Testemunhei o FIM. Mas longe de ser o final dos tempos, o Festival Internacional de Mulheres no cinema marca um importante início. É o início de um basta à desigualdade no audiovisual. O festival conta com duas mostras competitivas (uma nacional e uma internacional), além de duas mostras (“Lute como uma mulher” e “O fogo que não se apaga’) e atividades de formação e debate, trazendo filmes que contam com o protagonismo das mulheres, seja nas telas ou atrás das cameras.
A cerimônia de abertura contou com mulheres poderosas se revezando no palco para nos contar a gênesis da idéia de todo o projeto e nos alarmar com números terríveis que deflagravam a pequena presença das mulheres em papéis de protagonismo no cinema (ou na nula presença no caso de diretoras mulheres negras, por exemplo). O festival encontra em sua sigla, FIM, o desejo de não ser necessário à longo prazo. A presença das mulheres no cinema e no audiovisual deve ser em números mais expressivos.
A noite contou com a presença não apenas dessas mulheres que são destaque no cinema, mas muitos movimentos feministas e figuras de destaque no audiovisual e no jornalismo. A cereja do bolo foi a homenageada dessa edição do festival, a maravilhosa atriz Zezé Motta. Emocionada com o convite e com a homenagem, Zezé cantou e foi aplaudida de pé.
A abertura do festival contou ainda com a exibição do filme “Que Lingua Você Fala?”, obra de estreia no cinema da artista plástica Elisa Bracher.
O documentário, belamente montado, entrevista crianças, adolescentes e adultos que sofreram episódios imigratórios ou migratórios, afim de destrinchar os obstáculos que tiveram com a linguagem. Delicadamente filmado no Brasil, na Inglaterra e na Índia, o documentário nos traz um respiro entre as história com imagens ricas, lindamente fotografadas. Os depoimentos nos são apresentados com muita sensibilidade, provocando riso e reflexão. Não sabemos quem são as pessoas uma vez que não são legendados seus nomes nem suas profissões, mas isso não importa. Pelo contrário, acresce em nossa percepção de linguagem, onde, através de nosso preceitos e preconceitos, inconscientemente, resolvemos essa questão. Um dos entrevistados diz que é mais fácil traduzir “o pão nosso de cada dia” do que traduzir só a palavra “pão”, uma vez que essa pode significar mais uma coisa.
O festival vai até o dia 11 de julho alternando os filmes das mostras, no CineSesc e no Espaço Itaú de Cinema – Augusta. A programação completa pode ser conferida aqui.
E você? Quer o FIM do que?