Estava aqui de boas navegando pelo Instagram da crítica sensação do clube da cinefilia brasileira Fabiana Lima, e vi um post que me chamou muito a atenção. Filmes com cornos. Melhores filmes com cornos. Meu Deus, sabe? Para alguém que usa a palavra “corno” e “arrombado” em combinações variadas o dia inteiro, estou surpreso por essa lista não existir no Cinema de Buteco.
É engraçado porque se você pesquisar “filmes de cornos” no Google, os resultados serão proibidões. Tem até um resultado estúpido e moralista dizendo que um sinônimo em inglês seria “cuckold“, mas é um termo antiquado. Quem escreveu isso certamente não conhece um outro clube brasileiro que atua com força nos cantos obscuros da internet, mas não vamos falar sobre isso aqui.
Não são bem os melhores filmes de cornos, até porque uma lista de filmes sobre traições está na pauta há algum tempo, mas uma brincadeirinha com cinco personagens mais cornos do cinema nos últimos 20 anos, ok? Se você for corno e se sentir ofendido, pesquise por cuckold. Pode te fazer sentir melhor. Ou não. Vá ouvir Odair José ou pegar essa lista para chorar as suas mágoas.
Os 5 Melhores Filmes de Cornos dos Últimos 20 Anos
Eurotrip (disponível no Apple TV+)
Eurotrip é o nosso alívio cômico para a lista de melhores filmes de cornos dos últimos 20 anos. A história acompanha um grupo de jovens viajando pela Europa sozinhos e se metendo em várias confusões hilárias. Toda a viagem só acontece porque o nosso protagonista é traído pela namorada. E todo mundo sabia. Menos ele.
Existe uma sequência toda de uma festa, em que a namorada de Scott sobe ao palco para agarrar o vocalista da banda (vivido por Matt Damon em uma participação especial muito engraçada). A letra da música é justamente “Scotty doesn´t Know” e fala sobre as várias vezes que o pobre coitado foi traído enquanto achava que a namorada estava apenas ocupada com outras coisas. Obviamente que existem muitos outros cornos do cinema em filmes melhores, mas o contexto da revelação é divertido demais para a gente ignorar. Confira a cena aqui.
Águas Profundas (disponível no Amazon Prime)
Águas Profundas tem Ana de Armas e Ben Affleck como protagonistas de um thriller romântico muito aguardado. Afinal, o seu diretor ficou 20 anos sem dirigir nada. Coincidências à parte, o último trabalho de Adrian Lyne havia sido justamente Infidelidade, uma história polêmica e com uma premissa que lembra bastante Águas Profundas. A trama acompanha esse casal complexo e difícil de entender, enquanto um crime acontece.
Lyne é um cineasta muito experiente na área da traição. Qualquer lista de melhores filmes de traição terá pelo menos um título do cineasta. Mas faltava ainda um autêntico “Djair, o facinho de confundir com João do Caminhão“. Isso mudou com a estreia de Águas Profundas. O personagem de Affleck é o nosso corno psicopata. É o cara que vê a esposa flertando loucamente e vai atrás dos respeitadores de casadas para dar a solução final no problema.
O Lado Bom da Vida (disponível no Apple TV+)
O Lado Bom da Vida é um romance com frases de efeito conhecidas (“se você ama alguém, deixe-o livre”) e com uma história comum: quem nunca tentou se aproximar de um velho amor através de outra pessoa? Nós ficamos cegos fácil demais. No caso de Pat, foi por não querer aceitar a verdade e cismar em consertar o passado. As pessoas certas se aproximam como amigas, dispostas a se sacrificarem apenas para deixar o amor feliz. Algumas vezes, os envolvidos percebem o que está acontecendo e conseguem evitar perder oportunidades de ouro, como no caso do filme de Russell. Ainda assim, mesmo sendo previsível, O Lado Bom da Vida funciona e é emocionante. Exatamente como a vida real.
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O personagem de Bradley Cooper é aquele corno inconformado. O que fica tão alucinado com a cornitude recém adquirida que parte para a ignorância e quebra tudo. No caso, ele tentou quebrar o cara de pau que estava tendo um caso com a sua esposa e acabou perdendo emprego e o casamento. Pat foi corno porque deixou de ser o homem por quem a digníssima esposa havia se apaixonado. Engordou, ficou chato, ficou sem graça, só fazia papai e mamãe, acabou com a graça da coisa. Bastou perder tudo, para o sujeito cair na real e descobrir que ele estava se enganando vivendo essa relação. Ou seja, ser corno salvou a vida dele.
Ela (disponível na Netflix)
Ela conta a história de Theo (Joaquin Phoenix), um artista (ele é um escritor) solitário que ainda sofre com o fim do seu relacionamento com a esposa (Rooney Mara). A trama se passa num futuro próximo, em que a tecnologia está incrivelmente avançada e modificou ainda mais os nossos comportamentos pessoais. Para superar seu relacionamento, Theo se apaixona por um sistema operacional com inteligência artificial de última geração.
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Entendo a traição quando é entre duas pessoas. Faz parte. Não nascemos para praticar a monogamia (mas as pessoas insistem e/ou esquecem de comunicar seus parceiros). Porém, como é que você explica quando se apaixona por uma inteligência artificial, descobre que foi traído e que ela se envolveu com milhares de outras pessoas? O que a Sam faz com o Theo é provavelmente a maior traição da história do cinema, em volume. Se isso aqui fosse um ranking, Theo seria o mestre supremo dos cornos do cinema.
Closer – Perto Demais (disponível no Prime e Apple TV+)
Closer – Perto Demais é um filme curioso. Para quem não sabe do que se trata, é basicamente sobre quatro pessoas que se envolvem. Ou seja, todo mundo aqui é corno pra caramba. O longa acompanha várias etapas da vida desses personagens, na medida em que seus relacionamentos são consumidos pela traição e egoísmo.
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Daniel (Jude Law) é o personagem mais fantástico de Closer. Com todos seus defeitos e qualidades, notamos como Daniel vai evoluindo no decorrer da narrativa. No tempo 1, quando ele acompanha Alice até o hospital, Dan é um bunda mole, inseguro, com o corpo curvado e atitudes traiçoeiras (que podem ter justificado a opção de “Alice” ter mentido sobre seu nome, afinal não imaginava que pudesse ter aquele homem). Já no tempo 2, agora como um escritor prestes a lançar seu livro, Dan tem uma postura totalmente diferente, mas repete suas atitudes infiéis quando flerta com Anna minutos antes de encontrar com Alice. Dan é desprezível com seu egoísmo e sua incapacidade de pensar em algo diferente do que seu próprio benefício, e é justamente por ser um verdadeiro rato que é o personagem mais incrível (e filho da puta) de Closer.