20- 71′ – Esquecido em Belfast
Sabe aquele tipo de filme que você não dá absolutamente nada e descobre que se trata de uma verdadeira pérola cinematográfica obrigatória para qualquer cinéfilo que se preze? Foi essa a impressão que tive depois de assistir 71′ – Esquecido em Belfast. O longa-metragem dirigido por Yann Demanche conta a história de um jovem e inexperiente soldado britânico que é enviado para Belfast no meio de uma verdadeira guerra dos católicos contra o domínio britânico. Ele é deixado sozinho no meio desse conflito e precisa encontrar maneiras de sobreviver em um território hostil em que não pode confiar em ninguém. Jack O’Connell está incrível como o protagonista dessa obra eletrizante e de deixar o espectador totalmente sem fôlego. (Tullio Dias)
19- Sicario – Terra de Ninguém
Sicario é um drama policial muito bem desenvolvido e que sabe dosar bem seus momentos de grande tensão. Existem sequências capazes de deixar o espectador sem fôlego e com os olhos vidrados para não perder nenhum detalhe. Villeneuve consegue recriar as ações dos militares sem esforço ou ambição de produzir as melhores cenas de ação da temporada. No entanto, mesmo sem tornar esse o foco principal de sua obra, é exatamente o que ele oferece ao seu público. São cenas violentas e tensas, mas que são apenas detalhes de fundo para uma narrativa muito mais desenvolvida e que não precisa usar explosões e miolos como muleta. (Tullio Dias)
18- Livre
Em tempos de urbanização, verticalização e tecnologias instantâneas, a busca pela interiorização por meio do contato com a natureza, com o selvagem, acaba sendo subestimada. De qualquer modo, não há como não se sensibilizar com a jornada pessoal traçada por Cheryl Strayed, que se isolou durante três meses para encarar uma trilha de 1.770 quilômetros pela Pacific Crest Trail, uma missão não somente para se desapegar dos vícios que levaram ao fundo do poço, como também para aceitar a perda de sua mãe, Bobbi. Atriz impecável, Reese Witherspoon encontrou nesta história um modo de se redimir pelo envolvimento em projetos de qualidade discutível, despindo-se ainda de sua própria vaidade ao incorporar Cheryl. Mais do que os percalços inevitáveis do trajeto, “Livre” encontra nos fragmentos com Laura Dern (fazendo valer cada segundo como Bobbi), no uso da música como personagem e na mistura de vulnerabilidade e força de vontade de Cheryl todas as virtudes para ser a aventura a estabelecer um contato mais íntimo lançada neste ano. (Alex Gonçalves)
17- O Presente
O Presente não é um filme com roteiro engenhoso (a trama apresenta Simon e Robyn, um casal que se muda para uma nova casa e começa a passar por situações tensas depois que Gordo, um velho colega de escola de Simon começa a aparecer para visitas inesperadas e incômodas), mas mesmo assim consegue ter momentos em que o espectador fica boquiaberto pensando: WTF? O que parecia ser um suspense sobre invasão domiciliar e assédio, migra para uma trama sobre as consequências do bullying e se revela como um saboroso prato frio de vingança. Joel Edgerton não é pretensioso e abraça a simplicidade de sua narrativa com eficiência para se preocupar apenas em contar a sua história um tanto sádica. (Tullio Dias)
16- Sniper Americano
Sniper Americano retrata a vida do atirador Chris Kyle, um homem que serviu ao seu país eliminando mais de 160 homens do exército inimigo – incluindo mulheres e crianças. A guerra não é bonita e Sniper Americano trabalha com as consequências disso na cabeça dos envolvidos. Não chega a ser tão agressivo e cru quanto Corações de Ferro, com Brad Pitt, mas a visão mais leve em nada prejudica a qualidade do filme, que pode ser considerado como um momento de reconciliação de Eastwood com o cinema depois de tantos trabalhos de qualidade duvidosa. (Tullio Dias)
https://youtu.be/CJ74sc-NESA
15- Cobain: Montage of Heck
Apesar de suas mais de duas horas de duração, Montage of Heck não cansa o espectador graças ao extenso material inédito sobre a vida do guitarrista e vocalista do Nirvana. Além disso, a película de Brett Morgen ganha pontos por não ser um hagiografia, humanizando Cobain e revelando tópicos pouco conhecidos pelo grande público — como a busca incessante do artista pelo sucesso e seu medo constante de ser ridicularizado. Profundo e extremamente tocante, o longa é um dos melhores do ano e, certamente, o que aborda com mais veracidade a polêmica trajetória de um dos grandes ícones do rock desde sua infância, passando pelo apogeu e culminando na trágica queda. (Marcus Celestino)
14- Cassia
Cássia é um raro documentário em que o fato de sua protagonista ter falecido há pouco tempo funciona a seu favor. Afinal de contas, a maior parte do seu público ainda tem bem nítida em sua mente a imagem da roqueira rebelde, agressiva, desbocada e “machona” que dominou os programas de TV, clipes da MTV, capas de revista e, claro, paradas de sucesso nas rádios brasileiras no final da década de 90 e início da de 00 – e é justamente por se aproveitar dessa persona pública de sua documentada e virá-la ao avesso, apresentando a mulher doce, companheira e bem humorada que ela era na vida pessoal, que o cineasta Paulo Henrique Fontenelle (dos igualmente magníficos Loki: Arnaldo Baptista e Dossiê Jango) cria uma obra bela e tocante como esta. (João Marcos Flores)
13 – Ponte de Espiões
Ponte de Espiões parecia ser monótono no trailer. Você deve imaginar minha surpresa quando sentei no cinema para vê-lo e vi que estava totalmente enganada e não vi ali outro Lincoln (2012). Steven Spielberg, com roteiro dos irmãos Coen, fez um longa envolvente do início ao fim, carregado pelas atuações de Tom Hanks e Mark Rylance. Nada de exaltação aos EUA, mas uma produção que explora os interesses políticos dos dois lados e como ambos tentam se dar bem de todas as maneiras possíveis. (Dani Pacheco)
12- Corrente do Mal
É difícil até de controlar a emoção ao falar de Corrente de Mal, que se não é o mais assustador que já passou pela lista de destaques do gênero por aqui, certamente é um dos melhores exemplares de cinema. Trabalhando com uma estética anos 1980, inclusive na trilha sonora cheia de efeitos que parecem ter saído dos filmes de John Carpenter, a trama coloca o sexo como elemento problemático para a “transmissão” de algo muito pior que qualquer doença: a partir da transa, você começa a se ver perseguido por uma entidade demoníaca que pode assumir a forma de qualquer pessoa, de conhecidos a desconhecidos, e deseja devorar a sua alma. Com bons sustos e cenas angustiantes, Corrente do Mal é de longe uma das melhores coisas produzidas na última temporada.
https://youtu.be/bsVU-P5jZCU
11- Kingsman: Serviço Secreto
A certo ponto do longa, Galahad (Colin Firth) e Richmond (Samuel L.Jackson) chegam à conclusão, proferida por este último, de que “preferimos os filmes de espionagem de antigamente, suas extravagâncias e absurdos”, para posteriormente, o mesmo personagem estabelecer uma antítese, declarando que “este não é um daqueles filmes”. Dois diálogos que, em oposição, refletem a dinâmica estabelecida por Kingsman, uma produção dotada de todas as “extravagâncias e absurdos” dos clássicos da espionagem, mas também de camadas muito mais profundas e significativas que as destes – fundamentadas no estabelecimento de um discurso ideologicamente progressista, vilanizando e ridicularizando os ideários fascistas e elitistas de “seleção social”; no completar dos atos como se dá, num vigor de forma e conteúdo em plena conexão. Desta forma, ainda contando com uma direção vigorosa de Matthew Vaughn, conferindo notável autenticidade na execução das sequências de ação – destaque para aquela finalizada com o memorável “manners maketh man” -, Kingsman: Serviço Secreto não é apenas uma grande adaptação de quadrinhos com alto grau e intensidade de ação – é muito mais.