O Cinema de Buteco orgulhosamente apresenta os 30 melhores filmes de terror dos anos 2000.
FORAM MUITOS MESES DE PREPARAÇÃO REUNINDO OS VOTOS e tomando uma surra do Excel até conseguir contabilizar todas as participações e chegar aos melhores filmes de terror lançados entre entre os anos 2000 a 2009. Tudo isso para produzir um material muito especial para o nosso aniversário de oito anos.
Convidamos críticos de cinema especializados no gênero (agradecimentos especiais a 7 Marte, Terrorama, Dr. Caligari, Click Filmes, Toca o Terror e Cine Resenhas) para nos ajudar a escolher apenas os trinta principais longas dos anos 2000. Clique aqui para acessar os votos individuais, conhecer cada uma das pessoas que votou e saber exatamente quem escolheu qual filme.
Curiosidades:
– Foram citadas 84 produções pelos 23 participantes.
– Dos 30 primeiros colocados, seis deles são sobre zumbis.
– Temos dois remakes norte-americanos na lista.
– O primeiro colocado foi lembrado por 18 participantes.
– Todo Mundo Quase Morto estava entre os 15 mais votados, mas optamos por deixá-lo apenas na lista de melhores comédias.
(Textos por Alex Gonçalves, Fred Borges, Leonardo Lopes, Matheus Weyh, Thiago Dantas, Tullio Dias – clique nos links para seguir no Twitter)
Conheça os 30 melhores filmes de terror dos anos 2000
30- Alta Tensão (Haute Tension, Alexandre Aja, 2003)
“A trama é bem simples: um psicopata começa a perseguir duas garotas que chegam para passar um feriado na casa dos pais de uma delas. Dirigido por Alexandre Aja, Alta Tensão é um prato cheio para os admiradores do cinema de horror europeu. Detalhe para uma sequência com “New Born”, do Muse, na trilha sonora. Um dos melhores momentos da produção de Aja.”
29- O Albergue (Hostel, Eli Roth, 2006)
“O início do torture porn, junto com Jogos Mortais. Com bom humor, o filme conseguiu dosar tendões cortados, americanos babacas e crianças viciadas em chiclete muito bem, com uma pegada oitentista.”
28- Atividade Paranormal (Paranormal Activity, Oren Peli, 2009)
“Recomendo para todos que se acham corajosos demais: arrumem um bom sistema de som (ou use um fone de ouvido), desliguem todas as luzes e se permitam entrar na história e ouvir cada ruído. Garanto uma experiência única.”
27- Medo (Janghwa, Hongryeon, Jee-woon Kim, 2003)
“Como todo bom mistério, Medo se ampara em uma estrutura em que nada é o que parece. No ponto de partida, há o regresso de duas irmãs na belíssima casa em que moravam com os seus pais. O comportamento de ambas mudou com a perda da mãe, mas foi a presença de uma madrasta que certamente as forçaram a permanecer uma longa temporada em um internato. Paulatinamente, ações advindas possivelmente de um plano espiritual são testemunhadas, mas o que verdadeiramente estarrece são os mistérios ocultados pela família. Seria o horror a materialização dos pensamentos de duas irmãs instáveis? A madrasta teria algum envolvimento passado com a família? E qual é a razão do pai assumir uma postura tão passiva diante dos conflitos? Como o esperado, esta obra-prima do sul-coreano Kim Jee-woon (Eu Vi o Diabo) foi revista pelo cinema americano através de “O Mistério das Duas Irmãs”. O resultado obtido pelos irmãos Guard foi surpreendente bom, mas é no original que o quebra-cabeça revela uma imagem mais singular quando devidamente concluído.”
26- Cães de Caça (Dog Soldiers, Neil Marshall, 2002)
“O primeiro longa de Neil Marshall, que depois nos entregou o também ótimo Abismo do Medo, o subestimado Doomsday e os melhores episódios de Game of Thrones, é um dos melhores filmes de lobisomens de todos os tempos. Dos efeitos especiais até a direção de fotografia, é o Lobisomem Americano em Londres com esteróides.”
25- O Grito (The Grudge, Takashi Shimizu, 2004)
“Ao menos na indústria americana de cinema, o gênero terror sempre foi viabilizado por ciclos. Anterior a atual febre de produções construídas tendo como base alguns títulos setentistas e oitentistas essenciais para a formação de jovens diretores (Invocação do Mal, Corrente do Mal, The House of the Devil) e o já saturado found footage (Atividade Paranormal, O Último Exorcismo), tivemos no início da década passada o j-horror, “movimento” que pôs em evidência a produção japonesa do gênero enquanto eram submetidas a releituras nos Estados Unidos. O Chamado é o seu principal expoente, mas O Grito não fica muito atrás. Com mais recursos e o apoio de Sam Raimi na produção, Takashi Shimizu consegue identificar novas possibilidades para o seu “Ju-on”, que já era ótimo. A predominância de um elenco americano não compromete a sua lenda essencialmente nipônica, que confere novos calafrios ao rever lares que passam a carregar energias negativas ao serem desfeitos por um sentimento de rancor como último suspiro de uma existência. E as aparições de Kayako, bem como os seus grunhidos, certamente perturbaram o sono de muita gente.”
24- Extermínio 2 (28 Weeks Later, Juan Carlos Fresnadillo, 2007)
“O longa realizou uma tarefa bem difícil para filmes de horror: chegar aos pés da obra original. Juan Carlos Fresnadillo consegue executar muito bem sua missão, com um longa-metragem que vai direto ao ponto e que lembra muito o clássico O Dia dos Mortos, de George A. Romero.”
23- Premonição (Final Destination, James Wong, 2000)
“Enganar a morte? Esse primeiro episódio da franquia de horror te faz lembrar da morte onde quer que você esteja. Vai viajar de avião com uns amigos? Se um deles gritar que o avião vai cair, sai fora sem enrolar. E se cuida depois.”
22- Rejeitados Pelo Diabo (The Devil’s Rejects, Rob Zombie, 2005)
“Depois do estranho A Casa dos 1000 Corpos, Rob Zombie nos entrega um western de horror que nos apresenta o pior do ser humano. A família Firefly é o que se pode definir como um verdadeiro grupo de psicopatas. Depois de serem atacados pelo xerife, os Firefly buscam ajuda de um velho conhecido e iniciam uma verdadeira jornada sangrenta para escapar da lei. “I am the Devil. And I am here to do the Devil’s work”.”
21- Zumbis na Neve (Dead Snow, Tommy Wirkola, 2009)
“Imagine que o filme seja o encontro de Todo Mundo Quase Morto com clássicos como Uma Noite Alucinante e Fome Animal. O melhor de Zumbis na Neve é a completa despreocupação em soar inteligente ou inovador. Wirkola já tinha em mente que acertou em misturar zumbis e nazismo com a neve.”
20- Triângulo do Medo (Triangle, Christopher Smith, 2009)
“Triângulo do Medo é infelizmente um filme pouco visto. Contando com um roteiro extremamente inteligente e complexo, embora de simples entendimento, além de direção precisa, nunca deixa de surpreender o espectador em sua geometria. O longa se enriquece, ainda, por utilizar a sua estrutura cíclica para demonstrar a devastação psicológica de sua protagonista.”
19- Pulse (Jim Sonzero, 2006)
“Pulse é um daqueles filmes que criam um futuro negro envolvendo a relação humana com a tecnologia. Após o suicídio de uma pessoa próxima, um grupo de estudantes decide investigar o que realmente aconteceu e entram num mundo desconhecido e perigoso. A viagem virtual de Jim Sonzero rendeu um ótimo terror, com direito a boas cenas de susto e um clima de suspense envolvente.”
18- Cabana do Inferno (Cabin Fever, Eli Roth, 2002)
“O primeiro filme de Eli Roth ainda é seu melhor trabalho. Completamente inspirado em Evil Dead, uma das obras-primas de Sam Raimi, Roth conseguiu criar uma nova roupagem para a lepra. Usando de cenas clichês (temos peitos, putaria, drogas e tudo mais) do gênero e abusando na quantidade sangue, o resultado final é bem agradável. Se é que podemos dizer isso de um filme cujo mote principal é a decomposição da pele dos personagens…”
17- Possuídos (Bug, William Friedkin, 2006)
“Respeitado dramaturgo americano, Tracy Letts foi essencial para que o cineasta William Friedkin recuperasse o vigor após uma fase prolongada em que caiu em descrédito e Possuídos, uma adaptação da peça de Letts, o fez resgatar os instrumentos de terror explícito para contornar as camadas dramáticas de sua premissa. Friedkin consegue usar os recursos limitados ao seu favor, como um cenário claustrofóbico que se converte em um universo paralelo insano habitado pelos personagens de Ashley Judd e Michael Shannon. O primoroso trabalho sonoro atua basicamente como um agente responsável por insinuar traumas que abalam uma “rainha”, com a dor incontornável deperder um filho precocemente, e de um “operário” e todos os estigmas de alguém que já entrou em um campo de guerra. Da penúltima década, não se produziu nenhum outro filme capaz de explorar tão bem a paranoia de arriscarmos uma saída da redoma de nossa “colmeia” – ou de permitir o ingresso de qualquer elemento externo a ele.”
16- Anticristo (Antichrist, Lars Von Trier, 2009)
“O terror não está na estrutura pornô-gore do filme, mas nas pequenas nuances que trazem você para a situação apresentada na narrativa.”
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15- O Orfanato (El Orfanato, J.A. Bayona, 2007)
“”Não se trata de ver para crer, mas de crer para ver.” O cinema contemporâneo espanhol de horror deve muito ao mexicano Guillermo del Toro, que rememorou todos os fantasmas que o assolaram na infância para materializá-los em uma série de histórias fantásticas e sobrenaturais, como A Espinha do Diabo e O Labirinto do Fauno. Também impulsionou a carreira de novos talentos, como Juan Antonio Bayona, o diretor de O Orfanato. Elementos de fábulas dão um toque especial nesta trama centrada na busca pelo pequeno Simón, filho adotivo de Laura e Carlos que desapareceu após o casal comprar o orfanato desativado em que Laura viveu durante a infância. Na nebulosa atmosfera que recaí neste cenário, O Orfanato não somente entrega cenas verdadeiramente amedrontadoras (como a versão de pique-esconde – un, dos, tres, toca la pared), como também enxerga no macabro os caminhos para encontrar um relato implacável sobre a maternidade. Um “conto de ninar” assustador e comovente.”
14- Jogos Mortais (Saw, James Wan, 2004)
“A primeira vez a que assisti Jogos Mortais tive a certeza que estava diante um daqueles filmes que seriam lembrados por muitos anos. A reviravolta final e as consequências do “jogo” até hoje causam arrepios e não tornaram a narrativa datada. Assim como diversos outros filmes com “surpresa” no final, Jogos Mortais se torna ainda mais interessante nas revisões.”
13- Mártires (Martyrs, Pacal Laugier, 2008)
“Um remake norte-americano está previsto para 2016, mas dificilmente teremos algo tão violento e surpreendente quanto o original. Mártires apresenta a história de uma jovem mulher decidida a se vingar das pessoas que a sequestraram durante a sua infância, que acaba levando uma amiga para o meio dessa sede de vingança e violência. Fãs de cenas mais gráficas não podem dispensar essa obra.”
12- Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead, Zack Snyder, 2004)
“O remake do clássico de George Romero é alucinante do começo ao fim. Se a gente acreditava que não havia como os zumbis ficarem mais turbinados que os de Extermínio, descobrimos que Zack Snyder provou exatamente o contrário. A crítica ao consumismo do original perde um pouco da sua força, mas foda-se: temos zumbis loucos de ecstasy e tentando devorar todo mundo!”
11- Arrasta-me Para o Inferno (Drag me to Hell, Sam Raimi, 2009)
“Arrasta-me Para o Inferno é do caralho. Você se assusta, revolta, ri e acima de tudo, se diverte. Sam Raimi é um verdadeiro mestre do gore e nos presenteia com cenas memoráveis, como aquela presença inexplicável de uma bigorna na casa da protagonista”
10- Cidade dos Sonhos (Mulholland Drive, David Lynch, 2001)
“David Lynch dirige Naomi Watts e Laura Herring no romance mais perturbador já produzido no cinema. Não é a toa que Cidade dos Sonhos conseguiu se garantir entre os 10 principais longas de terror produzidos nos anos 2000. Tudo começa com um acidente de carro que deixa uma mulher com amnésia. A partir desse ponto, as noções do que é real ou apenas um sonho se confundem deixando os personagens (e os espectadores) quase que sem ar temendo pela verdade. Espetacular”
9- O Hospedeiro (Gwoemul, Joon Ho Bong, 2006)
“Filmes de horror com crítica social são sempre excelentes. Principalmente se ele vem da Ásia. O Hospedeiro, além de tudo, é uma fábula sobre família. Isso que torna-o poderoso e triunfante.”
8- Deixa Ela Entrar (Let the Right One In, Thomas Alfredson, 2008)
“Deixa Ela Entrar está longe de ser considerado um apenas como um filme de terror. Arriscaria dizer que até mesmo de vampiro, mas seria uma afirmação complicada. O longa é uma verdadeira demonstração de amor, cumplicidade, amizade, amadurecimento e principalmente a solidão. Capta os dilemas daquela fase em que somos obrigados a lidar com os valentões da turma e mostrar nosso valor.”
7- O Abismo do Medo (The Descent, Neil Marshall, 2005)
“Às vezes acontece de assistirmos a um filme e não gostarmos. Até que num belo dia, durante uma revisão, o jogo muda e nos sentimos verdadeiros idiotas por não ter dado o devido valor para a obra. O Abismo do Medo é um terror angustiante que se passa num espaço fechado e coloca um grupo de mulheres confrontando estranhas criaturas. Imperdível.”
6- Extermínio (28 Days Later…, Danny Boyle, 2002)
“Se você ainda não assistiu a Extermínio, e se for um fã de zumbis, tente corrigir isso o mais rápido possível. Além de oferecer uma interpretação diferenciada dos mortos-vivos, o longa-metragem possui todos os elementos que fazem Danny Boyle ser um dos grandes cineastas da atualidade: o uso de uma trilha sonora forte em momentos chave, aliados com uma montagem ágil e um ritmo alucinante. E tudo misturado com muito sangue, e babas, e essas coisas que a gente gosta de ver em filmes de zumbis.”
5- A Espinha do Diabo (El Espinazo del Diablo, Guillermo del Toro, 2001)
“Considerado por muitos o melhor filme de Del Toro (na minha opinião, Cronos ainda ganha), a guerra tem um importante papel no filme de fantasmas do diretor. Uma bomba desativada, um orfanato assombrado e uma criança sem rumo. Poucas vezes o diretor conseguiu ser tão doce com um filme sombrio.”
4- O Chamado (The Ring, Gore Verbisnki, 2002)
“O Chamado foi quase tão citado quanto o primeiro colocado da lista. Se ele era unanimidade entre quem apenas assistia filmes de terror sem ser um grande conhecedor de causa, entre os jurados a situação foi praticamente o inverso com apenas um voto. Ainda assim, o remake entrou para o imaginário do público e Samara se tornou uma das personagens mais temidas do cinema – para a tristeza de todos que não entendem o que dá medo em O Chamado.“
3- [REC] (Jaume Balagueró, Paco Plaza , 2007)
“Surpreendente produção espanhola, de trama simples, mas que utiliza de maneira inteligente e quase perfeita a técnica de câmera na mão, conhecido como found footage, deixando o espectador sempre tenso e em suspense, por sua violência e surpresas.”
2- O Nevoeiro (The Mist, Frank Darabont, 2007)
“Belamente dirigido por Frank Darabont, O Nevoeiro apresenta um clima claustrofóbico e de desconforto, funcionando como estudo social e metáfora óbvia dos anos Bush, o que é ressaltado pela cruel ironia dramática de seu final.”
1- Os Outros (The Others, Alejandro Amenábar, 2001)
“Com a maioria esmagadora dos votos, Os Outros poderia muito bem aparecer na nossa lista de drama. Estrelado por Nicole Kidman no seu auge, o longa-metragem de Alejandro Amenábar possui um daqueles roteiros que deixam o espectador arrepiado no final sem ter a menor ideia de que aquilo poderia ser uma possibilidade. As pistas estavam todas lá, mas existe um cuidado tão grande em levar o público por um caminho diferente que tudo acaba sendo uma imensa surpresa. Não apenas por resumir o voto da maioria que o elegeu como o melhor filme de terror dos anos 2000, mas também pelo grande filme que é, Os Outros merece todo o nosso respeito e as noites em claro que nos roubou.”