade viciada em dinheiro, tema sério que pode ser discutido e analisado de várias formas. Porém, é também e, principalmente, um filme de ação e entretenimento puro, como há muito tempo não se via. O grande destaque aqui vai para a impecável interpretação de Sandler. (Marcelo Palermo)
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2. Jojo Rabbit
Quando parecia que o cinema havia esgotado todas as formas de falar sobre a Segunda Guerra Mundial, surge o cineasta Taika Waititi com uma verdadeira joia chamada Jojo Rabbit. A obra combina todo o humor, sensibilidade e inocência necessários para se tornar imperdível. E inesquecível.
Jojo (o pequeno Roman Griffin Davis) é uma criança nazista. Seu grande sonho é virar guarda pessoal do fuhrer em pessoa. Então, como qualquer outro menino da sua idade, ele apela para a sua imaginação para conseguir realizar seu sonho. Apesar do diretor, desde o começo, deixar claro que sua história zela pela sátira do comportamento dos nazistas, o protagonista é uma vítima da propaganda. Ele acredita em todas as mentiras contadas pelos nazistas que tanto admira e, por isso mesmo, não questiona quando dizem que os judeus são monstros devoradores de almas. Sua admiração por Adolf Hitler é tamanha que ele passa até mesmo a imaginá-lo ao seu lado em vários momentos.
O roteiro é recheado de ironias e cria personagens fantásticos. Capaz de arrancar risadas e lágrimas, é um dos lançamentos favoritos do ano. Waititi consegue a proeza de transformar uma narrativa sobre a Segunda Guerra Mundial em algo engraçado através da perspectiva fantástica de uma criança tentando dar voz e rosto para sua carência afetiva. E isso é especial demais para a gente ignorar. Que filme. (Tullio Dias)
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1. O Homem Invisível
Dadas as devidas proporções – Leigh Whannell dirige um drama e um terror, simultaneamente -, o roteiro nos mostra todas as características de uma pessoa que é vítima de um relacionamento abusivo. Cecilia (Elisabeth Moss) se sente constantemente atormentada, com medo, insegura, incapaz e louca. Tudo isso alimenta o homem que a faz se sentir dessa forma, motivando-o cada vez mais. Mesmo com o apoio de amigos e familiares, existem aqueles que não acreditam no que ela diz (quando diz, pois muitas vítimas sofrem sozinhas) ou dizem que está exagerando.
Por isso, O Homem Invisível não é uma obra somente para fãs do gênero terror (sustos, ambientes escuros, trilha sonora arrepiante e objetos caindo, sem ninguém em volta, estão todos lá). O enredo em si é o que, de fato, importa. Importa porque o planeta está cheio de Adrians (Oliver Jackson-Cohen) e nem todos eles são punidos pelo que fazem. Aliás, muitos passam de vítima para vítima, caso a primeira consiga sair da relação doentia. Cecilia, por sua vez, é uma vítima fortemente abalada e quase prestes a desistir, mas que faz de tudo para tentar se livrar do abusador; até quando todos estão contra ela. Filme bastante importante, especialmente em tempos de movimento Me Too. (Dani Pacheco)
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