O Cinema de Buteco selecionou alguns dos melhores longa-metragens para serem vistos no dia dos pais. Confira!
O CINEMA DE BUTECO CELEBRA O DIA DOS PAIS COM UMA SELEÇÃO DE ALGUNS DOS NOSSOS FILMES FAVORITOS para homenagearmos os nossos pais. Decidimos fazer uma lista misturando material recente e clássicos, e infelizmente não é possível falar de todos personagens que conseguiram nos inspirar para o nosso próprio comportamento na vida real, com lições de vida que se tornaram eternas.
Aproveite para deixar um comentário com os seus pais favoritos do cinema!
Uma Babá Quase Perfeita
Imagine um pai que, após perder a guarda de seus filhos e ser obrigado a ficar longe deles, se caracteriza como uma senhora na casa de seus sessenta anos apenas para poder estar sempre próximo dos pequenos? Este é Daniel Hillard (Robin Williams), ou melhor, Mrs.Doubtfire. Se a filmografia de Chris Columbus normalmente dá espaço à abordagem de pais ausentes, neste confortante longa de 1993, podemos presenciar a sua figura patriarcal mais doce, dedicada e divertida. Quem não queria um pai – ou uma babá – assim?
Leonardo Lopes
Procurando Nemo
Nemo pode se orgulhar de ter o melhor pai do oceano. No road movie marítimo Procurando Nemo, o peixinho se perde e deixa o pai desesperado. O resultado é que o peixe Marlin une forças com a esquecida Dory para tentar reencontrar o filho. A dupla improvável passa por uma série de apuros, mas consegue alcançar seu objetivo. Sorte do espectador, que tem em mãos não apenas uma bela história de pai e filho, mas uma das melhores animações produzidas nos últimos anos.
Tullio Dias
Busca Implacável
Até onde um pai iria para salvar sua filha(o)? Eu não sei o meu ou o seu, mas pelo visto o personagem vivido por Liam Neeson em Busca Implacável iria até o inferno. Na história, Neeson interpreta Bryan Mills – um ex-agente do governo. Divorciado, trabalha duro pra fazer sua filha (que vive com a mãe e um ricaço) feliz. O balacobaco começa quando a menina dos seus olhos decide viajar até Paris e é sequestrada por agenciadores de mulheres virgens (sim, isso mesmo), aí meus caros, Bryan com seus talentos na espionagem faz de tudo pra resgatá-la.
O longa-metragem é construído utilizando a velha formula dos filmes de ação: Alguém em perigo + vilões caricatos + herói boa praça. Sim, é aquele mesmo clichê de sempre, e você já sabe o final, mas ainda assim é interessante ver Liam Neeson distribuindo porrada e tiros em todos que passam pela frente.
Angelo Costa, do Fala Cinéfilo
Kick-Ass
Damon MacReady (Nicolas Cage) talvez não seja o tipo de pai que estamos acostumados a ver por aí. Na verdade, definitivamente ele não é um pai muito convencional mesmo. Ou você acha que ensinar “defesa pessoal” para sua filha que nem chegou direito à puberdade é normal? Para quem não sabe do que estamos falando, em uma das suas primeiras cenas em Kick-Ass, MacReady dispara vários tiros a queima roupa na pequena Hit-Girl (Chloe Moretz). Chocante, né? Apesar de tudo, o paizão em questão deixa grandes lições de sobrevivência para que a filha se torne uma eficiente combatente do crime.
Tullio Dias
Star Wars – Episódio V: O Império Contra-Ataca
Já que estamos falando de pais meio desequilibrados, Darth Vader é uma figura indispensável para aparecer em nossa seleção (além disso, O Império Contra-Ataca é o melhor filme da franquia e merece reconhecimento em toda e qualquer oportunidade). Muitos anos se passaram desde aquela cena em que após decepar a mão de Luke Skywalker, o Lord Vader disparou a revelação mais marcante do cinema: “Eu sou o seu pai”. A relação entre pai e filhos nunca foi muito saudável em Star Wars, ainda mais quando nosso protagonista cresceu sem uma figura paterna para se inspirar. Vader é um personagem sofrido, que vive um eterno conflito interno entre o certo e o errado, e quando descobre a existência de seus filhos Luke e Leia, começa a cogitar um mundo em que ele dominaria toda a galáxia ao lado de sua família. Meio complicado.
Tullio Dias
A Estrada
Viggo Mortensen interpreta um pai solitário que precisa garantir a sobrevivência do seu filho em um mundo apocalíptico. Os poucos sobreviventes se tornaram animais irracionais que perseguem e atacam mulheres e crianças para saciar suas necessidades. É uma terra sem lei, na qual a morte está presente em todos os lugares. A Estrada não é uma produção muito fácil de ser digerida, especialmente pelo teor de violência, mas se trata de uma produção altamente recomendada. Aqui nós temos um pai disposto a tudo para se esforçar em garantir esperança para seu filho. Podemos dizer que é uma espécie de À Procura da Felicidade do apocalipse.
Tullio Dias
Os Descendentes
George Clooney interpreta Matt King, um advogado resignado que tem que dar conta de si e de suas filhas (uma menina e uma adolescente – a promissora Shailene Woodley), quando sua esposa entra em coma após um acidente, precisando entender em que ponto sua vida está e o que fazer daí por diante. Com a rasteira do destino que o obriga a sair da inércia, o filme adquire contornos de um road movie, em que a experiência da viagem é vital para a transcendência das personagens.
Ana Andrade
Toda Forma de Amor
Aos 79 anos, Hal Fields (Christopher Plummer) consegue dizer ao filho, Oliver (Ewan McGregor), que é gay. E que passou a vida toda escondendo sua orientação sexual, forçando uma vida heteronormativa (com casamento e filho) para se enquadrar nos padrões e não ser taxado de doente. Somente após a morte da esposa ele se sente à vontade para ser quem realmente é. “Não quero só ser gay na teoria, quero fazer algo”, diz ele. E, nessa nova vida, surge a leveza, os passos de dança, a alegria, um cachorro e um namorado; tudo o que o faça se sentir mais feliz é permitido. E é aí que Hal nasce para Oliver como um pai de verdade.
Aline Monteiro
Uma Vida Melhor
Carlos é um mexicano que vive ilegalmente nos Estados Unidos com o filho adolescente (que gosta de más companhias) e se vê perdido quando seu o caminhão, recém-comprado para que Carlos pudesse trabalhar, é roubado. Sem poder acionar a polícia, o imigrante precisa resgatar o caminhão e consegue nos comover com a determinação em manter-se íntegro e passar seus valores ao filho. O filme tem DNA de “Ladrões de Bicicleta”, de Vittorio De Sica, mas tem seus méritos graças a boa transposição da histórias para os dias atuais, os obstáculos de Carlos e também pela bela atuação de Demián Bichir, que concorreu ao Oscar de Melhor Ator pelo título.
Graciela Paciência
Guerra dos Mundos
Como é comum na filmografia de Spielberg, o foco da obra não está na invasão extraterrestre, e sim na relação entre Ray (Tom Cruise) e seus filhos Robbie (Justin Chatwin) e Rachel (Dakota Fanning). O mundo inteiro está em colapso e Ray precisa aprender a deixar de ser um sujeito egocêntrico para conseguir garantir a sobrevivência de seus filhos. O lado paternal de Ray “nasce” diante o risco real da morte. Ele luta para preservar o adolescente rebelde, que cresceu sofrendo com o distanciamento com seu pai, e para convencer a jovem Rachel de que ele pode oferecer segurança. É elegante perceber a evolução de Ray ao longo da história. Especialmente nos momentos extremos, como quando ele é obrigado a sacar uma arma para impedir a morte dos filhos, e também na bela cena em que decide matar o maluco interpretado por Tim Robbins. Aliás, é merecido citar o belo trabalho do diretor de fotografia Janusz Kaminski, que transforma Tom Cruise em uma sombra prestes a cometer um ato cruel e sem volta. A câmera deixa Robbins em primeiro plano e Cruise surge logo no fundo, mas não conseguimos enxergar o rosto do ator.
Tullio Dias
Estrada Para a Perdição
Assim como acontece em O Poderoso Chefão, existe muito de respeito entre os personagens de Estrada Para a Perdição, de Sam Mendes. Paul Newman interpreta o pai biológico de Daniel Craig (no começo da carreira) e “pai de criação” de Tom Hanks. A relação estremece depois que a família de Hanks é assassinada e sobra apenas o filho mais velho (e rebelde). Para não serem mortos, Hanks precisa arrastar o filho para uma longa viagem enquanto são seguidos por um matador de aluguel (Jude Law). Questões de amor, perdão, frustrações e honra são abordados ao longo da produção, que é tão boa quanto qualquer outro filme de máfia que você já tenha ouvido falar.
Tullio Dias
A Noviça Rebelde
Imagine perder a esposa e ter sete filhos, de idades que variam de 16 a 5 anos, para criar! Não deve ser fácil. E, com certeza, deve ter assustado bastante o Capitão Von Trapp (Christopher Plummer). Talvez seja o medo de falhar com os filhos que fez com que o pai, até então amoroso, se tornasse o irascível capitão de um navio também no lar: nada que o fizesse se lembrar da esposa era permitido.
Se foi a perda do amor que fez do Capitão Von Trapp um tirano, a descoberta de um novo amor – a governanta Maria (Julie Andrews) – contribuiu para que os filhos pudessem ter de volta o pai de verdade, que se escondia embaixo da casca dura de militar. Assim, música, risos e brincadeiras puderam, enfim, voltar àquela casa. Mesmo com os nazistas no encalço…
Aline Monteiro
A Garota de Rosa Shocking
Numa época em que o divórcio era algo cada vez mais presente nas famílias americanas, os pais eram sempre vistos como o ser irresponsável que saiu de casa e deixou a mulher com os filhos. É só lembrar o filme E.T. para visualizar essa afirmação. No caso de A Garota de Rosa Shocking (Pretty in Pink), as coisas são diferentes: o pai e a filha Andie foram abandonados pela matriarca. Com dificuldades financeiras e poucos amigos, Andie e seu pai Jack possuem uma relação sincera, onde ela é mais madura que o homem que a cria. Independente disso, a vida de Jack é praticamente voltada para a adolescente. É impossível não se emocionar com a cena em que os dois discutem por ele ter investido seu escasso dinheiro em um vestido para o baile de formatura de Andie. Assim como a maioria dos filmes de John Hughes e também dos Brat Packs, a mistura da realidade simples e complexa é retratada de forma apaixonante e inesquecível, assim como os seus queridos personagens, sejam pais ou filhos.
Thais Vieira
Questão de Tempo
A genética é uma herança que nossos pais nos deixam, independente da nossa vontade. Na maioria das vezes costumamos herdar traços físicos e psicológicos, mas no caso de Tim (Domhnall Gleeson), ele herdou a habilidade de viajar no tempo. Seu pai, vivido brilhantemente por Bill Nighy, é um velhinho feliz da vida que compartilha o “segredo” com o filho e diz que se trata de uma estranha herança da família, que atingia sempre o filho mais velho. Questão de Tempo, na verdade, é mais uma comédia romântica do que um filme sobre a relação pai e filho, mas é uma história tão emocionante (daquelas que fazem rir e chorar ao mesmo tempo) que seria um pecado não incluir ela de brinde nessa lista. Uma das funções dos nossos pais é dar conselhos, e bem, isso é o que não falta aqui.
Tullio Dias
Armageddon
Claro que muitos estão torcendo o nariz nesse momento e pensando: “O povo do Cinema de Buteco está fazendo outra lista depois de uma orgia etílica no bar deles”. Talvez esse pensamento esteja correto, mas por quê negar a existência de Harry Stamper (Bruce Willis)? No filme sci-fi Armageddon, de Michael Bay, conhecemos esse cara nervoso que fica muito puto da vida depois de descobrir que um de seus funcionários (Ben Affleck) está brincando de médico com a sua filha (Liv Tyler). Para piorar a situação, um asteróide sem graça está em rota de colisão com a Terra e acabará com o planeta todinho. Stamper é um verdadeiro paizão porque depois de tentar esganar o genro que não pediu a Deus, faz as pazes com o sujeito e ainda concede a benção para o futuro casamento – ainda que para isso ele tenha precisado se sacrificar para garantir a sobrevivência da humanidade.
Tullio Dias
À Procura da Felicidade
Will Smith provavelmente se inspirou muito em A Vida é Bela para retratar Chris Gardner em À Procura da Felicidade, longa-metragem baseado numa história real. Chris é um pai desempregado e que após ser abandonado pela esposa precisa dar um jeito de criar o filho, conseguir um emprego, e um lar. Piegas até falar chega, o ponto alto da produção está na atuação surpreendente de Smith, que realmente emociona em determinados momentos.
Tullio Dias
American Pie
Dentre tantos pais inspiradores e que deram belos exemplos para seus filhos, como ignorar aquele que tentou vencer a falta de jeito para explicar como funciona a sexualidade para o seu filho adolescente? O “pai do Jim” é um cara com um coração enorme, e apesar de causar situações constrangedoras, ele é a fonte de inspiração para que seu filho tome as decisões corretas para a sua vida.
Tullio Dias
Peixe Grande
Talvez um dos principais motivos que tornem Peixe Grande como um dos meus filmes favoritos da vida seja exatamente por conta da conturbada relação entre os personagens de Ewan McGregor/Albert Finney com Billy Crudup. Edward Bloom foi um pai ausente durante toda a vida do seu único filho, e buscava compensar suas próprias tristezas e mágoas contando histórias maravilhosas que podiam ou não ser verdadeiras. O que torna Peixe Grande uma obra indispensável em qualquer lista especial para o dia dos pais é o jeito tocante (e que me faz derreter TODAS as vezes) com que pai e filho se reconciliam numa das sequências mais emocionantes da filmografia de Tim Burton (ou do cinema, vai saber).
Tullio Dias
O Poderoso Chefão
Usar o termo “o poderoso chefão” para descrever Don Vito Corleone (Marlon Brando) é a coisa mais óbvia para se fazer. O personagem é um verdadeiro pai não apenas para os seus filhos biológicos, mas para todo um grupo de pessoas que dependem do “padrinho” para tomarem suas decisões pessoais e profissionais. Como um verdadeiro Jedi da máfia, Corleone repousa calmamente em sua sala e ouve atentamente os pedidos que lhe chegam. Com sua maneira articulada de conversar, ele distribui verdadeiras pérolas de sabedoria, e apresenta um comportamento exemplar. Apenas por isso, O Poderoso Chefão deveria ser uma obra obrigatória para qualquer pessoa assistir. A vida está inteira ali, e se você decidir dedicar um tempinho da sua correria para investir em aprendizado, não irá se arrepender. Veja ao lado de seu pai, do seu filho, e seja feliz.
Tullio Dias
A Vida é Bela
Um casal judeu com o filho pequeno é levado para um campo de concentração. São separados, mas o pai consegue esconder a criança com ele. Giosué não vai ficar quieto – afinal, é uma criança – e Guido, seu pai, tem que se virar para manter o garoto escondido. Ele cria um jogo em que, quando conseguirem mil pontos, os dois poderão sair dali e encontrar a esposa/mãe. E os pontos são conquistados com o silêncio, com esconderijos durante o dia e outros estratagemas que protegem o garoto tanto das autoridades do campo de concentração quanto do horror que foi a vida lá. Guido precisa dividir a pouca comida com o filho e, ainda, entreter o garoto durante os anos de prisão. É uma dedicação extrema, um carinho absoluto, capaz de desafiar autoridades e correr riscos extremos. Guido é o cara que, fácil-fácil, completa mil pontos.
Aline Monteiro