Há 20 anos esses filmes entraram em nossas vidas. Enquanto alguns permanecem na nossa lembrança com muito carinho, outros podem ser verdadeiras surpresas. Para comemorar a chegada de mais um ano, o Cinema de Buteco selecionou os 30 melhores filmes de 2004 para refrescar a nossa memória e também apresentar produções que merecem a sua atenção.
Relembre os melhores filmes de 2004 e diga quais são os seus favoritos:
#30
Em Busca da Terra do Nunca (Finding Neverland, Marc Forster, 2004) A história de Peter Pan contada de um ponto de vista inovador: a do autor em seu processo de criação. Nem por isso a magia da história fica de fora, muito pelo contrário, o imaginário de J.M. Barrie é mostrado de forma encantadora e digna da Terra do Nunca, enquanto ele interage com as brincadeiras fantasiosas das crianças.
#29
O Operário (The Machinist, Brad Anderson, 2004) Esta obra dirigida por Brad Anderson é um daqueles filmes que deixam a gente inquieto, sabe? Trata-se de um operário de uma fábrica que não dorme há um ano. Sim, é isso mesmo. Ele está com uma cara pior do que nós na segunda feira pela manhã. O inquietante é que há um motivo para ele não dormir, e é um motivo bem considerável, coisa séria. Nos faz lembrar um pouco Clube da Luta e o personagem do maravilhoso Bale passa á quem assiste o filme uma espécie de desconforto. Vale a pena!
#28
Eurotrip (Jeff Schaffer, 2004) Uma obra que já começa com uma participação especial escrachada do Matt Damon, de uma canção sobre ser corno e uma ferrada épica já fazem essa produção valer à pena. No entanto, Eurotrip se revela um besteirol que não pisa no freio em momento algum e consegue arrancar lágrimas dos espectadores.
#27
Janela Secreta (Secret Window, David Koepp, 2004) É um tanto clichê imaginar histórias em que um escritor em crise decide descansar e buscar novas inspirações dentro do aconchego e tranquilidade de uma cabana afastada. Estrelado por Johnny Depp e John Turturro, o suspense Janela Secreta depende quase que exclusivamente desta premissa para se virar. Felizmente, com uma boa atuação do galã favorito de Tim Burton, a obra consegue empolgar com uma boa dose de tensão.
#26
Primer (Shane Carruth, 2004) Assista quantas vezes quiser para perceber que não se trata de entendê-lo mas sim de perceber o que este filme causa em você. Primer é o sci-fi mais interessante dos últimos tempos. Uma mistura de Terrence Malick com Christopher Nolan. Um filme desafio. E para que serviriam os bons filmes se não para desafiar-nos?
#25

Eu, Robô (I, Robot, Alex Proyas, 2004) Parte da graça de Eu, Robô está em revisitar a obra 20 anos depois e criar paralelos com os avanços (reais) da tecnologia. Ainda não temos robôs entre nós, como assistentes do dia a dia ou seguranças, mas temos a inteligência artificial ganhando cada vez mais espaço e extinguindo profissões. Dizem que é o fluxo natural da evolução, né?
#24
A Vila (The Village, M. Night Shyamalan, 2004) Shyamalan dá uma verdadeira aula de ciência política e sociologia numa obra de suspense que dividiu opiniões: A Vila é a metáfora do diretor para todas as ações que o governo norte-americano realizou fazendo com que a sua população descobrisse o que era realmente sentir medo de alguma coisa.
#23
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Harry Potter and the Prisoner of Azkaban, Alfonso Cuaron, 2004) Neste filme, como em todos os outros da saga, o personagem principal é sempre visto em devaneios tristes a respeito de sua família (pai e mãe). Entretanto neste filme ele irá descobrir que possui um familiar. Logicamente nada é tão fácil e o personagem precisará passar por dificuldades até o momento feliz do filme (sim, Harry Potter irá sorrir). Lobos, cães e ratos terão um papel importante nesse filme, fique atento.
#22
Hotel Ruanda (Hotel Rwanda, Terry George, 2004) Muitos foram pegos de surpresa por Hotel Ruanda, dramatização do diretor Terry George para o genocídio de 1994 em Ruanda, com quase um milhão de civis mortos por extremistas hutus. Ao privilegiar a perspectiva de Paul Rusesabagina, um herói real sem nenhum apoio externo responsável pela sobrevivência de mais de mil refugiados, a produção é daquelas capazes de visualizar a solidariedade presente mesmo nas maiores atrocidades da humanidade, além de exercer o seu papel social em trazer para o mundo um episódio fatalmente carente de registros históricos.
#21
Cazuza: O Tempo não Para (Sandra Werneck e Walter Carvalho, 2004) A cinebiografia de Cazuza é um verdadeiro presente para os seus fãs. Com uma trilha sonora maravilhosa com os clássicos do Barão Vermelho e uma atuação linda de Daniel de Oliveira, o longa se destaca como um dos melhores filmes de 2004.
#20
O Aviador (The Aviator, Martin Scorsese, 2004) O Aviador é grandioso e seu sucesso vem principalmente por saber equilibrar os elementos excêntricos de seu personagem com sua vitalidade. Nada disso seria possível sem as ótimas atuações e a magnífica direção. Mais uma obra-prima para a filmografia de Martin Scorsese.
#19
O Terminal (The Terminal, Steven Spielberg, 2004) Um visitante do Leste Europeu, Viktor Navorski, torna-se residente no terminal do aeroporto de Nova Iorque quando uma guerra civil faz o seu país desaparecer e o torna num apátrida, sem qualquer documento válido para a Imigração dos EUA. É incrível como Spielberg e Hanks unem forças para tornar um enredo tão simples em algo tão grandioso.
#18
Kill Bill vol. 2 (Quentin Tarantino, 2004) Ainda que o próprio diretor defenda que Kill Bill deveria ser considerado apenas como um único filme, é muito fácil enxergar essa continuação como uma obra mais madura e “séria” do que a primeira parte. Enquanto a apresentação da Noiva era mais voltada para a ação, o Volume 2 abre espaço para um desenvolvimento maior dos personagens e usa a porradaria na hora certa.
#17
Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead, Zack Snyder, 2004) O remake do clássico de George Romero é alucinante do começo ao fim. Se a gente acreditava que não havia como os zumbis ficarem mais turbinados que os de Extermínio, descobrimos que Zack Snyder provou exatamente o contrário. A crítica ao consumismo do original perde um pouco da sua força, mas foda-se: temos zumbis loucos de ecstasy e tentando devorar todo mundo!
#16
O Âncora: A lenda de Ron Burgundy (Anchorman: The Legend of Ron Burgundy, Adam McKay, 2004) O Âncora é um filmaço de comédia, raro mesmo. Um dos melhores filmes da década passada, filme que influenciou a cultura popular com diversas piadas que criaram vida fora do filme. Certamente um lugar merecido na lista.
#15
Fahrenheit 11 de setembro (Fahrenheit 9/11, Michael Moore, 2004) Essa é uma obra que carrega o peso do seu contexto político, oferecendo uma perspectiva incisiva sobre os acontecimentos que levaram à reeleição do presidente George W. Bush em 2004. Assim como os filmes mencionados, este documentário de 2004 se destaca por sua abordagem crítica e provocativa. Ao desvendar os bastidores da política e abordar temas como a Guerra do Iraque e o complexo industrial-militar, Moore utiliza seu estilo característico para questionar e desafiar as estruturas de poder. Enquanto alguns podem discordar de suas conclusões, é inegável o impacto que “Fahrenheit 11 de setembro” teve ao estimular debates e reflexões sobre a realidade política da época.
#14
Todo Mundo Quase Morto (The Shaun of The Dead, Edgar Wright, 2004) O início da trilogia do Cornetto não poderia ser mais lendário. No filme de zumbis mais divertido da história, o diretor Edgar Wright, ao lado dos fiéis companheiros Simon Pegg e Nick Frost, realizou uma subversão de gênero com perfeição: não com uma série episódica de esquetes que escolhem alguns clichês deste para satirizar, mas dissecando-os numa narrativa que, apropriando-se de uma estrutura voltada à tensão e ao temor, é absolutamente hilária.
#13
A Supremacia Bourne (The Bourne Supremacy, Paul Greengrass, 2004) Ao anunciarem a continuação de A Identidade Bourne tive os meus receios: nunca que poderia ser melhor que o original. O que eu não esperava era pela competência do diretor Paul Greengrass e da química explosiva com Matt Damon. A Supremacia Bourne não só vence a maldição do segundo filme quanto consegue ser muito melhor que o longa anterior.
#12
Hora de Voltar (Garden State, Zach Braff, 2004) Natalie Portman aparece em Garden State quase que como uma participação especial e sua personagem é a alma desse belo longa escrito, estrelado e dirigido por Zach Braff. Garden State conta a história de um cara solitário que retorna para a sua cidade depois da morte da mãe e precisa confrontar seus velhos traumas familiares, como a relação conturbada com o pai.
#11
Diários de Motocicleta (Walter Salles, 2004) Gael Garcia Bernal vive o lendário Che Guevara nesse sensível retrato da época em que o guerrilheiro ainda não existia. Um road movie imperdível baseado numa história real.
#10
Os Incríveis (The Incredibles, Brad Bird, 2004) Todos adoram super-heróis. Eles são fortes, rápidos, têm poderes sensacionais, enfim, são incríveis! Porém, como eles ganham dinheiro? Para aqueles que não têm um império (como nosso querido Bruce Wayne), quando chega a hora de pagar a conta, fica claro que ser super não significa ter a vida ganha: Os Incríveis mostra um pouquinho desse lado “escondido” dos heróis. Com diálogos memoráveis, boas sequências de ação e cenas hilárias, não tem como não curtir essa animação simpática – e familiar – da Pixar.
#9
A Queda! As Últimas Horas de Hitler (Der Untergang, Oliver Hirschbiegelm 2004) Não existe um período mais tenebroso na História do que a 2° Guerra, e por isso é difícil encontrar um filme que não retrate Hitler ou o nazismo em sua face mais desumana. Esse é um dos maiores choques em A Queda!, sermos “obrigados” a digerir a humanidade de um monstro, pessoas que na vulnerabilidade de seus últimos dias conseguem demonstrar carinhos nos atos mais assustadores. Como matar seus 5 filhos durante a noite, por exemplo. A atuação de Bruno Ganz é impecável.
#8
Má Educação (La mala educación, Pedro Almodóvar, 2004) A trama se passa em Madri, 1980, e segue Enrique Goded, um cineasta enfrentando um bloqueio criativo. Ele é abordado por Ignacio Rodriguez, um ator que foi seu amigo e primeiro amor na juventude. Ignacio apresenta um roteiro chamado “A Visita”, baseado em experiências compartilhadas de abuso por um professor. Enrique, intrigado, decide transformar o roteiro em seu próximo filme, revelando uma verdade chocante ao investigar o passado de Ignacio. O filme aborda temas complexos, incluindo pedofilia e traição.
#7
Colateral (Collateral, Michael Mann, 2004) Colateral é indicado para todos os fãs de produções de suspense feitas com carinho e atenção de quem entende do assunto. Michael Mann, como já fiz questão de deixar bem claro em outras oportunidades, está entre os grandes cineastas dos últimos anos (procure Fogo Contra Fogo, O Informante ou até Inimigos Públicos para se certificar disso), e seu trabalho aqui é mais uma amostra do quanto é eficiente contando histórias.
#6

Antes do Pôr do Sol (Before Sunset, Richard Linklater, 2004) Um filme de amor em tempo real, em Paris, com um americano em crise no casamento e uma francesa desiludida em relação ao amor. Se passaram dez anos desde o primeiro encontro deles em Viena e o recheio do sanduíche é considerado por muitos como a melhor parte da trilogia. Os diálogos inteligentes e sinceros continuam, a chama entre Jesse e Celine permanece acesa e acompanhá-los durante um passeio de 1h20 pela Cidade da Luz é talvez um dos maiores prazeres que o cinema pode proporcionar para os românticos incuráveis.
#5
Menina de Ouro (Million Dollar Baby, Clint Eastwood, 2004) Jovem sonha em ser boxeadora e procura treinamento com um dos maiores nomes da área. Apesar de ter uma certa “moral da história” – que pra alguns pode ser um ponto negativo – aborda de forma concreta e contundente, ao final, assunto polêmico: a eutanásia. A interação entre Clint Eastwood e Hilary Swank é um verdadeiro show de interpretação.
#4
Homem-Aranha 2 (Spider-man 2, Sam Raimi, 2004) Apenas quatro anos separam Homem-Aranha 2 de Homem de Ferro, mas a sensação é que existe um abismo quando comparamos o impacto das duas obras – principalmente na parte de qualidade narrativa. A trilogia de Sam Raimi continua encantando até hoje e permitindo várias leituras, como se fosse um romance disfarçado. Em Homem-Aranha 2 temos um verdadeiro filmaço que ganha cada vez mais força com o passar dos anos.
#3
Sideways: Entre umas e Outras (Sideways, Alexander Payne, 2004) Com sutileza, Sideways é um road movie sobre alcoolismo e personagens medíocres – sem que isso signifique algo ruim, já que os protagonistas são vividos por dois atores geniais que conferem todas as nuances necessárias para nos convencerem de que vivem pessoas que nunca serão além daquilo. O resultado é um filme sensacional e indicado para todos aqueles que possuem dificuldade em interagir e se sentem incapazes de aceitarem suas próprias limitações até que alguém chegue para mudar tudo para provar que existe motivo para passarmos por todas essas experiências de merda.
#2
Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, Michel Gondry, 2004) Eleito pelo Cinema de Buteco como um dos 51 filmes mais românticos de todos os tempos, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças é um daqueles exemplos de produções que durante anos tentamos encontrar algo para dizer sem sucesso. Até que chega um belo dia em que acontece. É sempre assim com os nossos favoritos, não é mesmo?
#1
Closer: Perto Demais (Closer, Mike Nichols, 2004) Com ecos de Quem Tem Medo de Virginia Woolf?, dirigida pelo próprio Nichols em 1966, Closer – Perto Demais se destaca como um dos principais filmes sobre relacionamentos já produzidos na história do cinema. Se não apenas pelo lado técnico, mas por toda a crueza com que retrata personagens recheados de falhas de caráter e assustadoramente próximos do que nós mesmos fomos um dia (ou somos quando ninguém está olhando).