20 anos em 2020

Filmes que Completam 20 Anos em 2020

FILMES QUE COMPLETAM 20 ANOS EM 2020: PARECE QUE FOI ONTEM, MAS O ANO 2000 FOI HÁ DUAS DÉCADAS. POR ISSO, NOSSA EQUIPE FEZ UMA SELEÇÃO ESPECIAL COM 20 FILMES QUE COMPLETAM 20 ANOS EM 2020. CONFIRA E DEIXE O SEU COMENTÁRIO!

 

Gladiador (EUA/Reino Unido)

filmes que completam 20 anos em 2020A verdade é que Ridley Scott é um grande cineasta e sabe contar uma história muito bem (exceto, talvez em O Conselheiro do Crime). Gladiador tem um herói carismático numa jornada para buscar a sua redenção, um vilão nojento, uma donzela em uma situação de risco, elementos cativantes (vingança, traições, superação, honra, amizade, respeito etc), uma trilha sonora com forte presença, belas coreografias para as lutas, e principalmente: um cara competente na cadeira de diretor. Sem ele, nada disso seria possível.

Clássico do cinema moderno e uma das principais obras da carreira de Ridley Scott (mesmo não fazendo parte do meu ranking de cinco favoritos), Gladiador é um filme indispensável para os cinéfilos e apaixonados por boas histórias e não poderia faltar na nossa lista de filmes que completam 20 anos em 2020. (Tullio Dias).

Disponível na Netflix e na Amazon Prime.

 

Náufrago (EUA)

Muito lembrado pelo grito “Wiiiillllsoooon”, Náufrago é o filme que nos mostrou que Tom Hanks é um grande ator até falando sozinho numa ilha deserta; ou contracenando com uma bola de vôlei, o tal Wilson. Hanks se reuniu com seu diretor em Forrest Gump (1994), Robert Zemeckis, para uma nova colaboração. Os dois foram largamente premiados anteriormente, com seis Oscars, três Globos de Ouro e um BAFTA, entre voutros, e a química funcionou novamente. Náufrago não é tão épico, mas funciona igualmente bem.

Com roteiro de William Broyles Jr. (Apollo 13, também com Hanks no elenco), Zemeckis nos apresenta a história de Chuck Noland, um executivo de um serviço de entregas que sobrevive à queda do avião da empresa e vai parar numa praia, onde é obrigado a passar um bom tempo. Isolado – e sem precisar de uma pandemia -, ele aprende a se virar e tenta manter a sanidade, agarrado à esperança de um dia ser encontrado. São quase duas horas e meia de ótimo entretenimento, que nos faz pensar em várias questões, a começar pela importância de viver e valorizar o agora (Marcelo Seabra).

Disponível na Amazon Prime, Telecine Play e Globoplay.

 

O Auto da Compadecida (Brasil)

O Auto da Compadecida é, antes de tudo, um clássico da literatura brasileira. Escrito em 1955, conta a triste história dos jagunços nordestinos que passavam fome mas não perdiam a vontade de viver. É um povo que se apóia na fé, no “padin Ciço”, no destino que Deus traçou. Dois desses jagunços são João Grilo e Chicó, o mais covarde e o mais mentiroso do sertão, respectivamente.

O filme conta as peripércias da dupla, que sempre arrumam um jeito de sobreviver à fome e às outras mazelas da vida. João Grilo, utilizando a cabeça, engana mas não mente; passa a perna no padre, no padeiro e até no cangaceiro. Chicó é um pobre diabo que de medo treme mais que vara verde; sua força é a fé e o coração mole. De um modo super divertido, acompanhamos a saga dos dois, desde as enganações bem sucedidas, até o encontro de João Grilo com o coisa-ruim, a intervenção de Nossa Senhora, e a redenção. No fim, é a honestidade do povo simples e sofrido que nos dá uma “lição”. Essa é a dica nacional para o especial de filmes que completam 20 anos em 2020!

 

O Tigre e o Dragão (Taiwan)

Wuxia é um gênero literário originário da China que mistura fantasia e artes marciais. Wuxia significa cavaleiro honrado, ou ainda herói militar. Um tema constante das histórias wuxia é quando o herói transcende suas habilidades ao máximo através da concentração, da repressão de suas emoções e de muito estudo. Existem dois estilos para se atingir isso, o Wudan (que usa a força interior) e o Shaolin (que usa a força exterior), apesar de algumas diferenças ambos pregam a busca do equilíbrio. O gênero Wuxia no cinema é bastante tradicional, mas no caso de O Tigre e o Dragão temos uma quebra de paradigma, tanto na qualidade da produção, quanto no alcance mundial que o filme obteve. O filme possui várias camadas, mas a temática principal é a vingança. Só que uma escalada de vingança nunca acaba a menos que alguém tenha a sabedoria suficiente de romper o ciclo de ódio e sede de justiça. Durante o filme podemos observar o padrão bem descrito por Michael Corleone em o Poderoso Chefão III: “Por mais que eu tente sair eles me puxam de volta!”.

Destaque para as lutas e fotografias. Também não é surpresa que os filmes de cultura oriental possuam fotografia tão boas. A cultura oriental se preocupa muito com a apresentação da comida, por exemplo, ou ainda da decoração de jardins, interiores e fachadas. Esta obsessão pela beleza e apresentação nada mais do que migrou do cotidiano para as telas a partir da produção de filmes (Leonardo Carnelos).

 

A Professora da Piano (França)

Pode-se esperar do homem a mais genial das criações. Mas também o mais esquisito dos hábitos. Qual a origem deles? O que torna o homem ser passível de tanta corrupção (no sentido mais amplo da palavra)? Este é tema recorrente dos filmes de Michael Haneke, o problema do mal: de onde ele vem e até que ponto pode chegar? O que move o homem para atitudes e escolhas basicamente más? Em Professora de Piano nos deparamos com essa realidade, mais uma vez genialmente filmada por Haneke.

Conhecida por sua didática rígida porém eficiente, Erika Kohut (Isabelle Huppert) é uma professora de piano solicitada do conservatório de Viena. Em um recital particular ela conhece Walter (Benoít Magimel), que logo passa a admirá-la. Na medida em que Walter fica mais íntimo da professora (o que acontece pela primeira vez depois de uma cena que choca pela frieza e maldade da protagonista), ele passa a conhecer também outro lado desta enigmática mulher: ela guarda consigo formas bem específicas e nada ortodoxas de conseguir prazer.

Haneke gosta de retratar a intimidade com traços nada coloridos. É entre quatro paredes, ou no mais secreto dos pensamentos que o ser humano se revela. É no contato com o outro que isto se evidencia. Querer conhecer alguém pode se revelar uma opção complicada. Aparências são muito mais agradáveis (João).

 

Snatch – Porcos e Diamantes (Reino Unido)

Snatch conta a história de vários personagens que mantém uma relação, mesmo que indireta, de dependência entre si. Turkish (Jason Stathan), Franky Four Fingers (Del Toro), e Bullet Tooth Tony (Vinnie Jones) são algumas das figuras centrais do enredo, que gira em torno de um diamante de 84 quilates. No meio dessa confusão, em seu canto, sem incomodar ninguém, está o incrível Brad Pitt em, na minha opinião, um de seus melhores papéis, como o cigano Mickey O’Nell.

A trama é narrada pelo personagem Turkish, que, com pitadas de um humor irônico e sarcástico, nos guia aos fatos pela sua perspectiva. O resultado é um relato real e engraçado, onde tudo que pode dar errado, provavelmente vai dar errado. Dá para comparar o estilo do diretor Guy Ritchie traçando um paralelo entre Snatch e Rock N’ Rolla. A mesma introdução forte, que indica que não vem um filme qualquer por aí, a apresentação dos personagens, a câmera lenta e as montagens, além da bela trilha-sonora; provas de que o diretor é bom no que faz.

Disponível na Globoplay.

 

Amnésia (EUA)

Amnésia PosterEm Amnésia, Christopher Nolan deixa o seu cartão de visitas para o grande público e dirige um filme complexo e capaz de travar a CPU mental dos espectadores mais distraídos. Contado inteiramente de trás para frente, o enredo apresenta Leonard Shelby (Guy Pearce) como um homem atormentado e que sofre de uma curiosa condição: ele é incapaz de memorizar coisas recentes. Ele sofreu um sério ferimento na cabeça ao tentar evitar que a mulher fosse estuprada e assassinada, e anos depois, seu único objetivo é encontrar o homem que acabou com sua vida.

É uma daquelas histórias em você não pode piscar os olhos para evitar o risco de perder qualquer detalhe, por menor que seja. Existem pessoas que detestam esse tipo de longa-metragem, especialmente quem costuma afirmar que assiste filme apenas para se distrair e que gosta de desligar o cérebro. Nada contra esse tipo de público, mas preciso admitir que o cinema de Christopher Nolan não é para os preguiçosos que não sabem desfrutar uma boa história, de uma narrativa complexa, ou enxergar de verdade o que existe nas entrelinhas (Tullio Dias).

Disponível na Amazon Prime e na Globoplay.

 

E aí, meu irmão, cadê você? (EUA)

E aí, meu Irmão, cadê você? é uma releitura da Odisseia. No poema épico, Odisseu (também conhecido como Ulisses na tradução latina) tenta regressar à sua casa após o fim da guerra de Tróia. O filme dos irmãos Coen também acompanha “Ulisses”, Everett Ulysses McGill (George Clooney), um bandido de quinta categoria que, durante a grande depressão americana dos anos 30, tenta reaver sua vida depois de fugir da cadeia com os seus comparsas Pete (John Turturro) e Delmar (Tim Blake Nelson).

A divertida película, ao adaptar passagens icônicas da obra de Homero, tais como o ciclope e as sereias, aborda de maneira divertida e crítica as mudanças socioculturais de um país que se moderniza. Uma excelente e inteligente comédia com reflexões oportunas (Lucas Siqueira).

 

Erin Brockovich (EUA)

Erin (Julia Roberts) era uma mulher batalhadora, sem curso superior, que não se contentou em ser apenas a assistente no pequeno escritório de advocacia comandado por Ed Masry (Albert Finney). Por isso, ela iniciou uma profunda investigação sobre os problemas de saúde causados pela água nos moradores, enfrentou advogados poderosos e, até mesmo, a descrença de seu chefe. No fim, ela conquistou, na justiça, uma indenização de mais de 330 milhões de dólares para as vítimas.

O diretor Steven Soderbergh foi ousado ao levar essa história real para o cinema, no início do século XXI. Mulher forte, mãe solteira com três filhos, Brockovich travou uma dura batalha contra uma grande empresa que contaminou a água de uma cidade, sendo exemplo de determinação e perseverança, além de ter se tornado uma personagem feminina extremamente importante para a história do cinema. Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento, título no Brasil, foi um dos papéis mais marcantes de Roberts, que levou o Oscar de Melhor Atriz em 2001 (Maristela Bretas).

Disponível na Globoplay.

 

Réquiem para um sonho (EUA)

Poster Requiem Para Um SonhoIndependente de sua qualidade (ou não) ou excesso de moralismo, o longa-metragem de Darren Aronofsky se tornou cult e sempre é lembrado quando se fala em produções sobre a dependência. Um dos “méritos” da obra é mostrar como os usuários chegam ao seu limite. A degradação dos protagonistas mexe com as emoções do espectador sem fazer distinções entre os que já experimentaram ou não substâncias químicas.

Apesar de seus defeitos, confesso ter um carinho especial pelo longa-metragem e, especialmente, por Aronofsky. Réquiem Para Um Sonho apenas não resistiu ao teste do tempo e envelheceu mal, ainda mais quando comparado com Trainspotting, por exemplo. Seus pontos positivos envolvem apresentar ao mundo do cinema um cineasta talentoso e um dos melhores compositores da atualidade. Apenas por esses detalhes, podemos dizer que se trata de um filme especial (Tullio Dias).

Disponível na Amazon Prime e no Telecine Play.