Pela primeira vez, o Cinema de Buteco apresenta a sua lista com os melhores livros lançados esse ano no Brasil. Para decidirmos os 10 melhores livros de 2015, ouvimos o pessoal nas redes sociais, analisamos o conteúdo de cada um, a repercussão e até o acabamento. Confira!
10 – A Garota no Trem – Paula Hawkins
“Há uma semana, quase uma semana exatamente, Megan Hipwell saiu do número 15 da Blenheim Road e nunca mais voltou. Ninguém a viu desde então. Nem seu telefone nem seus cartões de banco foram usados desde sábado.”
Assim como Andy Weir, Paula Hawkins deu sorte em seu primeiro romance. O livro completou 28 semanas na liderança da lista das ficções mais vendidas no Reino Unido e já vendeu mais de 2 milhões de exemplares, sendo 800 mil somente no Reino Unido! Com tamanho sucesso, a obra já teve seus direito para o cinema comprados pela DreamWorks e conta com a atriz Emily Blunt como protagonista.
O livro conta a história de Rachel, que observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes – a quem chama de Jess e Jason –, Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. O livro é bom, mas não impressiona.
09 – Clímax – Chuck Palahniuk
“Enquanto Penny era violentada, o juiz simplesmente observava. O júri recuou horrorizado. Os jornalistas se encolheram na tribuna. Ninguém no tribunal se apresentou em sua defesa.”
Em tempos que o público brasileiro ainda sente calor quando lembra de Christian Grey, o norte-americano Chuck Palahniuk chuta o balde e cria a história definitiva de amor tóxico e relacionamentos abusivos em Clímax. A obra apresenta uma pobre coitada que se torna vítima de um magnata decidido a matar todas as mulheres do mundo… de prazer.
08 – A Menina Submersa: Memórias – Caitlín R. Kiernan
“Nenhuma história tem começo e nenhuma história tem fim. Começos e fins podem ser entendidos como algo que serve a um propósito, a uma intenção momentânea e provisória, mas são, em sua natureza fundamental, arbitrários e existem apenas como uma ideia conveniente na mente humana.”
Esse livro nos faz sair da zona de conforto sobre o que estamos acostumados a ler. A obra conta com uma narrativa não-linear e com uma protagonista um tanto peculiar. Imp sofre com os efeitos dos medicamentos para o tratamento de uma esquizofrenia hereditária e está escrevendo um livro sobre os fantasmas que assombram a sua vida. Para isso, Imp tem a ajuda de sua psicologa e de sua namorada transexual Abalyn.
Vale ressaltar que algumas particularidades da autora foram inseridas na personagem Imp, como a relação homossexual, a afirmação de gêneros contra uma transsexualidade latente, assim como o paganismo e a localidade da estória. A edição especial brasileira produzida pela DarkSide books está incrível assim como o conteúdo do livro. Uma outra boa notícia para quem gostou da obra: ela vai ser adaptada para o cinema!
07 – Perdido em Marte – Andy Weir
“Então, esta é a situação: estou perdido em Marte. Não tenho como me comunicar com a Hermes nem com a Terra. Todos acham que estou morto. Estou em um Hab projetado para durar 31 dias. (…) Então, é isso mesmo. Estou ferrado.”
Para um primeiro romance, Andy Weir conseguiu criar um livro dinâmico, simples, bastante divertido e ainda conseguiu faturar milhões. Quem leu Perdido em Marte (The Martian) com certeza deve ter passado por alguns momentos de agonia ao acompanhar a missão do astronauta Mark Watney ao planeta vermelho. E não é pra menos. Após uma tempestade de areia, Mark sofre um acidente e a Missão Ares 3 acaba sendo abortada e a tripulação vai embora acreditando que o astronauta não sobreviveu. A partir daí os problemas de Watney não param de crescer, aumentando ainda mais o nosso interesse pelo livro.
06 – Funny Girl – Nick Hornby
“Ela agora compreendia que Brian enfatizava seus sentimentos pela esposa repetidamente pela mesma razão que pessoas com medo de altura dizem para si mesmas que não devem olhar para baixo do topo de um edifício: ele tinha medo.”
Nick Hornby costuma demorar alguns anos entre um romance e outro. Se por um lado é ruim para os fãs, por outro é garantia de uma literatura engraçada e extremamente bem construída. Funny Girl não é o meu romance favorito do autor, mas acredito ser aquele que apresenta o texto mais fluido e maduro de toda a sua carreira. Se você aprecia bom humor, esse é um título imperdível.
05 – A Bela e a Adormecida – Neil Gaiman com ilustrações de Chris Riddell
Neil Gaiman é um mestre em criar histórias fantásticas. Seus livros prendem a nossa atenção do começo ao fim e nos fazem arrepiar com a facilidade que nos encantam e conquistam. Em A Bela e a Adormecida, o autor subverte o clássico conto de fadas para uma aventura sobre igualdade de gêneros e liberdade. Uma história fantástica para mostrar aos nossos filhos o mundo do jeito que ele é e continuará sendo para sempre.
04 – Golem e o Gênio – Helene Wecker
“…Suspeito que você acharia mais fácil se todos nós deixássemos a educação de lado e fôssemos atrás de nossos desejos.” Ela refletiu. “Seria mais fácil no início. Mas depois vocês feririam uns aos outros para realizar seus desejos e teriam medo uns dos outros, e ainda assim continuariam querendo coisas.”
Não sei o que mais me chama atenção neste livro: A quantidade de pesquisa para construir uma Nova York em plena virada do século XX ou os detalhes desta edição tão perfeita criada pela DarkSide Books.
Mesmo demorando um pouco mais que o normal para concluir esta obra, Golem e o Gênio nos desperta bons sentimentos e uma curiosidade absurda sobre a cultura árabe e judaica. O livro narra a estória de Chava e Ahmad, duas criaturas mitológicas que tem as vidas cruzadas em Manhattan. Chava é uma Golem, uma criatura feita de barro, e trazida à vida por um feiticeiro, com o objetivo de servir um homem rico, se tornando sua respectiva esposa. Já Ahmad é um gênio, uma criatura feita inteiramente de fogo, que acabou séculos atrás sendo aprisionado em um corpo humano e em seguida em uma garrafa.
03 – A Garota na teia de Aranha – David Lagercrantz
“Em princípio, outra garota poderia ter ido ao apartamento de Linus naquele dia. Era possível, embora não provável. Afinal, quem além de Lisbeth Salander chegaria daquele jeito, já entrando, sem nem olhar no rosto da pessoa e a mandaria embora da própria casa para vasculhar o conteúdo dos computadores, concluindo a visita com a frase ‘Não tenho a menor intenção de ir para a cama com você’? Só Lisbeth.”
É impossível não compararmos as obras do criador Stieg Larsson com o 4º volume da série, escrito pelo sueco David Lagercrantz. Mesmo com alguns trechos cansativos e diálogos um tanto sem graça, A garota na teia de aranha chamou atenção mundial por reviver personagens que não cansamos de acompanhar 11 anos depois da morte do criador da trama original.
O quarto volume da série dá continuidade à saga protagonizada por Mikael Blomkvist, também jornalista e dono da fictícia revista “Millennium“, que está em crise, e pela hacker Lisbeth Salander, que na nova trama comete a imprudência de invadir computadores da NSA, a temida agência de segurança americana. O desenvolvimento dos personagens continua muito bom, mas sentimos falta da “Lisbeth original”. Embora alguns não tenham aprovado e chamando a obra de fanfic, David Lagercrantz fez um excelente trabalho, nos dando a certeza de que não vai parar por aí.
02 – Toda Luz que não podemos ver – Anthony Doerr
“Sabe qual é a maior lição de história? A história é aquilo que os vitoriosos determinam. Eis a lição. Seja qual for o vencedor, ele é quem decide a história. Agimos em nosso próprio interesse. Claro que sim. Me dê o nome de uma pessoa ou país que não faça isso. O truque é perceber onde estão os seus interesses.”
Mesmo usando como cenário a II Guerra Mundial, a obra de Anthony Doerr foge do óbvio e consegue emocionar com diversos momentos intensos. ‘Toda luz que não podemos ver’ foi o vencedor do Prêmio Pulitzer de 2015 e narra a história de Marie-Laure, que fica cega aos seis anos (que nunca permitiu que sua perda de visão afetasse sua vida) e de Werner, que ganha uma vaga na escola nazista. A riqueza nos detalhes e na construção de cada personagem nos prende na trama criada por Doerr, que amarra sua estória muito bem do início ao fim.
“Abram os olhos e vejam o máximo que puderem antes que eles se fechem para sempre”.
01 – O Gigante Enterrado – Kazuo Ishiguro
“Eu me pergunto se, sem as nossas lembranças, o nosso amor não está condenado a murchar e morrer.”
Muita gente pode discordar deste primeiro lugar por ter achado uma leitura arrastada e cansativa. Para nós, a obra de Kazuo Ishiguro é um novo clássico!
A estória se passa em uma Grã-Bretanha fictícia que é assombrada por uma névoa que embota emoções e rouba as memórias dos aldeões. Pais esquecem seus filhos, maridos esquecem esposas, a rotina é a única coisa que se mantém inalterada, fixa, sem chance de qualquer progresso.
O autor discute na obra a relação entre a memória pessoal e a coletiva e de que forma ela afeta nossa vida. Afinal, quem somos nós sem nossas lembranças? O Gigante Enterrado não é uma fantasia com dragões, gigantes e trolls, mas sim sobre traição, vingança e violência. Uma coisa nós garantimos: depois de ler O Gigante Enterrado, vai ser difícil ficar sem pensar nessa história tão fantástica!
E você, o que achou da nossa lista? Quais foram os seus preferidos lançado neste ano? Conta pra gente nos comentários!