Boa parte dos nossos leitores vão se identificar com essa matéria: relembre 16 obras que completam 30 anos em 2016 (ou 16 filmes para mostrar que você está velho):
NADA MELHOR QUE UM BOM AMIGO PARA JOGAR A VERDADE EM NOSSA CARA. Esse é o papel que o Cinema de Buteco assume para os leitores que nasceram na segunda metade da década de 1980 e começam a ver os trinta batendo na porta. Selecionamos mais de 16 filmes que foram lançados no distante ano de 1986 para mostrar para vocês que já tem 30 anos desde que Ferris Bueller matou aula com seus amigos, que o Highlander gritou “só pode existir uuuum!”, e que Stallone Cobra chamou seu inimigo de cocô. Não é mole não. Confira a lista com algumas dessas preciosidades cinematográficas:
A Casa do Espanto, de Steve Miner
Lançado em 28 de fevereiro.
As distribuídoras brasileiras traduziram House para A Casa do Espanto provavelmente numa tentativa de remeter ao grande sucesso de A Hora do Espanto, lançado no ano anterior. Em comum, as duas obras possuem apenas o humor negro e a tradução mesmo. A Casa do Espanto conta uma história divertida sobre um escritor passando por um grande bloqueio criativo e possui bons momentos, mas no geral deixa a desejar justamente pela falta de qualidade dos seus efeitos especiais e a dificuldade em encontrar um tom certo para seguir adiante. No entanto, é um verdadeiro clássico dos anos 1980 e marcou a infância de muita gente.
Existe um projeto para refilmar A Casa do Espanto.
Tullio Dias
Highlander, de Russell Mulcahy
Lançado em 7 de março.
Existem obras que marcam a nossa infância e nos faz ter a certeza que se tratam de clássicos absolutos, com uma qualidade inquestionável. No entanto, é justamente o contrário que costuma acontecer na maioria das vezes. Highlander é um exemplo disso. Se tivesse me deixado levar apenas pela minha memória afetiva, provavelmente escrevia alguma coisa falando bem do longa-metragem. Só que optei por uma revisão (deve ter mais de 20 anos desde que assisti pela última vez) e a única coisa que permaneceu inabalável foi a carismática participação de Sean Connery como o mestre do personagem principal vivido pelo péssimo (Jesus! Como ele é ruim!!!!) Christopher Lambert. Um remake está em produção e não poderia ser mais bem vindo.
Tullio Dias
A Hora das Criaturas, de Steve Miner
Lançado em 11 de abril.
Cópia mal feita de Gremlins, A Hora das Criaturas ainda funciona razoavelmente bem depois de 30 anos. A história acompanha uma família tradicional numa pacata cidade do interior quando estranhas criaturas extraterrestres chegam e começam a devorar tudo que passa pelo seu caminho. Para tentar impedir a destruição, dois caçadores espaciais chegam para tentar conter as criaturas, embora acabem causando ainda mais confusão. Influenciou demais o excelente Ataque ao Prédio, de Joe Cornish, em 2011.
Tullio Dias
Retroceder Nunca, Render-se Jamais, de Corey Yuen
Lançado em 2 de maio.
Confesso que não vi essa produção na minha infância. Tinha ouvido falar pela primeira vez na época em que trabalhei na Saraiva e um amigo dizia sempre sobre o tal “filme do espírito do Bruce Lee com o Van Damme“. Assistindo agora, 30 anos depois de seu lançamento, me diverti horrores com a história de um garoto esquentadinho que começa a treinar sozinho para conseguir o tão sonhado reconhecimento perante os rivais, além de se vingar do lutador russo (Van Damme interpreta o vilão, cara!!!). Tudo bem que parece uma cópia mal acabada de Karate Kid, mas ainda assim diverte!
Tullio Dias
Top Gun: Ases Indomáveis, de Tony Scott
Lançado em 16 de maio.
Top Gun: Ases Indomáveis é o filme que alavancou a carreira de Tom Cruise e de tabela as inscrições de jovens na Aeronáutica norte-americana. Mesmo criticado por fazer “propaganda” da Força Aérea, a verdade é que marcou a juventude de muitas fãs do astro.
Juliana Uemoto
Cobra, de George P. Cosmatos
Lançado em 23 de maio.
Não tinha como a gente colocar o cartaz original desse clássico e ignorar essa pérola da tradução. Cobra é uma daquelas obras de humor involuntário, justamente pela dublagem horrorosa que mais parece piada de mal gosto com o inesquecível “você é um cocô”. Apesar de tudo, é uma das principais produções de Sylvester Stallone. Fãs de ação não podem deixar de assistir!
Tullio Dias
Curtindo a Vida Adoidado, de John Hughes
Lançado em 11 de junho.
O diretor John Hughes tinha a grande habilidade de entender a alma adolescente dos anos 1980 e traduzi-la em seus filmes. Em Curtindo a Vida Adoidado, acompanhamos a jornada de Ferris Bueller cabulando um dia de escola para aproveitar a vida numa verdadeira ode ao Carpe Diem. Enquanto isso, vemos professores entediantes e um diretor rigoroso sofrendo diversos revés ao tentar apanhá-lo. Em meio aos dois extremos desta comédia dramática está a melancolia do amadurecimento de cada um. O fim do colégio marcando o inevitável afastamento de seus amigos de infância.
As peripécias de Ferris Bueller ficaram tão icônicas que viraram o nome e uma banda (Save Ferris) e viraram sinônimo de curtição. Até o dia em que o diretor Alexander Payne escalou o ator Matthew Broderick para interpretar um professor entediante no filme Eleição, de 1999. Ferris Bueller havia envelhecido junto com os fãs do filme e tornou-se um adulto chato e fracassado.
Este clássico da Sessão da Tarde marcou profundamente toda uma geração que neste instante está se sentindo velha ao descobrir que ele foi lançado 30 anos atrás. Pois é, Ferris. A vida passa rápido demais mesmo.
Leonardo Lopes Carnelos
Labirinto, de Jim Henson
“Um dos filmes mais memoráveis da década de oitenta (pelo menos entre o gênero de fantasia). David Bowie atua no papel do “Rei dos Duendes” e apresenta uma ótima atuação que foi complementada com excelentes canções (como “As The World Falls Down”, “Magic Dance”… ) e ótimos passos de dança. Portanto, nesse filme, Bowie mostrou sua pluralidade artística, que sempre foi um dos maiores destaques de sua carreira.”
Juliana Vannucchi
Os Aventureiros do Bairro Proibido, de John Carpenter
Lançado em 2 de julho.
Essa obra-prima da porradeira fez parte da minha história quando era um pequeno catatau. Acho que provavelmente foi o meu primeiro filme favorito. Ficava usando as miniaturas do Rambo e fingindo que estava criando meu próprio remake da produção dirigida por John Carpenter. Me divertia horrores com os “chefões”, incluindo aqueles dois que (provavelmente) inspirariam a criação do Raiden e Shang Tsung, de Mortal Kombat. Nas revisões mais recentes, até percebo um monte de defeito, mas nada que tire a graça de um dos melhores filmes da década de 1980. Ou um dos mais divertidos, no mínimo.
Tullio Dias
Howard, O Super-Herói, de Willard Huyck
Lançado em 1 de agosto.
Howard é um pato “alienígena” que vem parar na Terra sem querer, e aqui vive muitas aventuras. Na onda dos super-heróis fortões é uma bizarrice deparar com o pato Howard, que além de tudo conquista a mocinha da história. A sacada do diretor em brincar com as histórias de super-heróis rende muitas risadas, e a diversão cede lugar à estranheza inicial. Boa pedida para um programa leve e sem compromisso!
Juliana Uemoto
A Mosca, de David Cronenberg
Lançado em 15 de agosto
Obra-prima do terror trash dos anos 80, o filme fala sobre um cientista que cria uma máquina de teletransporte e testa em si mesmo sem perceber que uma mosca entrou junto na máquina. Jeff Goldblum parece ter nascido para o papel, com aqueles olhos gigantes. O Oscar por Maquiagem foi tão justo que talvez seja melhor assisti-lo de estômago vazio.
Natália Ranhel, do blog Crítica em Cena
Conta Comigo, de Rob Reiner
Lançado em 22 de agosto.
Sabe aqueles filmes que você vê mil vezes quando criança? Pois é, um deles pra mim foi Conta Comigo. Não sei o que me encantou tanto nesse filme de 30 anos atrás: talvez os quatro engraçados protagonistas e sua química incondicional, talvez as cenas hilárias como as do sanguessuga e competição de torta. Só sei que foi o longa que me apresentou River Phoenix, meu ator favorito de todos os tempos, e jamais o tirei da memória desde minha infância.
Dani Pacheco, do blog O Que Rola no Cinema?
Crocodilo Dundee, de Peter Faiman
Lançado em 26 de setembro.
“Isso não é uma faca; isso é uma faca!”
Crocodilo Dundee é um clássico dos anos 1980 que funciona muito bem até nos tempos atuais. Afinal, a história faz um mix de King Kong com Tarzan e seu grande mérito é o carisma de Paul Hogan. O protagonista dá um show e nos faz rir horrores de suas peripécias na cidade grande.
Tullio Dias
Sid e Nancy – O Amor Mata, de Alex Cox
Lançado em 7 de novembro.
Sid Vicious é um dos principais nomes da história do punk, do contra-baixo e da cultura em geral. Não por suas qualidades como instrumentista, veja bem. Mesmo com um instrumento de quatro cordas e com a obrigação de tocar apenas as notas tônicas (fazendo o acompanhamento mais básico), ele encontrava dificuldades e fez muitas apresentações com o instrumento desligado. Fora do palco, a sua vida era um caos. Vício em heroína, agressões e um relacionamento tóxico com uma garota tão perturbada quanto ele. A mistura disso tudo foi explosiva e resultou na sua morte poucos anos depois do auge meteórico do Sex Pistols e seu final. Sid e Nancy é uma obra que foca nesse personagem único que marcou a música e se tornou um símbolo de rebeldia.
Tullio Dias
O Rapto do Menino Dourado, de Michael Ritchie
Lançado em 12 de dezembro.
Pessoal que nasceu até o começo dos anos 1990 com certeza viu alguma reprise de O Rapto do Menino Dourado na temperatura máxima. Domingão, depois daquela refeição deliciosa com a família, você ligava a televisão e tinha uma chance enorme de se deparar com Eddie Murphy tentando resgatar o pirralho dourado do título. É muito legal notar as semelhanças fantasiosas desta obra com Os Aventureiros do Bairro Proibido, já citado aqui nessa lista especial: os dois filmes tratam da luta do bem contra o mal e aproveitam de uma época em que o público não era cínico o suficiente para torcer o nariz para uma história “tão boba”.
Deu até vontade de assistir mais uma vez (depois de mais de 20 anos desde a última vez) e preparar um texto maneiro para os nossos leitores. Que tal?
Tullio Dias
A Pequena Loja de Horrores, de Frank Oz
Lançado em 19 de dezembro.
Antes de se envolverem na produção de clássicos da animação como A Pequena Sereia e A Bela e a Fera, a dupla de compositores Alan Menken e Howard Ashman criou esse musical extremamente comico e bizarro inspirado em um filme B dos anos 60 sobre uma planta carnívora alienígena. Com músicas contagiantes, atuações inspiradas (como a participação mais que especial de Bill Murray como um fanático por dentistas), e um dos melhores exemplos de uso de animatronics no cinema (mérito do diretor Frank Oz que é até hoje o principal nome quando se pensa em bonecos, fantoches e coisas do gênero) A Pequena Loja de Horrores é um dos melhores exemplos do que o cinema de humor dos anos 80 tinha a oferecer, especialmente com o final alternativo que é pura genialidade.
Lucas Victor
Platoon, de Oliver Stone
Lançado em 19 de dezembro.
Platoon é outro filme que explora as mazelas da Guerra do Vietnã. Genial ao revelar que na guerra não há mocinhos ou bandidos, todos carregam suas culpas, independentemente do lado que defende. Pontos fortes: Tom Berenger e William Dafoe estão ótimos!
Juliana Uemoto