Enquanto selecionava as indicações de filmes para o especial de Melhores Filmes dos Anos 2010, considerei que encontraria muita dificuldade para definir os filmes de terror. Resolvi o problema fazendo duas listas. Eu só não esperava ter um problema ainda maior na hora de definir o que entraria na lista de melhores filmes de romance dos anos 2010. Tive brigas mentais comigo mesmo para deixar apenas 30, incluindo malabarismos para não deixar de recomendar obras lindas, como o japonês Tomorrow i will meet the Yesterday You. No fim, deu tudo certo e você pode ver o resultado a partir de agora.
Me conte: Quais são os melhores filmes de romance dos anos 2010 na sua opinião?
(Atenção: todos os textos são do acervo do Cinema de Buteco e os filmes selecionados foram lançados entre 2010 e 2019. Também preciso dizer que me empolguei e não fiz uma lista resumida como as outras todas. Desculpe…)
#31) Corações Gelados (Two Lovers and a Bear, Kim Bguyen, 2016)
A trama se passa numa pequena cidade próxima do Pólo Norte, onde as estradas levam para lugar nenhum. Roman e Lucy são duas almas sedentas por amor intenso e impulsivo que partem juntos numa verdadeira jornada de fé, amor e paz interior.
Fiquei extremamente apaixonado por Kim Bguyen e sua capacidade de contar uma história com tantos detalhes malucos, seja da participação de um urso polar, para diálogos altamente excitantes, senso de humor absurdo e acontecimentos improváveis.
#30) Como Não Perder Essa Mulher
Joseph Gordon-Levitt faz sua estreia na direção com uma comédia romântica deliciosa e que por incrível que pareça: é voltada especialmente para o público masculino (e qualquer pessoa que sinta uma familiaridade com o som de inicialização do sistema operacional de um Mac). O ator, que já havia estrelado o excelente (500) Dias Com Ela, contracena com Scarlett Johansson, e descobre que beleza não é o suficiente para se fazer um relacionamento funcionar. Como Não Perder Essa Mulher (tradução ridícula de Don Jon) é uma obra sobre o amadurecimento de um homem em busca de ser uma pessoa melhor ao lado da pessoa perfeita.
#29) Amor e Outras Drogas (Love & Other Drugs, Edward Zwick, 2010)
Comédia romântica deliciosa estrelada por Anne Hathaway e Jake Gyllenhaal. Ela interpreta uma jovem que sofre com o mal de Parkinson e ele é um mulherengo da indústria farmacêutica. Eles se envolvem em uma história de amor que surpreende a ambos.
#28) Casal Improvável (Long Shot, Jonathan Levine, 2019) O jornalista Fred Flarsky reencontra seu crush da infância Charlotte Field, que agora é uma das mulheres mais influentes do mundo e prestes a iniciar sua campanha para a Presidência norte-americana. Ele acaba contratado para ser o redator dos discursos da campanha e bem… eles acabam se envolvendo.
Jonathan Levine é um daqueles cineastas que contam histórias deliciosamente divertidas com risadas garantidas, além de deixar espaço para uma boa história de amor. Em Casal Improvável, temos excelentes momentos de humor, mas é a química improvável entre Charlize Theron e Seth Rogen que faz a obra decolar.
#27) Um Dia (One Day, Lone Scherfig, 2011)
Baseado na obra de David Nicholls, que também escreveu o roteiro, a produção conta com a direção de Lone Scherfig (Educação). O roteiro explora o relacionamento de Dexter e Emma, mas ao invés de ser linear e mostrar dia por dia da vida dessas duas pessoas tão diferentes, ele inicia a história no dia 15 de julho de 1988.
A história se passa de ano em ano, mostrando apenas (e exatamente) o que acontece em todos os dias 15/7 da vida da dupla. Ao contrário do que isso possa parecer, o filme não estraga o conceito e, embora a linguagem cinematográfica impeça a utilização de todos os elementos contidos na obra literária, o resultado final não deixa muito a desejar para os fãs do livro.
#26) Tumbledown (Sean Mewshaw, 2015)
Tumbledown fala muito sobre a superação de uma perda, como seguir em frente e reaprender a viver.
Estrelado por Rebecca Hall e Jason Sudeikis, o longa dirigido por Sean Mewshaw apresenta a história de uma jovem viúva tentando superar a morte do seu marido, um aclamado cantor de folk. Ela recebe a visita de um escritor de Nova York interessado em escrever uma biografia sobre o falecido e é obrigada a confrontar sua perda.
Impossível não comparar Tumbledown com o livro Juliet, Nua e Crua, de Nick Hornby. A diferença principal é que no romance do autor de Alta Fidelidade ninguém morreu, mas o restante dos acontecimentos, do amor pela música, admiração pelo artista e até perfil dos protagonistas, é bem parecido. Uma pena que existem poucos momentos em que o filme permite ao seu público ouvir a obra do cantor, mas tudo isso é contornado pela qualidade da narrativa e carisma dos personagens.
#25) Será Que? (What if?, Michael Dowse, 2013)
Wallace (Daniel Radcliffe) encarou mais de um ano de fossa sozinho desde que pegou sua namorada transando com outro cara no trabalho. Por acaso, durante uma festa, ele conhece Chantry (Zoe Kazan) e começa a se sentir atraído por ela. Parecia algo difícil de acontecer, como se ele estivesse conformado de que seria um solitário para o resto da vida, mas acontece dele sentir vontade de estar com aquela garota esquisita. O problema é que ela tem um namorado.
Será Que? apresenta o desenvolvimento dessa curiosa amizade entre duas pessoas que preenchem a vida um do outro, mas que estão em momentos diferentes da vida.
#24) Sing Street (John Carney, 2016)
Dirigido por John Carney, um cineasta que vem se revelando um verdadeiro mestre na arte de contar histórias de amor através da música, o longa-metragem conquista o espectador facilmente com uma deliciosa mistura de comédia, aventura e romance. Sing Street conta a história de um garoto crescendo em Dublin, nos anos 1980. Ele encontra uma forma de fugir da sua família disfuncional ao montar uma banda e, de quebra, ainda tenta impressionar a garota por quem ele é apaixonado.
Acho que não precisa nem ter nascido na década de 80 para se apaixonar pela narrativa. Claro que a identificação maior é do público trintão, especialmente por Carney ter conseguido recriar tão bem o velho clichê de um garotinho apaixonado pela menina errada. Em alguns momentos lembramos diretamente em John Hughes e suas inestimáveis contribuições para o mundo do cinema. Lindo demais!
#23) Love (Gaspar Noe, 2015)
Gaspar Noe é aquele cara maluco que você precisa pensar mil vezes antes de colocar para assistir ao lado de pessoas mais conservadoras. É certo que teremos cenas explícitas de sexo ou violência, dois temas fetiche para o cineasta. Em Love, injustamente considerado como um filme pornô 3D, somos surpreendidos pela mistura perfeita de desejo carnal, sentimentos reais, conflitos existenciais e romance. Para todos os efeitos, Love é uma versão pervertida (e muito melhor) de Amor Pleno, de Terrence Malick, e isso garante o primeiro lugar da nossa lista de melhores filmes de romance de 2015. As várias cenas de sexo nunca soam gratuitas, afinal possuem a intenção de mostrar o desenvolvimento de um complexo relacionamento de um jovem casal no auge da sua vida sexual e as consequências de uma traição.
#22) Entre o Amor e a Paixão (Take this Waltz, Sarah Polley, 2011)
Margot (Michelle Williams) é casada com Lou (Seth Rogen) e está entediada com a sua rotina. Eles vivem mais como amigos do que como amantes e Margot se sente insatisfeita. Entra em cena o sedutor Daniel (Luke Kirby), que desperta em Margot sensações há muito perdidas. Ela se sente desejada, encontra o que faltava no seu casamento, mas não sabe o que fazer: Será que vale abandonar a segurança do seu casamento para investir em algo sem nenhuma garantia?
Entre o Amor e a Paixão é uma bela maneira de nos ensinar a valorizar o que você tem e vive hoje. O interesse pelo novo sempre estará presente, para as duas partes de uma relação. O que é preciso entender é que em raras ocasiões ele não será mais que apenas uma atração física e passageira. A insatisfação, aquela voz interior que sempre pede por mais, pode nos levar para um caminho sem volta. Muito triste imaginar que podemos ser cegos ao ponto de não perceber a sorte de encontrar alguém disposto a cuidar de você. Se você nunca viveu isso, bem, eis aqui uma chance de “aprender” com os erros alheios.
#21) Border (Gräns, Ali Abbasi, 2018)
Uma agente com o peculiar “poder” de cheirar o medo, desenvolve uma incontrolável atração por um viajante misterioso. Esse encontro a faz questionar completamente a sua existência.
Seria mentira se eu afirmasse que Border é um filme de romance tradicional. Ele não é nada tradicional. Para falar a verdade, é esquisito pra caralho. Mas esse é exatamente o motivo que transforma essa produção em uma coisa tão especial, afinal não é sempre que temos um romance sobre (*SPOILER*). Se prepare para uma intensa história de amor estrelada por pessoas não tão bonitas assim.
#20) Convidado Vitalício (Plus One, Jeff Chan, Andrew Rhymer, 2019) Um casal de amigos solteiros de longa data combina de ser o acompanhante um do outro para todos os casamentos que são convidados.
O grande charme de Plus One é a sua narrativa, que lembra muito o romance Um Dia. Nós só acompanhamos os personagens a partir da véspera dos casamentos e não sabemos exatamente o que acontece após as festas.
Com um roteiro cheio de tiradas engraçadinhas e dois protagonistas apaixonantes, Plus One facilmente entrou na minha lista de romances favoritos dos anos 2010.
#19) Aconteceu em Hong Kong (Already Tomorrow in Hong Kong, Emily Ting, 2015)
Com uma influência óbvia de Antes do Amanhecer, o filme apresenta o romance de um casal de desconhecidos. Uma garota está perdida numa rua em Hong Kong e um garoto se oferece para ajudá-la. A dupla vai conversando e criando toda uma intimidade ao longo da deliciosa noite.
Excelente trabalho da diretora Emily Ting, que também assina o roteiro. Acompanhamos o desenvolvimento de um relacionamento perfeito que aparece na hora errada. Uma bela história de romance, sem dúvidas.
#18) Atlantique (Atlantics, Mati Diop, 2019) No subúrbio de Dakar, trabalhadores da construção de uma torre gigantesca ficam sem pagamento durante meses e decidem deixar o país em busca de uma melhor sorte cruzando o oceano. Entre eles está Souleiman, o amante de Ada, uma jovem prometida para um outro homem.
Qualquer detalhe a mais sobre Atlantique pode comprometer a sua experiência e estragar a grande surpresa do longa de Mati Diop. Para quem aprecia conhecer histórias sobre pessoas de culturas diferentes, o longa-metragem é uma baita dica. Mas não esperem por um romance convencional, ok?
Apesar de ser sobre um romance proibido, Atlantique fala muito sobre autoconhecimento e a busca pela nossa identidade no mundo.
#17) Loucamente Apaixonados (Like Crazy, Drake Doremus, 2011)
O que esse filme tem de simples, ele tem de cativante. Dirigida por Drake Doremus, a produção independente nada mais é do que uma história de amor entre dois jovens, no caso, Anna (Felicity Jones) e Jacob (Anton Yelchin). Por mais que o amor seja tema central de inúmeros filmes, este pequeno longa, que custou apenas $ 250 mil, conquista a gente facilmente. Conquista com sua delicadeza, sutilidade e elenco. Aliás, o carisma e a química entre Jones e Yelchin são os principais pilares dessa história.
Outro motivo para assistir a Loucamente Apaixonados é relembrar do ator – morto em 2016 -, que tinha uma personalidade extremamente autêntica e doce, que ele conseguia transmitir em todos os seus papéis.
#16) Nasce uma Estrela (A Star is Born, Bradley Cooper, 2018)
Bradley Cooper arriscou e fez valer a pena cada minuto dessa aventura atrás das câmeras. Em seu primeiro trabalho como diretor, o ator acertou em cheio na quarta versão da história que encantou plateias em 1937, 1954 e 1976. Um filme que reúne música, romance, drama e muitas, mas muitas emoções na telona.
Sua visão de Nasce uma Estrela combina boas doses de risadas e lágrimas em uma emocionante história de mais de duas horas de duração. Improvável não ter um sorriso no rosto enquanto acompanhamos Jackson Maine (Cooper) se apaixonando perdidamente pela jovem cantora Ally (Lady Gaga, que recebeu merecidamente sua indicação ao Oscar de Melhor Atriz e exigiu que não existissem playbacks nas gravações).
#15) Enquanto Somos Jovens (While we’re Young, Noah Baumbach, 2014)
Noah Baumbach é um ótimo cronista da crise de meia idade e do amadurecimento doloroso porque passamos em diferentes momentos da vida. Boa parte de seus filmes trata de uma catarse de redescoberta existencial, situações que abalam as estruturas de personagens que, do contrário, teriam pouco do que reclamar. Em sua maioria brancos, de classe média alta e heterossexuais, eles são o retrato de uma América que caberia em uma novela de Manoel Carlos, mas que no caso de Enquanto Somos Jovens está na efervescência de Manhattan.
Passando pelas ruas do Brooklyn, com seus hipsters estilosos que andam de bicicletas retrô e fazem seu próprio sorvete, o filme acompanha dois casais. Um deles, jovem e empolgante; o outro, passando pelo desafio da rotina trazida por muitos anos juntos. As diferenças entre os quatro vão aos poucos se dissolvendo e o que se vê é uma relação em que as intenções e até mesmo as identidades se confundem. Enquanto Ben Stiller, Naomi Watts, Adam Driver e Amanda Seyfried se transformam em versões caricatas daquilo que aspiram, o espectador se identifica com muitos aspectos do que faz de nós quem somos e do que gostaríamos de ser.
#14) Mesmo Se Nada Der Certo(Begin Again, John Carney, 2013)
O grande destaque de Mesmo Se Nada Der Certo é o casal principal. Mark Ruffalo é um bêbado falido que surge com o cabelo mais desgrenhado e roupas mais malcuidadas do que o Hulk voltando a ser Bruce Banner após uma sessão de porrada, um contraste enorme com uma Keira Knightley de voz doce, charmosos dentinhos tortos e que deixa a falsa timidez de lado quando necessário – o melhor exemplo é a canção cheia de veneno que ela compõe numa noite de fossa e deixa registrada na caixa de mensagens do ex. Uma das grandes virtudes do filme é justamente saber deixar os diálogos de lado e usar apenas silêncio e olhares na hora que precisa, como quando Knightley tem uma revelação ao ouvir a música nova do namorado, ou um momento chave no terceiro ato em que você quase acha que o roteiro vai abraçar o clichezão, mas é positivamente surpreendido.
#13) Amor a Toda Prova (Crazy Stupid Love, Glenn Ficarra e John Requa, 2011)
A vida de um homem casado muda dramaticamente quando sua esposa pede o divórcio. Enquanto isto acontece, ele procura redescobrir sua virilidade com a ajuda de um novo amigo Jacob.
O resultado é uma comédia romântica hilária, que marca o encontro de Ryan Gosling e Emma Stone pré-La La Land. É apaixonante quando descobrimos uma narrativa capaz de combinar tantos elementos engraçados com uma mensagem de autoconhecimento poderosa. Nunca é tarde para melhorar, mudar e evoluir.
#12) Me Chame Pelo Seu Nome (Call me By Your Name, Luca Guadagnino, 2017) Nos anos 1980, na Itália, um romance amadurece entre um garoto de 17 anos e um homem adulto contratado como assistente pelo pai.
Uma breve, mas intensa história de amor entre um bisexual bem resolvido e um adolescente que está descobrindo a sua atração pelo sexo masculino.
Timothy Chalamet e Armie Hammer brilham no romance de Luca Guadagnino e mostram que, por mais que seja assustador à primeira vista, vale mais ter uma experiência do que reprimi-la porque ela não segue o padrão social imposto pela sociedade a todos nós desde que somos crianças.
#11) Namorados Para Sempre (Blue Valentine, Derek Cianfrance, 2010)
Lançado na época do dia dos namorados como um filme fofinho, Namorados Para Sempre deve ter deixado muito casal bolado um com o outro e semeado a discórdia. Queria ser amigo desse profissional de marketing que achou uma boa ideia lançar esse filme justamente na época do dia dos namorados. O senso de humor dele parece ser bem divertido.
Michelle Williams e Ryan Gosling interpretam um casal cheio de problemas causados por sua incompatibilidade. Fruto de ações impulsivas, o casamento deles começa a fraquejar e chega num ponto em que é necessário tomar uma decisão.
Claramente, não se trata de uma obra romântica recomendada para quem está a fim de se dar bem nas comemorações do dia dos namorados. Veja por sua conta e risco.
#10) Ruby Sparks: A Namorada Perfeita (Ruby Sparks, Jonathan Dayton e Valerie Faris, 2012)
O longa conta a história de Calvin Weir-Fields, um escritor renomado de apenas um livro que está em lua luta pelo nascimento de sua segunda obra. Com baixíssimas habilidades sociais, Calvin vive fechado em seu mundo sem conseguir desenvolver nenhum tipo de interação nem mesmo com suas fãs. Após o término de um longo relacionamento e pressionado pelo seu irmão, Calvin começa a imaginar uma mulher ideal para si mesmo, escreve dias à fio sobre ela, e sob grande pressão psicológica, quando ele menos imagina, ela se torna real.
O filme traça um ótimo panorama sobre a cultura “find your match” que vivemos hoje em dia, em que as pessoas não estão mais dispostas à conhecerem alguém, descobrir sobre a sua vida e aceitá-la como ela é. Não, o normal hoje é ser prático, achar um perfil que combine com você, que atinja o seu ideal, arrastar para a direita e ser feliz. O que frusta muitas pessoas, já que é um ideal inalcançável, dando origem a uma geração de pessoas solitárias.
#9) História de um Casamento (Marriage History, Noah Baumbach, 2019)
Existe algo especial em ver um relacionamento ficcional chegando ao seu final. Muitas vezes nos colocamos no lugar dos personagens para nos identificar com aquela dor. Ou tentar usar essas narrativas como uma forma de terapia para tentar buscar entender o outro lado.
História de um Casamento tem na atuação de Scarlett Johansson seu maior trunfo. Não é que Adam Driver deixe a desejar, mas é que o trabalho de Johansson é intenso. Impossível não se deixar levar pela frustração que se torna em raiva e tristeza em diversas das cenas do longa-metragem.
Noah Baumbach demonstrou uma sensibilidade ímpar ao trabalhar sua própria culpa pelo fim de seus relacionamentos reais e fez um dos principais trabalhos de 2019 e uma das histórias mais emocionantes da temporada.
#8) O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook, David O. Russell, 2012)
O Lado Bom da Vida é um romance com frases de efeito conhecidas (“se você ama alguém, deixe-o livre”) e com uma história comum: quem nunca tentou se aproximar de um velho amor através de outra pessoa? Nós ficamos cegos fácil demais. No caso de Pat, foi por não querer aceitar a verdade e cismar em consertar o passado. As pessoas certas se aproximam como amigas, dispostas a se sacrificarem apenas para deixar o amor feliz. Algumas vezes, os envolvidos percebem o que está acontecendo e conseguem evitar perder oportunidades de ouro, como no caso do filme de Russell. Ainda assim, mesmo sendo previsível, O Lado Bom da Vida funciona e é emocionante. Exatamente como a vida real.
#7) O Maravilhoso Agora (The Spectacular Now, James Ponsoldt, 2013)
Como muitas obras citadas nessa lista, O Maravilhoso Agora não é bem um filme de romance. Existe mais drama nele que romance, mas o amor é trabalhado de uma maneira tão especial e é tão importante para o desenvolvimento do personagem/trama que acaba sendo fácil enquadrar a produção na categoria. O protagonista interpretado por Miles Teller é um adolescente acomodado e extremamente sensível, ao ponto de preferir se acomodar diante as dores dos traumas familiares do que se erguer em busca de superação. Shailene Woodley aparece como o interesse amoroso delicado, inocente e com um coração enorme. Ela se esforça em se dedicar para o namorado e tentar transformar a vida dele em algo melhor, mas se depara com problemas que não pode vencer. Com atuações incríveis, O Maravilhoso Agora é uma daquelas produções que nos emocionam do começo ao fim.
#6) Doentes de Amor (The Bick Sick, Michael Showalter, 2017)
Sabe quando você não dá nada por um cartaz e descobre que quase perdeu um filme incrível? É exatamente assim que me senti com The Big Sick, comédia romântica deliciosa baseada na vida real de um casal de roteiristas: O comediante paquistanês Kumail se apaixona pela estudante Emily, mas as diferenças culturais começam a colocar a relação em risco. Para piorar, Emily contrai uma doença esquisita e fica internada no hospital.
Com um roteiro inteligente e com piadas divertidas, a produção conquista o coração do espectador sem grandes dificuldades e nos faz chorar e rir ao mesmo tempo. Recomendado demais!!!!
#5) Questão de Tempo (About Time, Richard Curtis, 2013)
Se você, menino e/ou menina, gosta de assistir a comédias românticas que nos arrancam lágrimas minutos depois de nos arrancarem gargalhadas, Questão de Tempo é para você. Com direção de Richard Curtis, o cara responsável pelo tocante Simplesmente Amor, a trama mistura romance, comédia e um pouco de ficção científica com a questão da viagem no tempo. Rachel McAdams está apaixonante no longa-metragem, que conta ainda com uma emocionante trilha sonora com a música “The Luckiest”, de Ben Folds.
Domhnall Gleeson vive um jovem inglês que descobre poder viajar no tempo, dentro de sua própria linha de vida, e alterar o que julgar necessário. Ele só precisa tomar cuidado com o efeito borboleta, já que cada mínima alteração no passado pode ter consequências grandes no futuro. Como todo jovem, ele passa por experiências de crescimento e formação até ir para a cidade grande, Londres, onde vai conhecer a mulher de sua vida – onde entra Rachel McAdams. E ainda temos, de brinde, o grande Bill Nighy, sempre uma ótima figura a se acompanhar.
#4) Antes da Meia-Noite (Before Midnight, Richard Linklater, 2014)
Antes da Meia-Noite é o programa mais que perfeito para se assistir ao lado da pessoa amada. Especialmente se vocês souberem apreciar o valor de uma longa conversa e se o relacionamento de vocês tiver nascido especialmente pela troca de palavras, seja pessoalmente ou pelo mundo virtual. São filmes assim que te fazem reconsiderar suas opiniões e te motivam a dar mais uma chance para algo que te fez muito mais vezes feliz do que infeliz, mesmo quando as coisas parecem caminhar para o inevitável fim.
#3) Meia-noite em Paris (Midnight in Paris, Woody Allen, 2011)
Woody Allen é uma das mentes mais talentosas e criativas de Hollywood. Em Meia-Noite em Paris, uma das melhores obras de sua carreira, o diretor/roteirista apresenta uma delicada história de amor sobre um escritor infeliz e frustrado por viver num período sem graça da história. Seu desejo é viver na época dos grandes autores, na Paris dourada e recheada de artistas criativos. Por sorte do acaso, ele acaba encontrando uma inusitada maneira de viajar no tempo justamente para esse período e acaba descobrindo mais sobre si mesmo. E que nós gostamos mesmo é de reclamar que o passado era uma época melhor, desvalorizando o que temos para experimentar hoje. A viagem no tempo é apenas um pequeno detalhe aqui, e isso apenas torna Meia-Noite em Paris ainda mais especial.
#2) La La Land: Cantando Estações(La La Land, Damien Chazelle, 2016)
Sebastian (Ryan Gosling) é um pianista de jazz apaixonado pela arte. Ele acaba de perder o seu emprego num bar e começa a buscar alternativas para abrir o seu próprio negócio. Mia (Emma Stone) é uma garçonete aspirante a atriz, que coleciona fracassos nos seus testes para realizar o seu sonho. A vida dos dois se entrelaça por acaso, até que o amor pela arte os une para enfrentarem juntos os desafios necessários para serem felizes.
La La Land é basicamente um filme sobre o amor. Não apenas do tipo romântico ou sexual, daqueles que você pode sentir por uma ruiva como a Emma Stone, mas pela realização de nossos sonhos. É lindo ver como o casal funciona como uma unidade para encontrar maneiras de tornar possível as aspirações profissionais de cada um. Mia enfrenta rejeição atrás de rejeição, ao mesmo tempo que Sebastian se vê obrigado a tocar num projeto em que não acredita, mas que lhe dará o dinheiro. Ambos sofrem e se consolam mutuamente, pois acreditam em dias melhores. E isso é inspirador pra caralho.
#1) Ela (Her, Spike Jonze, 2013)
A vida inteira procuramos alguém que nos complete de verdade. Vivemos experiências boas, muitas outras ruins, mas sempre acordando no dia seguinte dispostos a nos arriscar novamente até encontrar a tal da felicidade, que dizem por aí só ser real quando compartilhada. Vítimas dessa lei cruel, somos obrigados a insistir na busca eterna pelo amor, mesmo sabendo das dificuldades, e que alguns de nós simplesmente faltaram em todas as aulas sobre se relacionar com alguém.
O cineasta Spike Jonze certamente sabe muito bem como é se sentir deslocado, afinal de contas seus dois primeiros trabalhos tratavam justamente da falta de amor próprio que nos sujeitamos diante uma paixão avassaladora e com prazo de validade, e especialmente de retratar pessoas solitárias que aprenderam a lidar apenas consigo mesmas. Em Ela (Her), Jonze acerta mais uma vez e, digamos, consegue até provar um pouco do otimismo cego que atinge os corações dos infelizes apaixonados.