SE O FILME ORIGINAL JÁ TINHA UM TANTO DE DEMÊNCIA INSERIDO NO DNA, o que é que se poderia imaginar em dizer para buscar defender a sequência? Claro que é digno de elogio a esperteza do roteiro em brincar com o recurso da metalinguagem e apresentar um personagem doente mental que é o fã número um do filme A Centopéia Humana e que seu passatempo favorito é assistir ao filme enquanto se masturba e aguarda suas pobres e indefesas vítimas se aproximarem. O tal doente é um segurança noturno de um estacionamento, ou seja, ele tem a chance de pegar várias pessoas desprevenidas.
O tal segurança se chama Martin e talvez já tenha sido possível entender que ele é um tarado do tipo que realmente assusta até mesmo outros tarados. Aquele freak que todos queremos distância. Em A Centopeia Humana 2, reforçado pelo uso da metalinguagem, fica explícito que a violência e a humilhação são elementos importantes no que desperta a sexualidade de Martin, que age como uma criança grande extremamente cruel e fria.
Inspirado por tudo que assistiu (e decorou) do filme que coloca duas garotas e um sujeito nas mãos de um cientista maluco, Martin violenta e sequestra um grande número de pessoas, disposto a recriar a centopeia humana de uma forma que nem mesmo o maníaco interpretado por Dieter Laser seria capaz. Tom Six, diretor das duas pérolas do terror moderno, teve que lidar com duras críticas do governo inglês, mas até mesmo confirmou um próximo filme para encerrar a trilogia. Em tempos de Serbian Film, vale pensar se precisamos mesmo desses tipos de produções (semi) gratuitas e nas quais nada acrescenta ao público, exceto no que diz respeito a descobrir novas formas de tortura ou práticas masoquistas.
A Centopeia Humana 2 nos deixa com uma séria dúvida. Afinal, será que aquela cena final exemplifica os delírios de pessoas doentes como Martin e que existem na realidade? Ou seria apenas o prosseguimento de tudo aquilo que foi apresentado anteriormente, com direito a inclusive a melhor cena de lacraia na história do cinema? Coisas que apenas a nossa criatividade e interpretação pode sugerir. Será que Six queria causar justamente esta reação no público? Imaginar que seria possível se identificar com alguém como Martin?
Reparem bem nas homenagens que a produção presta a Quentin Tarantino, que acaba sendo usado como desculpa para que algumas das vítimas caiam no golpe do psicopata da centopéia. A verdade é que de tão tosco, você acaba achando divertido assistir aos filmes da série. Tudo isso, claro, depois de vomitar parte do seu almoço.
Título original: The Human Centipede 2
Direção: Tom Six
Produção: Tom Six
Ilona Six
Roteiro: Tom Six
Elenco: Laurence R. Harvey
Ashlynn Yennie
Lançamento: 04.Novembro.2011 (mundial)
Nota: