Os filmes mais superestimados dos últimos dez anos

Dunkirk (2017)

Dunkirk é lindo. Isto é fato. Fotografia belíssima, montagem impecável, figurinos precisos e trilha sonora magistralmente composta por Hans Zimmer. Mas essas questões técnicas são suficientes para garantir uma boa obra? A produção, dirigida por Christopher Nolan, deixa claro que a relação público/tela é muito importante em um filme de guerra, e que, se não há empatia com os personagens ou ao menos uma história cativante, o espectador acaba recebendo um belíssimo, mas tedioso,documentário, sem narração da BBC. Há uma notável falta de pegada, ou de alma se preferir, em Dunkirk. Por se basear mais em acontecimentos históricos do que propor um enredo que ocorra em meio a eles, o longa falha em se conectar com o espectador. E os seus 106 minutos podem se converter em uma frustrante experiência; uma interminável aula de história (Lucas Siqueira).

Bilheteria: $ 526,9 milhões.

Oscar: melhor montagem, melhor edição e melhor mixagem de som. Total de oito indicações, incluindo, ainda, melhor filme e direção.

RT: 93%.

Green Book – Um Guia para a Vida (2018)

Green Book é aquele tipo de história good vibes para quem relativiza questões raciais e tenta trazer leveza para a discussão. Veja bem, nada contra tratar temas delicados com humor , especialmente quando o humor é crítico e tem como objetivo incomodar (Corra! é um exemplo recente preciso), mas me incomoda bastante quando criam um filme como Greenbook. É como se fosse uma obra feita para racistas, que não se acham racistas. Elenco nenhum, por melhor que seja, consegue evitar um fiasco técnico e moral, que foi inexplicavelmente premiado com o Oscar de Melhor Filme.

Bilheteria: $ 327,9 milhões.

Oscar: melhor filme, melhor ator coadjuvante, melhor roteiro adaptado. Total de cinco indicações.

RT: 78%.

O Lado Bom da Vida (2012)

Em todas as edições do Oscar, há pelo menos um filme deslocado, que não deveria estar entre os indicados. Não que seja necessariamente ruim, mas não é bom o suficiente para estar entre os destaques do período. Em 2012, temos O Lado Bom da Vida, mais um exemplar com bom diretor (David O. Russell) e ótimo elenco (que inclui ninguém menos que Robert De Niro), mas que não passa de bonitinho. O filme é alegre (em sua maior parte) e traz à frente um cara que tenta ser positivo, afastando os pensamentos ruins da cabeça, mas a mudança de tom é estranha, as coisas não fluem e, de repente, estamos assistindo a um drama, e volta à comédia novamente – a presença de Chris Tucker, por exemplo, cria momentos nonsense. As relações entre os novos conhecidos são apressadas, enquanto as interações familiares correm de acordo com o que o roteiro precisa. O resultado poderia ter ficado bem acima da média, mas se contentou em ficar em cima da linha (Marcelo Seabra).

Bilheteria: $ 236 milhões.

Oscar: melhor atriz, além de outras sete indicações, incluindo melhor filme e melhor direção.

RT: 92%.