Dia 16 de agosto é comemorado o dia do Filósofo e a Juliana Vannucchi recomendou dez obras sobre o tema:
Cinema e Filosofia são áreas que sempre conseguiram caminhar juntas. Abordagens filosóficas foram muitas vezes tema de inspiração para diretores e roteiristas, e as produções cinematográficas, por sua vez, muitas vezes foram objeto de estudo da Filosofia. Para comemorar o “Dia do Filósofo” (esse tal ser inquietamente pensante e questionador) o Cinema de Buteco selecionou uma série de filmes que agradam tantos estudantes da área, quanto os apreciadores de bons temas, livros e pensadores filosóficos. Escolha um desses filmes que seguem abaixo, assista e comece e refletir… e claro, não se esqueça de preparar aquele tradicional cafezinho que acompanha os filósofos!
1- Sócrates
O respeitado diretor italiano Roberto Rossellini foi responsável pela cinebiografia daquele que é, por muitos, considerado como sendo o “pai da Filosofia”. Lançado em 1971, o filme retrata a trajetória do mestre do período da Filosofia Socrática. O espectador é guiado para uma viagem á Grécia Antiga e é capaz de captar a alma e as principais noções propostas no pensamento do filósofo. Assim como não podemos falar em Filosofia sem falar sobre Sócrates, não podemos relacionar Cinema com Filosofia, sem mencionar esta obra fascinante e indispensável do cinema italiano.
2- Descartes
O filósofo do “penso logo existo” também teve sua vida retratada por Rossellini. O filme de 1974 expõe a vida e as ideias de um dos pensadores mais significantes da Filosofia. Descartes defendeu o racionalismo em suas obras mais importantes que são “O Discurso do Método” (1637) e “Meditações Metafísicas” (1641). Rossellini aventura-se em mostrar o caminho para a elaboração desses legados através de um mergulho pela riquíssima e criativa mente de Descartes.
3- Os Amantes do Café Flore
Um filme maravilhoso e que, infelizmente, não tornou-se tão popular. Um retrato da vida e do pensamento do casal mais ousado da Filosofia. Simone de Beauvoir é uma das mulheres mais admiráveis que o mundo já conheceu. Uma filósofa encantadora, com pensamentos à frente de seu tempo, e sem medo de manifestar suas ideias diante de uma sociedade ainda conservadora. E Sartre, um dos grandes gênios da Filosofia, foi responsável pelo desenvolvimento da corrente de pensamento Existencialista, além de ser um dos maiores representantes da mesma. Simone e Sartre apaixonam-se e tornam-se pensadores fundamentais para a Filosofia ao imergirem em buscas por respostas ligadas à existência. O filme ainda apresenta uma rápida participação do personagem Albert Camus, que foi um filósofo e escritor francês, companheiro de Sartre, e representante da teoria do Absurdismo.
Uma produção valiosa que leva o espectador a acompanhar a doce jornada de duas mentes fantásticas que, se uniram por amor, e pela vontade de expor suas ideias de liberdade e compreensão de vida.
4- Matrix
Matrix carrega um dos roteiros mais filosóficos e notáveis do cinema. Apresenta uma série de referências e diálogos densos, profundos e vastos. Exige grande atenção do espectador, tal como pede um senso crítico para que possa ser compreendido. A ficção de 1999 expõe simbologias e metáforas fantasiosas para abordar diálogos e planos de cunho filosóficos ligados, especialmente, ao problema da verdade e à teorias do conhecimento. Uma excelente obra metafísica que tende a despertar a consciência daqueles que se dispõe a apreciá-la.
5- O Estrangeiro
Filme baseado na obra “O Estrangeiro” de Albert Camus. Uma (das poucas) adaptações fiéis à obra literária. Narrativa centrada na vida singular e comportamento frio do personagem Mersault. O roteiro, tal como o livro de Camus, procura trabalhar o aspecto da busca por um sentido existencial, considerando que talvez esse sentido não exista e que a vida seja simplesmente absurda.
6- Quando Nietzsche Chorou
Nietzsche foi um filósofo combativo, um pensador que, sem ressentimentos, destruiu a casualidade. O filme Quando Nietszche Chorou, baseado no best-seller e premiado romance de Irvin Yalom, expõe a relação entre o filósofo e o médico Josef Breuer, professor de Sigmund Freud. Assim, devido a esses personagens que dão o tom à trama, além de conter uma faceta filosófica, o longa possui e trabalha igualmente uma perspectiva psicológica.
7- O Sétimo Selo
Esse filme do respeitado cineasta Ingmar Bergman usa uma linguagem figurada para discutir um tema central que está sempre caminhando ao lado da humanidade: a morte. É uma obra de grande relevância filosófica, pois todo o resultado técnico – fotografia, roteiro, enquadramentos – representa em conjunto, um símbolo que expressa a relação entre “homem” e “morte”. Embora o ser humano sempre procure ocultar a presença da finitude, ela está impregnada em nossas almas desde o nosso primeiro suspiro, e o longa-metragem demonstra isso através de uma filosofia que se apresenta no conjunto de toda a produção.
8- A Árvore da Vida
“Onde estavas tu, quando eu fundava a terra?… Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam?”.
O roteiro apresenta diálogos que buscam despertar indagações na mente do espectador. O filme causou certa controvérsia, pois muitos não compreendem a sucessão de imagens e mensagens expostas devido à certa complexidade e singularidade com que estes recursos se apresentam. Porém, o despertar do interesse na mente do espectador surge exatamente pelo fato de o formato da narrativa não ser meramente linear. É recomendável para aqueles que desejam refletir sobre o sentido (se que existe um) da vida.
9- Santo Agostinho
“Agostinho d´Hippona” (1972) é mais um filme dirigido por Rossellini. Consiste numa cinebiografia de Santo Agostinho. Mostra a importância e vastidão da filosofia desse grande nome do Cristianismo e da Filosofia. O foco da trama é o quando ele se torna bispo de Hipona. Dado o realismo e capricho da direção de Rossellini, a obra possibilita um relevante contato com a vida e obra do filósofo.
10- Morangos Silvestres
Mais um filme de Ingmar Bergman que merece espaço nessa lista. O longa mostra uma preocupação entre o protagonista e a chegada da velhice. Para apresentar tal ideia, Bergman recorre a um retorno do personagem ao seu passado, através de uma série de sucessivas lembranças. Essa volta ao tempo através de recordações propicia emoções existenciais ao protagonista. Além disso, discutir a velhice é discutir também aquilo que ela trás consigo, que é a morte. Assim, com tantas abordagens intensas, o filme é um verdadeiro convite á Filosofia.