A Vida Durante a Guerra (Life During Wartime), filme de Todd Solondz que retoma seus tão famosos personagens de 1998 quando realizou Felicidade é uma espécie de carro-chefe do Indie deste ano. Claro que temos Apichatpong Weerasethakul, mas Solondz é certamente o diretor mais conhecido justamente pelo trabalho já citado (e também pelo igualmente forte Bem Vindo à Casa de Bonecas).
Como não produzia nada desde 2004, havia uma expectativa em torno de um novo trabalho seu. Solondz é conhecido por sua visão ácida, irônica e ao mesmo tempo fatalista da realidade e seu foco é nas relações, na medida em que são completamente desastrosas, que não se completam. Relações que consistem na tentativa de se aproximar, já que cada um com seu desajuste acaba por se perder no processo.
É aqui que aparece A Vida Durante a Guerra, seu mais novo trabalho e infelizmente desnecessário. Não é um filme completamente ruim, mas se comparado ao outro que lhe originou é muito fraco. Felicidade tinha certo vigor e ritmo que faltam aqui. A história das três irmãs (Joy, Trish e Helen) era muito mais consistente, sendo que agora tem-se a impressão de que o filme se ancora em situações que funcionaram anteriormente, sem a preocupação pelo novo. Os personagens já não são mais interessantes (principalmente Joy aqui interpretada por Shirley Henderson de forma totalmente afetada e quase irritante) e alguns são retomados de forma um pouco superficial (sobretudo o problemático Bill de Ciáran Hinds e Billy de Chris Marqhette).
Há um foco maior em temáticas como o perdão, culpa, democracia, uma necessidade daqueles personagens de se colocarem num mesmo patamar, nivelando-se, eximindo-se de responsabilidades e fardos que sejam maiores do que aqueles que já possuem. Solondz defende claramente a falência destes ideais, que quando colocados frente às aspirações individuais, perdem sua força. Se existe uma guerra, diz Solondz é a guerra de todos contra todos, travada de forma velada, onde que proteger-se (ferindo) é a melhor forma de atacar.
De qualquer modo A Vida Durante a Guerra não deixa de ter seus momentos interessantes e engraçados, mas que não sustentam todo o filme. Fica a sensação de que nada se acrescentou na história daqueles personagens que conhecemos a 12 anos atrás, apesar da premissa ser de certa forma interessante.
Mas em tempos de Indie, em que escolher um filme é deixar de ver outro, eu não escolheria este.