TUDO E TODAS AS COISAS (Everything, Everything, 2017) é uma narrativa de romance deliciosamente apaixonante e envolvente. É daquele tipo de filme em que você consegue prever tudo que irá acontecer, mas mesmo assim fica encantado com a maneira em que a narrativa se desenvolve.
A trama apresenta a vida de uma adolescente que viveu praticamente a vida inteira dentro de sua casa, pois ela possui uma doença rara que deixa o seu sistema imunológico bastante frágil. Sua vida começa a mudar com a chegada de seus novos vizinhos, que têm um filho adolescente por quem ela se apaixona.
Tudo e Todas as Coisas apresenta uma forma curiosa de relacionamento à distância. Veja bem. Tenho PhD nesse assunto. Na verdade, tenho mais conhecimento de causa em maneiras destrutivas de romper relacionamentos, mas não vem ao caso. Identifiquei no roteiro algo que senti várias vezes durante o período em que optei por me relacionar com alguém de outra cidade. O filme coloca esses dois personagens numa situação em que sua única comunicação possível é através da internet, ainda que possam se olhar.
A cineasta Stella Meghie cria cenas lindas em que o casal começa a interagir, mas tudo não passa de uma idealização de como a comunicação virtual deveria acontecer realmente. Essa emulação da realidade me faz lembrar imediatamente do vídeo musical de “Walking After You”, do Foo Fighters (aproveitando, fica o jabá para ler um texto recente que escrevi sobre a banda). No exemplo, o clipe faz uma referência a relação de Mulder e Scully, personagens de Arquivo X, que trabalham juntos e ao mesmo tempo criavam uma imensa parede de vidro imaginária que os separava.
Para fortalecer a relação temos a bela atuação de Amandla Stenberg (a pequena Rue, de Jogos Vorazes). Ela conquista o espectador com seu charme, ingenuidade e paixão. O trabalho da jovem atriz é fundamental para nos fazer sentir apego ao seu drama e nos preocupar com as chances dela morrer sem conseguir descobrir o que é viver realmente.
Ainda assim, mesmo com seus valores e qualidades, Tudo e Todas as Coisas não consegue deixar de ser uma produção extremamente voltada para um público adolescente ou no começo da vida adulta. Nick Robinson é um sósia igualmente talentoso de Ansel Elgort, por exemplo. É um apelo bem específico para quem é jovem. Por mais que eu seja sensível e tenha me sentido emocionado pela inocente explosão de amor virgem em cena, faltou muito para que o longa entrasse no meu hall de produções românticas marcantes.
(Mas não se surpreenda quando encontrar Tudo e Todas as Coisas na nossa lista de melhores filmes de romance de 2017 no final do ano. Contradição é um fetiche pessoal tanto quanto me envolver com garotas que moram longe)
Indicado para meninos e meninas jovens, inocentes e que ainda não tiveram seus respectivos corações partidos pela cruel – e inevitável – curva de evolução da vida real. Essa não perdoa ninguém.