Desde o lançamento do quarto longa-metragem da franquia Missão: Impossível, o astro Tom Cruise vem vivendo mais um grande momento na sua carreira. O galã passou por momentos estranhos ao declarar seu amor pela ex-esposa Katie Holmes em um programa da apresentadora norte-americana Oprah Winfrey, e também quando começou a misturar demais seu trabalho como ator com a sua religião, a polêmica Cientologia. Para a alegria dos seus fãs, os tempos malucos ficaram para trás (apesar do ator deixar várias mensagens subliminares em seus filmes, especialmente em relação à possibilidade dele levantar voo um dia) e seu nome voltou a ser garantia de sucesso, como provou o recente Jack Reacher – O Último Tiro, que custou US$ 60 milhões e conseguiu arrecadar US$ 200 milhões ao redor do mundo. Para quem acompanha a máquina de cinema de Hollywood, sabe que o valor elevado significa a (enorme) possibilidade de uma continuação em breve.
Aproveitando a estreia do sci-fi Oblivion (clique aqui para ler a crítica), a equipe do Cinema de Buteco reuniu uma pequena lista com os favoritos pessoais de cada um. Não se trata de uma lista definitiva com os melhores trabalhos da carreira de Cruise, mas de um apanhado com o que mais agradou cada pessoa em especial.
Aprecie sem moderação:
Entrevista Com o Vampiro
Arrisco a dizer que a melhor adaptação livro/cinema que existe seja Entrevista com o Vampiro. Tudo bem, a própria Anne Rice participou da elaboração do roteiro, mas convenhamos, o elenco foi matador. E Lestat ficou sobre a responsabilidade do Tom Cruise. Quem leu o livro, sabe que ele fez bem o trabalho dele. Cruise consegue passar com certa facilidade todo o amor e ódio que o vampiro “vive”. Muitos boatos sobre adaptações dos livros da Anne Rice circulam pela web, mas não importa. Está pra nascer (ou renascer) alguém que fará um Lestat melhor que Tom Cruise. (Wendel Wonka)
Guerra dos Mundos
Quem vê toda batalha de Cruise pela pequena Suri no momento não imagina que ele possa ser um pai ausente. Mas é exatamente isso que representa em Guerra dos Mundos. Três anos depois de trabalhar com Steven Spielberg em Minority Report, de 2002, o diretor colocou o ator pra correr em outra ficção-científica (desta vez, de ETs), e ainda adicionou o assunto preferido de sua filmografia: daddy issues!
No longa, o ator interpreta o pai da pequena Dakota Fanning e de um adolescente chato e revoltado (pleonasmo detected) que precisa resolver suas diferenças afetivas quando o mundo sofre um ataque alienígena dos mais pesados já vistos no cinema. Spielberg acerta em mesclar um clima poderoso de tensão (já que nunca sabemos os motivos e objetivos dos aliens) com tocantes metáforas sobre o relacionamento frágil daqueles personagens. Destaque para a cena em que Cruise precisa “dar um jeito” em Tim Robbins pelo bem da sua filha. (Larissa Padron)
Rain Man
O rostinho bonito de Tom Cruise seria, mais uma vez, protagonista. Mas nem seus belos olhos e seu jeitão de conquistador são capazes de ofuscar o brilhante Dustin Hoffman em Rain Man. Mesmo ficando em segundo plano, Cruise mostra que tem competência para interpretar o boa-vida Charles Babbitt, um negociador de carros usados que vê a oportunidade de ganhar um bom dinheiro sendo tutor do irmão autista. O rostinho bonito ajuda a criar certa empatia com Charles Babbitt, mesmo ele não sendo o perfil ideal de mocinho que Tom costuma interpretar. A parceria com Hoffman deu certo e é uma das melhores coisas do filme. (Aline Monteiro)
Magnólia
Em Magnólia, Tom Cruise é Frank T.J. Mackey, um grande fodedorzão que beira a charlatanice ao vender livros e cursos para ensinar qualquer homem a pegar qualquer mulher.Pode ser considerada uma das grandes atuações do baixinho pelo fato de Cruise representar o papel de um cara extremamente perturbado com seu passado, mas que insiste em dizer que está tudo bem e que só quer transar, transar e bang, bang, pow, pow, pow. E o pior é que ele consegue te convencer de que realmente é possivel comprar um dos seus livros com técnicas avançadas na arte de ser um pegador. (Joubert Junior)
Vanilla Sky
Tom Cruise é um cara no mínimo curioso em qualquer trabalho que o faça. Em Vanilla Sky – que carrega injustamente inúmeras críticas negativas – Cruise exerce todo seu potencial enquanto ator, apresentando um trabalho sólido, narrativamente rico e fascinante do ponto de vista filosófico. Ok, ok! A obra é uma mera adaptação do infinitamente superior Abre los Ojos, do diretor Alejandro Amenábar, mas ainda assim não creio que Vanilla Sky perca seu encanto. A didática insistente de Cameron Crowe neste filme é um mero detalhe dentre tantas outras qualidades cinematográficas que Vanilla Sky possui. (Angelo Costa, do site Fala Cinéfilo)
Trovão Tropical
Ah Tom Cruise, quem é você afinal? O gatinho carismático do início da carreira? Ou o maluco fundamentalista atual? O sorriso nas várias entrevistas ou os processos judiciais que se acumulam? Se tem corrido tanto em suas últimas produções, prefiro me lembrar de você em Trovão Tropical, no qual sua energia óbvia foi canalizada em danças e gritos. Privado de sua beleza notória, careca, peludo e gordo, o exagerado empresário filho da puta Les Grossman (belo nome, aliás) é o arquétipo absurdo do capitalismo selvagem. Ele não dá a mínima para o respeito ou mesmo pela vida humana. Não esquente com as críticas que afirmaram que sua composição era devida unicamente a sua maquiagem. Eu não esquento. Sei que foi sua postura escrota, nojenta e over que garantiram as várias risadas em suas cenas. Em uma produção com tantos destaques, você consegue dividir as atenções como o incomparável Kirk Lazarus. Por esse filme é que defendo que você deveria fazer mais comédias. Aproveitando que ainda está em forma (50 anos senhor…), deveria se dedicar a personagens diferentes como esse. Para uma pessoa com suas crenças, até que você tem pouco bom humor. Seja dançando Ludacris ou fazendo a melhor negociação de sequestro da história do cinema, você arrasa. Parabéns. (Sofia Campos)
Nascido em 4 de Julho
Tom Cruise interpreta Ron Kovic, um jovem idealista que deixa tudo que tem para lutar no Vietnã. Neste processo vemos a transformação do garoto em homem. Ele é ferido em combate e retorna pra casa. É recebido como herói, mas se vê escravo de conflitos internos e externos da sua condição física, o que se torna posteriormente elemento motivador na luta por seus direitos no país que o enviou para a Guerra. Oliver Stone acerta em cheio na direção, retratando fielmente o lado trágico da Guerra e do pós-Guerra elevando a carreira de Cruise, que deixa de lado o estereótipo de galã e desenvolve nuances dramáticas em um personagem em decadência e desconstrução, reafirmando o que já tinha feito em seus papéis anteriores, como a Cor do Dinheiro e Top Gun. (Julyano Abnner)
Jerry Maguire – A Grande Virada
Tom Cruise tem uma participação expressiva em filmes previsíveis. Jerry Maguire é um deles, mas não deixa de ser emocionante. Tom é o personagem-título, um agente esportivo que perde o emprego e a credibilidade, mantendo um único cliente (Cuba Gooding Jr.) e uma auxiliar (Renné Zellweger). O sorriso cativante de Cruise contribui muito para o carisma do personagem e o espectador embarca na jornada de Maguire em busca do sucesso perdido. É a coisa mais linda a relação de Tom com o filho de Dorothy Boyd, que serve para ampliar o lado fofinho da trama. (Aline Monteiro)
De Olhos Bem Fechados
“Stanley Kubrick foi genial na construção do personagem William (Cruise), que nada mais é que o reflexo da maioria dos homens heterossexuais, seja ele tão bem sucedido ou não. Ao longo da história de De Olhos Bem Fechados, assistimos a um pouco da rotina desse médico e em vários momentos percebemos uma leve inclinação para deixar uma coisa se tornar mais séria. William é um homem como qualquer outro e que tem que lidar com o conflito entre suas escolhas e os seus desejos naturais. Na maioria das vezes ele consegue se deixar guiar pela razão e vence os seus instintos (como na sequência em que Leelee Sobieski surge semi-nua como um vulcão sexual e proibido), mas bastou a sua amada esposa lhe confidenciar que já havia fantasiado e desejado outro homem, que toda a sua insegurança veio a tona e o toque sutil do diretor se fez valer. De repente aquele médico bem sucedido que achava que tinha a vida perfeita, foi atingido no centro do seu ego, do seu orgulho, do seu amor, da sua libido. Como encarar a verdade? Que ele, que apenas o amor, não eram o suficiente para impedir que a sua esposa tivesse desejos com outros homens? Kubrick ataca grande parte dos homens modernos, aqueles que se acham no direito de desejarem e serem desejados (mesmo que seja apenas para inflar o ego), mas que quando enxergam o outro lado da moeda entram em colapso. O diretor conseguiu construir uma atmosfera de tirar o folêgo ao mostrar os delírios de William imaginando sua esposa transando com outro homem. São cenas que aparecem em um tom azul e bastante fragmentadas, mas que avançam no decorrer do filme e das ações do personagem.” Clique aqui para continuar lendo. (Tullio Dias)
Colateral
Quem é que imaginaria o Tom Cruise vivendo um sujeito sangue-frio? O ator aceitou correr o risco e estrelou o excelente thriller Colateral, de Michael Mann. Com os cabelos grisalhos, mas mantendo o cativante sorriso, Cruise interpretou um assassino de aluguel que mantém o coitado do taxista sonhador vivido por Jamie Foxx como refém durante uma “corrida da morte”, parando em diversos pontos da cidade para liquidar suas vítimas. O assassino Vincent entra facilmente na lista de melhores personagens da carreira do galã. (Tullio Dias)
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