Melhores Cenas Com Músicas do Cinema em 2012

O Cinema de Buteco convidou algumas pessoas bem especiais para participarem conosco de uma seleção especial com as melhores cenas do cinema em 2012 que envolveram algum tipo de trilha sonora. Selecionamos mais de 20 cenas, algumas do mesmo filme, então corre o risco de você encontrar a sua cena musical favorita na lista. Se não encontrar, não se acanhe: deixe um comentário indicando qual faltou.

Obrigado Eduardo Monteiro, do Cinema sem Erros; Marcelo Seabra, do Pipoqueiro; Ana Clara Matta e Matheus Weyh, do Ovo de Fantasma; pela participação.

PS: Algumas cenas/textos incluem spoilers. Cuidado!

“Immigrant Song”, em Millennium – Os Homens Que Não Amavam as Mulheres

A babação de ovo em cima de Adele deu a entender que as pessoas se esqueceram de uma abertura bem melhor que 007 – Operação Skyfall: no começo do ano, David Fincher dirigiu Millennium – Os Homens Que Não Amavam as Mulheres e deixou o espectador chapado logo na abertura, com direito a uma animação que recriava a personagem Lisbeth Salander de uma maneira bem negra. Tudo isso ao som de “Immigrant Song”, música gravada originalmente pelo Led Zeppelin e que ganhou uma versão incrível de Trent Reznor e Karen O. Depois de relembrar essa abertura, você pode começar a se perguntar: “Quem é Adele mesmo?”

“New York, New York”, em Shame

Shame acompanha a vida do viciado em sexo Brandon (interpretado Michael Fassbender) e o quanto a visita de sua carente e autodestrutiva irmã Sissy (papel de Carey Mulligan) atrapalha suas… ações. Em uma linda cena, de cerca de cinco minutos, Sissy, que é cantora, apresenta uma melancólica versão de “New York, New York” (imortalizada no filme homônimo de Scorsese), fazendo seu irmão, que até então parecia um homem duro (sem piadinhas) e insensível, soltar discretas lágrimas. Há quem discorde da beleza da cena, e admito que Mulligan não é nenhuma diva musical, mas moça também não faz feio e nos faz enxergar, através de sua voz, que aquela relação fraternal é muito mais profunda e dolorida do que é mostrado no filme. (Larissa Padron)

“Skyfall”, em 007 – Operação Skyfall

Adele foi escolhida como a cantora da faixa-tema “Skyfall”. A música é de uma qualidade surpreendente e capaz de vencer até mesmo os ouvintes que tem certo preconceito contra o hype em torno da diva da vez na música pop. Os arranjos remetem aos temas mais clássicos de James Bond, ao mesmo tempo que tem o DNA do trabalho autoral da cantora. Como é praxe, a música é cantada logo durante os sempre eficientes créditos iniciais criados por Daniel Kleinman, que garante o retorno das insinuantes silhuetas femininas em uma animação que lembra bastante o trabalho da MK12 no filme anterior, 007 – Quantun of Solace. (Tullio Dias)

“Feeling Good”, em Intocáveis

Quem já “voou” de Paraglider sabe o quanto a sensação é boa. A escolha de “Feeling Good”, na voz de Nina Simone, foi o tiro de misericórdia que deixou Intocáveis com um lugar garantido na minha lista pessoal de melhores comédias do ano. O clima leve, feito exclusivamente para agradar  o máximo possível do público, acaba funcionando e tornando a história de amizade dos dois personagens envolvente, mas essa cena em especial resume bem toda a trama. Arrepiante. (Tullio Dias)

“Come on Eileen”, em As Vantagens de Ser Invisível

Ao som de Come On Eileen (editada de forma inteligente para se adequar à ação), Charlie (Logan Lerman, surpreendente) enfrenta sua timidez e caminha em direção a uma agitada pista de dança, arriscando passos de dança contidos e desajeitados. O que se segue é o acolhimento do rapaz por Sam (Emma Watson) e Patrick (Ezra Miller), que, pode-se concluir, ocorre não só na literalidade daquela situação particular, mas também no campo emocional, ao estabelecer em definitivo a receptividade dos meios-irmãos com relação ao protagonista e cimentar de vez amizade do trio. (Eduardo Monteiro, do blog Cinema sem Erros)

“Heroes”, de As Vantagens de Ser Invisível

Desde que conheci David Bowie, reparei que ele é um músico marcante pra muita gente. Em As Vantagens de Ser Invisível isso não é diferente. A canção “Heroes” embala uma das melhores cenas do filme, onde os personagens estão num carro passando por um túnel com o som no máximo. O mais curioso é o fato deles não conhecerem a música, muito menos o cantor! Mas por se passar na década de 90, não existia a facilidade das interwebs e downloads, o music share era a base de mixtape em k7! Uma ótima música pra um ótimo filme. (Wendel Wonka)

Várias, em Sombras da Noite

A proposta é escolher uma cena do filme, mas a verdade é que, em Sombras da Noite, as músicas são o principal atrativo e há várias cenas que fazem bom uso de uma canção popular. O longa já começa com “Nights in White Satin, dos ingleses do Moody Blues, durante a apresentação da cidade nos anos 70, quando notamos as diferenças que o protagonista, Barnabas Collins, irá encontrar ao acordar de seu longo sono. Ao mesmo tempo, a garota Vicky é introduzida na história e a música já dá o tom do que virá. Na cena em que conhecemos os moradores da mansão, durante o jantar, temos Donovan e sua psicodélica “Season of the Witch”, longe de ser uma música agradável e sem sal para se ouvir ao jantar – a exemplo de Beleza Americana. Para reforçar o estranhamento de Barnabas na década de 70, poucas canções seriam melhores que “Superfly, o tema do filme homônimo de 1972 composto por Curtis Mayfield e que marcou o gênero Blaxploitation.

Com uma pitada de sarcasmo, o diretor Tim Burton usa “Top of the World”, balada bonitinha dos Carpenters, ao mostrar como andam os negócios da família, que não poderiam estar piores. Para embalar uma cena apaixonada de sexo selvagem, ninguém melhor que Barry White e sua clássica “You’re the First, the Last, My Everything, já usada em tantos momentos românticos no Cinema e aqui tratada com humor, já que o envolvimento entre os personagens é meio esdrúxulo. E outra música a ser ressaltada em Sombras da Noite é “No More Mr. Nice Guy, que ainda é seguida por “Ballad of Dwight Fry”, ambas de Alice Cooper. O cantor faz uma participação no longa e acaba sendo alvo de piadas – apesar de estar no auge da fama na época, Barnabas nunca ouviu falar e o classifica como “a mulher mais feia que já vi”. Uma pena que, com tantas músicas boas e cenas espirituosas, o resultado tenha saído tão duvidoso. (Marcelo Seabra, do blog O Pipoqueiro)

“Qui Aimé-tu?”, em As Bem-Amadas

Christophe Honoré tem uma visão curiosa e flexível do amor e dos relacionamentos, e em As Bem-Amadas, nos faz torcer mais uma vez por um casal improvável, impossível. As performances de Chiara Mastroianni e Paul Schneider são espetaculares durante todo o filme, mas é nessa cena, a melhor cena musical do ano para mim (em um sentido bem estreito de musical, com a letra da canção funcionando como parte da narrativa), que tudo se encaixa perfeitamente. Com um aceno sutil através do título da canção “Quem você ama?”, como sempre composta pelo sensacional Alex Beaupain, Honoré liga essa cena da maturidade de Henderson e Véra ao momento do primeiro encontro dos dois, que acontece ao som do clássico do blues “Who do you love?”. (Ana Clara Matta, do site Ovo de Fantasma)

“All My Friends”, em Shut Up And Play the Hits

Quando os primeiros acordes de “All My Friends” começaram, eu não consegui conter o choro. Dentro de um IFC Theater lotado, vi homens, que tinham mais barba que eu, soluçando. Toda a letra da música parecia fazer sentido, a performance do frontman, James Murphy, a emoção que essa música traz. Como o próprio canta no último verso: “To tell the truth, this could be the last time”. As lágrimas não foram contidas. (Matheus Weyh, do site Ovo de Fantasma)

“Itsy Bitsy Petit Bikini”, em As Mulheres do Sexto Andar
Temendo não dar conta da carga de trabalhos domésticos solicitada pela patroa no primeiro dia de serviço, María (Natalia Verbeke) pede ajuda à tia Concepción (Carmen Maura), que trabalha do outro lado da rua e, prontamente, convoca e atribui tarefas às empregadas espanholas da vizinhança. Apesar das obrigações particulares de umas e da rabugice de outras, o que se vê em abundância – e ao som de “Itsy Bitsy Petit Bikini” – é o alto astral, o companheirismo e o calor humano que tanto diferenciam as mulheres do sexto andar de seus patrões, secos e pedantes. (Eduardo Monteiro)

 “Let My Baby Ride”, em Holy Motors

Se houvesse um ranking para selecionar a melhor cena musical do ano, o sensacional plano sequência musical de Holy Motors ganharia o título facilmente. Tudo bem que existe um corte depois dos primeiros dois minutos, mas mesmo assim não tem como ignorar a força e energia da cena. Os indies de plantão devem ter se lembrado de um clipe do cantor Beirut, “Nantes”, ou daquela A Banda Mais Bonita da Cidade, “Oração”, só que não adianta: “Let my Baby Ride” chuta traseiros. Epic win.

“Take This Waltz”, de Entre o Amor e a Paixão

Um dos motivos que me fizeram gostar tanto de Entre o Amor e a Paixão foi justamente essa cena. A diretora é muito inteligente e danada: conseguiu usar uma única sequência (ao som da canção de Leonard Cohen que batiza o filme) para resumir toda a obra e dar um tapa na cara da personagem e do espectador: o calor nunca será eterno. Enquanto Cohen canta seus belos versos, assistimos ao sexo selvagem dos personagens. Eles transam como coelhos, sempre em posições ousadas. Tem clima até para um menage a trois para agradar o menino e outro para agradar a menina. Mas logo eles transam de roupa, em um papai-mamãe sem graça. Momentos depois estão exatamente da mesma maneira como Michelle Williams estava com Seth Rogen no começo do filme. É incrível.  (Tullio Dias)

“Stayin Alive”, em Ted

O que você poderia esperar de uma cena que faz paródia da paródia? Acertou em cheio se respondeu risadas. A melhor comédia do ano, na minha opinião, conta com três momentos musicais hilários, e o melhor deles é ao som de “Stayin Alive”, do Bee Gees. Para quem não sabe, uma cena idêntica está em Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu! A diferença é que não era a Mila Kunis dançando de maneira sensual. Se você nunca assistiu, não se preocupe: irei subverter o conceito da lista e publicar a cena original. (Tullio Dias)

“A Real Hero”, em Drive

A faixa “A Real Hero” embala um dos momentos mais sensíveis de Drive. Os desavisados podem ficar enjoados com o romantismo da cena, mas a verdade é que tudo não passa de um alívio falso para toda a violência que viria logo em seguida. Existem outras canções, além do material composto originalmente para o filme (especialmente na tensa introdução), que poderiam muito bem encaixar no nosso especial, só que teremos que nos “contentar” apenas com Ryan Gosling passeando de carro com Carey Mulligan e seu filho. (Tullio Dias)

“Fireworks”, em Ferrugem e Ossos

Eu nunca vi nada de bom para se admirar em Katy Perry, mas tenho que torcer o nariz e dizer que na interpretação de Marion Cotillard até mesmo uma música chata como “Fireworks” ganha uma beleza peculiar. É como Paula Toller disse uma vez depois de cantar um funk em uma apresentação do Kid Abelha: “Basta ter um pouquinho de classe”. A cena abaixo é linda, e dependendo do seu envolvimento com a trama poderá arrancar lágrimas.

“When the Levee Breaks”, em Argo

Argo é um filme tenso, embora tenha alguns alívios cômicos, o trabalho mais recente de Ben Affleck é na sua maior parte do tempo bastante tenso. É notável que em uma das raras cenas de descontração do filme e de seus personagens toque “When the Levee Breaks” do Led Zeppelin. Vejamos o próprio título da música: “quando a barragem se romper”, que no filme representa a segurança que os personagens estão sentindo e que pode ser quebrada a qualquer momento. A música é perfeita para sintetizar a momentaneidade daquela situação de felicidade. (João Golin)

“Le temps de l’amour”, em Moonrise Kingdom

Ah, o amor jovem! A natureza, os tempos de outrora, a música francesa, o primeiro beijo e as promessas inocentes! Toda trilha de Wes Anderson é (muito bem) escolhida a dedo, e a de Moonrise Kingdom tem vários momentos icônicos. Essa dancinha “vintage” feita pra selar o romance dos protagonistas é o máximo. O que é esse moleque dançando, gente? Quão esquisitinho e fantástico ele é? O personagem é ótimo, mas essa cena é de matar. Melhor coisa do filme inteiro. (Fernanda Minucci)

“Til Kingdom Come”, em O Espetacular Homem-Aranha

Arrisco dizer que a minha cena favorita do novo filme do Homem-Aranha é um dos únicos momentos bons da produção dirigida por Marc Webb. Ao som de “Til Kingdom Come, do Coldplay, Peter Parker (Andrew Garfield) flerta com Gwen Stacy (Emma Stone) de uma maneira doce, exatamente como acontece com quem é tímido e apaixonado demais para conseguir agir da maneira como “eles” esperam. Logo na sequência, Peter começa a brincar em um galpão e descobre mais sobre os seus poderes. Não é nada de outro mundo, mas dá para convencer como um adolescente que acabou de ganhar uma enorme responsabilidade. (Tullio Dias)

“People Are Strange”, em Vizinhos Imediatos de 3º Grau

Músicas foram usadas sabiamente ao longo da comédia estrelada por Vince Vaughn e Ben Stiller, mas uma cena em especial merece um olhar mais atento. No começo da trama, o personagem de Stiller corre pela vizinhança, que é apresentada para o espectador. Essa apresentação é importante para fazer uma piada seguinte funcionar: após descobrirem que existe um alien infiltrado no bairro, Stiller e seus companheiros passam a observar todos com mais atenção e cautela, desconfiando até mesmo da pobre oriental que gosta de molhar o seu jardim. A trilha sonora com “People Are Strange”, do The Doors, é uma escolha genial e capaz de arrancar boas risadas. (Tullio Dias)

“I Believe in Love”, em Espelho, Espelho Meu

Escrevi o seguinte na minha crítica do filme: “A cena final de Espelho, Espelho Meu explica melhor os motivos que faziam os personagens viverem dançando e cantando: na verdade, toda a população daquele reino eram os ancestrais dos inventores de Bollywood, o que fica explícito durante a divertidíssima sequência de dança estrelada por Collins, os anões e todos os outros personagens da trama.” E sinceramente? Foi um dos números musicais mais divertidos de 2012, independente de quão brega isso possa parecer. (Tullio Dias)

[cinco]