critica terra selvagem

Crítica: Terra Selvagem (2017)

 

O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A crítica de Terra Selvagem possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação. Ou seja, recomendamos que assista ao filme antes de ler o artigo a seguir!

poster terra selvagemTERRA SELVAGEM PODE SER CONSIDERADO COMO A GRANDE ESTREIA DE TAYLOR SHERIDAN NA DIREÇÃO. Independente de ter comandado um filme em 2011, o elogiado roteirista de Sicario e A Qualquer Custo agora tem uma oportunidade de ouro para mostrar seu talento também atrás das câmeras. E puxa vida! Que talento!

Sheridan já tinha a atenção da crítica após escrever dois dos melhores filmes lançados nos últimos 10 anos (e você terá em breve uma lista completa para comemorar o décimo ano de vida do Cinema de Buteco – spoilers!!!), mas agora se garante como um dos principais “novatos’ da indústria. Ao lado de Jeremy Saulnier (Green Room e Blue Ruin), é um nome que se destaca na hora recriar atmosferas densas, cruas e violentas.

O longa-metragem apresenta Cory Lambert (Jeremy Renner em uma das suas melhores atuações em toda a carreira) como um caçador numa reserva ambiental. Após perder a filha numa tragédia tempos atrás, ele vive sozinho e num dia encontra o corpo de uma garota. Ao notar que se tratava de uma amiga da filha, Cory começa a tentar encontrar os culpados e recebe a ajuda de uma impulsiva agente do FBI vivida por Elizabeth Olsen.

Assim como em Sicario e A Qualquer Custo, existe um grande teor social e político envolvido na narrativa. Temos vários núcleos envolvidos, cada um representado por um tipo muito diferente de personagem, cujas motivações geram conflitos. Lambert e Banner (Olsen), mesmo com a falta de coisas em comum, encontram afinidades na sede de resolver o caso. Nesse caso, a gente acaba lembrando diretamente da relação entre Emily Blunt e Benicio Del Toro em Sicario. A dinâmica funciona, a química existe, a missão é finalizada. Ajuda bastante, claro, quando a dupla de atores já contracenaram juntos antes em Os Vingadores 2 e Capitão América: Guerra Civil.

Enquanto a investigação avança e parece se aproximar de uma conclusão, somos levados para um flashback que revela exatamente como tudo aconteceu. Essa viagem narrativa divide um pouco minha impressão. Por um lado, parece que corta completamente o ritmo em que a história se desenrolava. Por outro, cria um senso de antecipação arrepiante no espectador. Depois de ficar sem respirar durante a incrível sequência em que Banner e seus parceiros são cercados por um grupo de seguranças e tudo fica muito tenso, somos presenteados com um inesperado tiroteio à queima-roupa.

Terra Selvagem pode não ser a recriação perfeita de como é ser um nativo americano, mas é a opção do momento para esse tema delicado. Sheridan é um roteirista talentoso e diretor sensível, que demonstra ter aprendido bastante com a técnica e estilos de Villeneuve e Mackenzie, em Sicario e A Qualquer Custo, respectivamente. Toda frieza dos acontecimentos, o fato de nunca conseguirmos decifrar completamente os personagens, são amparadas pela neve e o inverno cruel que castiga a narrativa.