PRA VOCÊ VER COMO SÃO AS COISAS: em janeiro de 2016, o editor do Cinema de Buteco, Tullio Dias, me convidou para participar de uma coluna recém-criada contando um pouco sobre os filmes que vi durante o mês. Outros membros do Buteco também entraram na onda.
Doze meses e várias colunas depois, cá estou eu para finalizar a minha jornada cinematográfica do ano passado, com um post atrasado sobre os filmes que vi em novembro e dezembro. Encerrei 2016 com meros 150 filmes, sendo 137 que eu nunca tinha visto antes. É um número pífio comparado com outros participantes da coluna, como o Tullio (que chegou a 150 em maio) e o Alex Gonçalves (em abril!). Mas no fim das contas, fui o único a chegar a dezembro: o próprio Tullio, idealizador da parada, não voltou mais depois de maio. Encham o saco dele no Twitter pra cobrar o resto!
Novembro
139- Procurando Dory (2016): A animação mais recente da Pixar é um filme divertido e tem momentos emocionantes, além de um novo coadjuvante que rouba a cena (o camaleônico polvo Hank), mas perde pontos por repetir a mesma estrutura/fórmula de seu predecessor. Curiosamente, Marlin e Nemo são os personagens mais dispensáveis desta sequência…
140- Doutor Estranho (2016): É bom ver um filme da Marvel que não precisa de um milhão de referências às outras obras do estúdio, contando uma história intrigante e humana — ao mesmo tempo que totalmente fantasiosa — com talvez os melhores efeitos visuais do ano (disputando com Mogli). Mas como sempre, a metade “origem” funciona melhor que a metade “herói vs vilão”, resultando em um filme irregular.
141- Animais Fantásticos e Onde Habitam (2016): Fiquei meio decepcionado com esse retorno cinematográfico ao universo de J. K. Rowling. São muitos momentos honestamente infantis, com aquele tanto de gente atrapalhada correndo atrás de bichinhos, mas a coisa melhora um pouco na segunda metade, mais sombria.
142- O Sushi dos Sonhos de Jiro (2011): Um dos mais famosos restaurantes de sushi do mundo tem apenas uns oito lugares, requer reservas com semanas de antecedência e custa mais de R$ 800 por refeição. Este interessante documentário segue a rotina do restaurante e seu chef nonagenário. Será melhor assistir antes ou depois de ver Procurando Dory?
Dezembro
143- A Chegada (2016): No melhor sci-fi do ano, a porradaria intergaláctica dá lugar a uma trama sobre linguagem e entendimento mútuo, colocando Denis Villeneuve definitivamente entre um dos diretores mais interessantes da atualidade — e que retorna em breve com a sequência de Blade Runner.
144- Elis (2016): O filme é irregular e traz os problemas típicos de cinebiografias, como a história episódica que atravessa vários anos e os personagens avulsos que desaparecem pra não voltar mais (como o pai da protagonista). Mas Andréia Horta é competente em reproduzir os sorrisos e trejeitos de Elis Regina (embora pudesse ter perdido o sotaque mineiro), e o resto do elenco — Gustavo Machado como Ronaldo Bôscoli, Caco Ciocler como César Camargo Mariano, Lúcio Mauro Filho como Miéle… — também faz um bom trabalho.
145- Batman – O Retorno da Dupla Dinâmica (2016): O Batman esteve por todo canto em 2016, incluindo Batman vs Superman, Esquadrão Suicida e A Piada Mortal, mas esta animação passou meio batida e vale a conferida – principalmente pra quem está cansado de tanta sisudez no Homem-Morcego. Aqui temos ninguém menos que Adam West e Burt Ward dublando Batman e Robin num longa que reproduz com perfeição o espírito zoado da série que eles protagonizaram nos anos 60. Tem de tudo: onomatopeias na tela, bat-trecos bizarros, piadas metalinguísticas e todos os personagens clássicos, incluindo a Mulher-Gato (também dublada por sua intérprete original, Julie Newmar), Coringa, Charada, Pinguim, o Chefe O’Hara e até a tia do Batman. Santa nostalgia!
146- Kubo e as Cordas Mágicas (2016): O visual é tão impressionante que a maior parte do público vai achar que se trata de computação gráfica, mas é stop-motion, e um dos mais bem feitos que já pintaram por aí. Junte a divertida química entre os personagens — um garoto, um macaco e um homem-besouro! — e temos uma das melhores animações do ano.
147- Festa da Salsicha (2016): Repleto de piadas sexuais, escatologia e cenas de terror, este é um filme para manter bem longe das crianças e tirar esse estigma de que toda animação precisa ser pra toda a família. Mas mesmo muitos adultos vão achar Festa da Salsicha de mau gosto, com sua trama anti-religiosa sobre alimentos num supermercado descobrindo que o “além” — o que acontece depois que os “deuses” humanos os colocam num carrinho e os levam pra casa — não é exatamente uma maravilha como eles achavam. Eu ri pacas e achei não só uma das melhores animações do ano, como uma das melhores comédias também.
148- Pets – A Vida Secreta dos Bichos (2016): Basicamente uma cópia do primeiro Toy Story — você descobre o que os bichos fazem quando seus donos não estão por perto; um novo cão chega pra atrapalhar a rotina de outro que era o queridinho da dona; os dois acabam se perdendo na cidade grande e vivendo grandes aventuras tentando voltar pra casa —, mas sem um pingo da mesma graça. Melhor passar duas horas assistindo vídeos de cachorros e gatos no YouTube.
149- Rogue One: Uma História Star Wars (2016): As comparações com O Despertar da Força são inevitáveis, e pra mim o primeiro spin-off de Star Wars, embora não seja um filme ruim, perde para o Episódio VII em praticamente todos os quesitos. É louvável a decisão de mudar o gênero e fazer um filme de guerra dentro do mesmo universo, mas senti falta do fator “diversão”. Não me identifiquei muito com nenhum dos novos personagens, a não ser pelo droide K-2SO (justamente o alívio cômico), e o Peter Cushing digital me jogava pra fora do filme toda vez que aparecia falando daquele jeito esquisito. Mas só a cena final com Darth Vader já valeu o ingresso…
150- Caça-Fantasmas (2016): Cheio de referências ao primeiro Caça-Fantasmas (a nova versão do Monstro de Marshmellow foi uma boa sacada, e é legal ver Dan Aykroyd e Ernie Hudson novamente depois de tanto tempo), este é um remake que nunca sai da sombra do original, mas funciona como passatempo descompromissado e divertido.
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