Diretores e suas Musas

É COMUM EXISTIR AFINIDADES ENTRE PROFISSIONAIS DAS MAIS VARIADAS ÁREAS, e no cinema não poderia ser diferente. São inúmeros os casos de diretores que escolhem trabalhar sempre com os mesmos atores. Seja por confiança, relacionamento fora das câmeras ou apenas “sorte”, as panelinhas são criadas e facilmente reconhecidas no mundo da sétima arte. O Cinema de Buteco aproveitou para comentar sobre algumas das principais parcerias entre cineastas e atrizes, e assim encerrar o mês das mulheres.

Divirtam-se:

Quentin Tarantino e Uma Thurman

Quentin Tarantino and Uma Thurman

É comum que diretores tenham fixação por suas musas, mas Tarantino vai além em termos de obsessão. Sua paixão aparentemente é pelos pés de sua musa Uma Thurman.

A parceria entre a atriz e o diretor começou em Pulp Fiction – Tempos de Violência, em 1994, considerado até hoje a obra prima de Tarantino. No longa, Thurman interpreta Mia Wallace, que mesmo só com uma conversa, uma dança e uma ressurreição de uma overdose conseguiu uma indicação ao Oscar, além de mostrar seus horrorosos pés pela primeira vez ao dançar em seu apartamento.

A paixão foi tão forte que Tarantino esperou Thurman dar a luz a seu segundo filho para começar a filmar Kill Bill – Vol. I, longa que idealizou com ela em mente. A adoração pel atriz (e seus pés) continuou em Kill Bill – Vol. II. (Larissa Padron)

Roman Polanski e Emmanuelle Seigner

roman polanski emmanuelle seigner

Tem cineasta que encontra não apenas a sua musa nas telas, mas também a musa inspiradora na sua vida pessoal. Esse é o caso do sofrido Roman Polanski, que em 1988 dirigiu Emmanuelle Seigner em Busca Frenética, thriller estrelado por Harrison Ford. O casamento aconteceu no ano seguinte, e em 1992, Polanski potencializou a sensualidade da atriz no drama erótico Lua de Fel. A última parceria aconteceu em 1999, com O Último Portal. O terror estrelado por Johnny Depp não é uma das obras mais elogiadas do cineasta, mas Seigner está firme e forte para mostrar que ainda estava em grande forma. O casal trabalhará junto novamente na nova versão do picante Venus in Fur, cuja estreia está prevista para o segundo semestre de 2013. (Tullio Dias)

Tim Burton e Helena Bonham Carter

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Todo diretor tem a sua musa. Definitivamente, a do Tim Burton é a Helena Bonham Carter. E pensar que tudo começou com o horroroso remake de Planeta dos Macacos. Burton não resistiu a Carter vestida de macaca e largou sua então atual mulher pra ficar com a moça com cara de psicopata! Há quem diga que isso só prejudicou a carreira dela. Afinal, ela acabou fazendo todos os filmes dele, independente do papel assumido.

Convenhamos, houveram bons resultados: Peixe Grande e Sweeney Todd são ótimos exemplos! E também tem aquele… É, pelo menos ela faz outros filmes além dos do marido, né? Como provado nos recentes (e ótimos) Os Miseráveis e O Discurso do Rei. Independente de qualquer coisa, ela é uma ótima atriz e musa mór de Burton! Apesar de eu achar que essa vaga deveria ser do Johnny Depp! (Wendel Wonka)

Joe Wright e Keira Knightley

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Keira Knightley antes de Joe Wright era apenas um rosto lindo, corpo exageradamente magro e muitas caras e bocas. Muitos ainda dizem que é a rainha do “biquinho” (e não tomem isso como elogio). Joe Wright era um potencial grande diretor antes de Orgulho e Preconceito, seu primeiro longa – e primeiro a ser protagonizado pela atriz. Desde então os dois têm uma relação de amor e admiração mútuos. Knightley se tornou musa de Wright e trabalhou com ele em mais duas películas: Desejo e Reparação e Anna Karênina. Maneirismos e caretas à parte, há de se admitir que Joe Wright arrancou da atriz suas melhores performances e a catapultou ao status de superestrela do cinema mundial (e de atriz número um a ser procurada quando o assunto é filme de época). Keira Knightley, tão adolescente e jovial em Orgulho e Preconceito (performance merecidamente indicada ao Oscar de Melhor Atriz), amadureceu no dramático Desejo e Reparação e se tornou uma das grandes adúlteras da história da literatura russa na ambiciosa adaptação Anna Karênina, tudo isso dos 17 aos 25 anos. Knightley deu a Wright o tempero que faltava em suas obras com atuações memoráveis e últimas; Wright deu a Knightley os melhores filmes de sua carreira e personagens icônicas, invejando atrizes de renome em todo o mundo. Fato curioso: Joe Wright adora a nuca da atriz e sempre tenta mostrar o seu “belo pescoço” durante as cenas. (Fernanda Minucci)

Alfred Hitchcock e Grace Kelly

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Uma boa parte dos diretores tem suas atrizes favoritas e poucos idolatravam tanto suas musas como o Alfred Hitchcock. Dentre as várias atrizes que caíram nas graças do genial cineasta, a mais relevante foi Grace Kelly. Poucas musas são tão musas quanto ela, que era literalmente uma princesa (de Mônaco). Juntos, eles fizeram apenas três filmes: Disque M Para Matar, Janela Indiscreta e Ladrão de Casaca. O casamento de Kelly com o príncipe Rainier III fez com que ela abandonasse a promissora carreira de atriz, o que fez Hitchcock ficar sem a sua querida atriz. O Cinema teve muitas musas, mas quantas são princesas de uma casa real? (João Golin)

Pedro Almodóvar e Penélope Cruz

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Pedro Almodóvar, assim como Paul Thomas Anderson, é um diretor que praticamente forma uma companhia de atores, que se repetem nos seus trabalhos. Marisa Paredes, Carmen Maura, Cecilia Roth, Victoria Abril, Antonio Bandeiras, Javier Cámara, e, minha favorita, Rossy de Palma são só alguns dos intérpretes que fizeram vários trabalhos com ele, em parcerias que duram muitas vezes mais de trinta anos.
Pela lista acima, percebe-se que foram várias as musas do diretor espanhol, que retrata o universo feminino como poucos. Interessando em personagens fortes, embora frágeis, Almodóvar tem encontrado em Penélope Cruz, em alguns trabalhos recentes, um rosto (e corpo) ideal para sua visão. A atriz, em Abraços Partidos e, principalmente, Volver, apresenta a figura feminina em sua totalidade. A beleza marcante, mas longe da perfeição, de Cruz se casa naturalmente ao seu papel múltiplo de trabalhadora, mãe, filha, esposa e amante, sempre com a força necessária que, como bem sabe Almodóvar, só as mulheres têm. Apesar de ter feito outros filmes com o espanhol, como Tudo Sobre Minha Mãe, é mesmo nesses dois trabalhos que ela se torna claramente Musa. (Théo Collin)

Michelangelo Antonioni e Monica Vitti

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É comum que as musas cinematográficas de grandes diretores sejam também suas musas na vida real, e com o italiano Michelangelo Antonioni não foi diferente. O diretor escalou sua companheira, a bela Monica Vitti, em quatro longas seguidos durante o relacionamento (de 57 a 67), começando com a famosa trilogia da incomunicabilidade em 1960, com A Aventura, e seguindo com A Noite, em 61, e O Eclipse, de 62.

E convenhamos que é necessário muito amor para agüentar ver sua companheira em cenas românticas com Marcelo Mastroianni e Alain Delon. Após o fim da trilogia a bela ainda atuaria em Deserto Vermelho, de 64. Mesmo após o fim do relacionamento, a atriz voltou a trabalhar com o diretor em O Mistério de Oberwald, mas os seus tempos áureos já tinham terminado e filme não fez muito sucesso. (Larissa Padron)

Woody Allen e Diane Keaton, Mia Farrow e Scarlett Johansson

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Woody Allen ama as mulheres. Narcisista, o próprio roteirista e diretor protagonizou a maioria de suas histórias, mas o que todas elas têm em comum são as fortes e marcantes personagens femininas. Mães, filhas, amigas e amantes, as mulheres de Woody Allen são, em grande parte, tão lindas quanto complexas – e, claro, atraídas por tipos baixos, calvos, míopes e hipocondríacos. Algumas delas eram, de verdade. Foi isso o que garantiu a parceria duradoura entre ele e suas duas maiores musas: Diane Keaton e Mia Farrow.

Após estrear Sonhos de um sedutor com Keaton, Allen a convidou para a interpretar a futurística Luna em O Dorminhoco. Eles voltaram a trabalhar juntos em outros seis filmes, entre eles os icônicos Manhattan e Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. O último longa da dupla foi o ótimo Um Misterioso Assassinato em Manhattan, de 1993.
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Nesse meio tempo, quem fez a mocinha do diretor foi sua então esposa Mia Farrow. Desde Sonhos Eróticos de Uma Noite de Verão, de1982, Farrow fez pelo menos um filme por ano com Allen. Ela compensava a peculiar excentricidade inerente a Keaton com uma doçura cândida que funcionou muito bem em Zelig, Broadway Danny Rose, A Rosa Púrpura do Cairo, Hannah e Suas Irmãs e Crimes e Pecados – e não tão bem em Setembro e A Outra, por exemplo, que fazem parte de uma fase mais sombria (e menos agradável) da obra de Woody.
Após o tempestuoso fim do casamento dos dois, o diretor conseguiu encontrar uma terceira inspiração em Scarlett Johansson. A parceria, inciada em 2005 com Match Point, sobreviveu ao fraco Scoop – O grande furo e ressurgiu em Vicky Cristina Barcelona. Em 2011, durante a produção de Para Roma com amor, Woody afirmou que prefere não escalar Scarlett a cada novo filme para que não digam bobagens como chamá-la de sua “nova musa”. No entanto, acrescentou: espera repetir a dose. Scarlett, por sua vez, depositou no cineasta as esperanças de um papel que defina sua carreira, já consideravelmente bem sucedida. Ao que tudo indica, essa parceria ainda vai render outros frutos. (Nathália Pandeló)
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