Review: The Walking Dead s07e01 – “The Day Will Come When You Won’t Be”

FORAM MESES AGUARDANDO PELA RESPOSTA. Meses alimentando uma dúvida que spoiler nenhum parecia solucionar. Após o final da sexta temporada de The Walking Dead fomos apresentados ao vilão Negan (Jeffrey Dean Morgan). Como cartão de visitas, Negan matou um dos sobreviventes da turma de Rick, mas os telespectadores tiveram que chupar os dedos e aguardar muitas semanas até descobrir QUEM foi a vítima em The Walking Dead s07e01 – The Day Will Come When you Won’t Be”.

Confesso ter sentido um pouco de medo. Criar expectativas com The Walking Dead costuma ser frustrante e a chance deles enrolarem por alguns episódios era real. Imagine só! Ter que assistir dois, três episódios de flashback para finalmente descobrir que personagem nos deixou! Enrolação com cliffhangers baratos foi o que mais aconteceu no sexto ano: Glenn “morto” na lixeira; o tiro em Daryl; o final da temporada com a visão subjetiva de quem tinha acabado de ser golpeado pela Lucille, o taco de baseball sangrento de Negan. (Também é o nome da guitarra que B.B. King usava)

Pois bem. Felizmente, “The Day Will Come When You Won’t Be” não nos enrolou. Ele foi quase que direto ao ponto. Ironicamente, com um flashback. O primeiro da história de TWD a responder as necessidades do seu público. Engraçado é dizer “felizmente”, já que a consequência dessa resposta foi o momento mais sofrido de todos esses sete anos. E ainda veio com uma inesperada (desagradável) novidade em relação aos quadrinhos: enquanto todos nós esperávamos ver Negan esmagando a cabeça do pobre coitado do Glenn, os produtores da série nos surpreenderam com um ataque ao gigante ruivo Abraham.

Parecia que Glenn escaparia mais uma vez, mas não. George Martin ficaria orgulhoso de Robert Kirkman. Como se quisesse dar uma resposta para todos que criticaram a enrolação na temporada anterior, Kirkman pregou uma peça em todos nós. Nos fez acreditar que Glenn sobreviveria e a série seguiria um caminho diferente dos quadrinhos. Mas não. Sem avisos, firulas ou discursos, Negan ergueu Lucille mais uma vez e atacou Glenn numa das cenas mais violentas da televisão norte-americana. Com um trabalho excepcional da equipe de maquiagem (que já havia acertado ao mostrar Carlinhos sem um olho no incrível s06e09), Glenn fica completamente deformado com um dos olhos esbugalhados (no melhor estilo Paul Verhoeven) e a cabeça escorrendo sangue. Não é o tipo de coisa que você mostraria para crianças. Não é o tipo de destino que você gostaria para um “velho conhecido” de seis, sete anos. E é exatamente por isso que a morte de Glenn “machuca” tanto. Não estamos acostumados a ver tanta violência com nossos protagonistas. Nem os fãs de Game of Thrones estão, sinceramente.

“The Day Will Come When You Won’t Be” é inteiramente concentrado em Negan tentando “quebrar” Rick. Mostrar a sua força e superioridade. Mostrar que Rick não manda mais em absolutamente nada. (E sobre um machadinho onipresente que deixou os fãs dos quadrinhos arrepiados esperando pelo momento em que ele seria usado no braço de alguém) Sempre com um sorriso debochado, o vilão desfere frases de efeito para abalar ainda mais o emocional do nosso protagonista, que passou o ano anterior inteiro se achando um Deus invencível e finalmente pagou por sua arrogância.

Mesmo depois de perder dois amigos e quase morrer num jogo cruel de Negan, nosso herói ainda manteve o ódio no olhar. Aquele típico olhar de quem aceita perder a luta, mas não a guerra. Rick iria esperar até ter a sua desforra, porém Negan não gostou disso. Não foi o suficiente. Novas ameaças foram feitas e somente diante da ordem de arrancar o braço do Carlinhos, Rick sossegou e admitiu que a guerra estava perdida. Nesse momento Negan finalmente conseguiu quebrar Rick. Fez o nosso herói entender como é que a banda iria tocar.

Preciso fazer um comentário importante: Jeffrey Dean Morgan é um ator excepcional (ainda que pareça um sósia de Javier Bardem) e não tinha a menor dúvida de que a sua escalação como o vilão mais icônico do universo The Walking Dead elevaria a qualidade da série. Os poucos minutos em cena na season finale da temporada passada já haviam sido o suficiente para me convencer, mas ver o cara em ação de verdade foi arrepiante e superou expectativas. Um ator desse nível na série tem o seu peso e isso reflete no trabalho de seus companheiros de cena. Convenhamos que The Walking Dead não ERA uma série para se reconhecer o trabalho do elenco, né? Isso vai mudar com certeza e o impacto já está presente nesse primeiro episódio. Andrew Lincoln emocionou o público muitas vezes no passado ao mostrar as mudanças nas expressões de Rick, mas nunca chegou nem perto do que é oferecido aos telespectadores nos minutos finais de “The Day Will Come When You Won’t Be”. Um trabalho de tirar o fôlego e aplaudir de pé.

Kirkman mudou o script da série mais uma vez ao manter as duas mãos de Rick. Diria que foi uma substituição: Abraham pela mão. Mas nos presenteou com uma season premiere que todos vamos comentar durante muito tempo e com uma direção que nos deixa apreensivos esperando absolutamente qualquer coisa do imprevisível Negan. Não quero ser o cara a cortar o barato e dizer que dificilmente teremos 15 episódios com esse nível, que The Walking Dead é mestre na arte de enrolar e tratar seu público como se fosse um bando de ignorante. Não serei. Vou deixar isso para os outros sites com seus respectivos reviews. Aqui serei apenas um fã muito satisfeito de ver The Walking Dead sendo capaz de superar as nossas expectativas.

Que venha o sétimo ano!