O filme mais assistido de todos os tempos, um marco do cinema, a Titanic mania. Se você tem seus vinte e poucos anos, se lembra bem do furor causado pelo filme de James Cameron em 1997. De lá pra cá, vimos Kate Winslet ganhar o Oscar, Leonardo DiCaprio firmar uma parceria bem sucedida com Martin Scorsese e até Cameron perder o prêmio da Academia para a ex-mulher.
Os tempos são outros, sem dúvida. Até para a indústria cinematográfica. Não é nenhuma novidade que Hollywood mais recicla que cria – antes fosse um princípio sustentável! – e não há como negar que o relançamento de Titanic vem em um timing perfeito: o naufrágio completou 100 anos em 14 de abril e a superprodução de Cameron já está soprando 15 velinhas.
Há quem argumente que se trata do mesmo filme, o que faz de Titanic 3D um mero caça-níquel. Essa afirmação está parcialmente correta. Ninguém relança um filme idêntico só pelo bem da sétima arte. Titanic perde apenas para Avatar em bilheteria (mas continua o mais visto, considerando a inflação que acarretou o aumento dos ingressos), o que em nada impede que a 20th Century Fox volte com a fita aos cinemas.
Só há um detalhe: é igual – mas diferente. Uma tecnologia àquela época inimaginável proporciona uma experiência inédita até para quem tinha assistido ao filme 23 vezes antes – como esta que vos fala.
Os mais idealistas dirão que Titanic pode agora alcançar toda uma nova geração de espectadores – o que também não é uma inverdade. Em uma sessão em pleno horário de almoço de domingo na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, a sala não estava cheia, mas era o retrato da diversidade. De adolescentes a idosos, homens e mulheres, ninguém ficou imune à narração de Rose. O resultado, sem dúvida, foram muitos óculos molhados.
Mas o fato é que todos conhecem muito bem a trama, e não é por ela que plateias estão voltando aos cinemas. Todos querem se maravilhar com um dos filmes mais ousados dos últimos tempos, dessa vez em som de alta definição e a melhor qualidade de imagem que se pode proporcionar.
A conversão para o 3D foi primorosa. Detalhista que é, Cameron colocou a mão na massa e, com o auxílio de uma equipe, retocou cada um dos 300 mil quadros do filme. A tecnologia todos já conhecemos, mas o diretor optou (corretamente) pela paralaxe positiva, que, ao invés de meramente aproximar as cenas do espectador, dá profundidade à imagem. O resultado foi a vivacidade de cenas emblemáticas, como a que mostra Jack e Rose na proa do navio (“Estou voando, Jack!”), o momento derradeiro do Titanic sobre a água, quando se dirige para o fundo do Atlântico, ou até mesmo quando Rose sai do carro e, levantando a cabeça, avista a grandiosidade do “navio inafundável”.
A diferença deste filme para os demais que hoje lotam salas IMAX é que Titanic foi feito em 2D, em uma época em que os filmes não simplesmente jogavam coisas na cara de quem assiste. Os adeptos do tipo de filme que, ironicamente, é exibido nos trailers (Os Vingadores, Homem Aranha, MIB), não se decepcionarão. Na segunda metade do longa, o naufrágio é tão vívido quanto pode ser. Nenhum dos efeitos especiais foi retocado, o que para as plateias de hoje pode parecer um pouco datado.
No entanto, nada disso compromete a beleza de Titanic. Cameron é o primeiro a apontar que um bom filme sobrevive ao teste do tempo, e Titanic passou com mérito.
Título original: Titanic
Direção: James Cameron
Produção: James Cameron
Roteiro: James Cameron
Elenco: Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Billy Zane, Kathy Bates, Gloria Stuart
Lançamento: 1997
Nota: