Os minutos introdutórios de Not Fade Away entram para o registro das melhores sequências da série Fear the Walking Dead até o momento e deixarei essa parte para o final do texto. E isso é apenas um pequeno detalhe precioso para os fãs de música, já que o episódio reservou boas doses de surpresas e emoções para os telespectadores.
O quarto episódio funcionou como um bom jogo de xadrez com as peças se encaixando e preparando para dar o cheque-mate. Se no final do último episódio tivemos a invasão do exército como uma ponta de esperança para os personagens (ainda que Daniel Salazar tenha comentado sabiamente que era tarde demais), agora percebemos que não é bem assim.
O exército aparece como uma opção truculenta, o que mostra bem o posicionamento dos criadores da série em relação ao que acontece na vida real. Se já tivemos uma manifestação que se tornou um imenso conflito nos primeiros episódios, agora temos claramente a personificação do “mal” nos mocinhos. Eles não estão lá para ajudar de fato. Estão lá apenas para cumprir ordens e garantir que ninguém faça nada que não “deva”.
Chris percebe que existem sobreviventes do lado de fora das cercas criadas pelo exército e conta para seu pai, que o ignora. Madison decide olhar o que está do lado de fora e descobre que o exército matou um homem que não estava transformado. Isso a enche de suspeitas. A situação piora depois que os oficiais levam Nick para receber tratamento em outro local. Os militares agiram com a tradicional truculência e apontaram armas para toda a família durante uma ação noturna para não chamar muita atenção.
A questão é: será que os militares levaram Nick e outros embora porque já perceberam que qualquer um que morrer se torna zumbi ou porque realmente possuem uma zona de quarentena para cuidar de pessoas? E ainda: será que os militares possuem ordens de matar qualquer pessoa que esteja fora da área de proteção? Pois a pessoa que tentou se comunicar com Chris e Maddie foi claramente fuzilada no final do episódio. Travis viu a luz que seu filho havia falado, mas desta vez ouviu também os disparos das armas. Alguém morreu, com certeza.
Para os telespectadores ficou uma surpresa ao ser revelado sutilmente que a vizinha de Madison cometeu suicídio. A carta dela para o marido no final do episódio é emocionante e nos prepara para o clima quebradeira que seguirá nos próximos dois (e últimos) capítulos dessa primeira temporada do surpreendente Fear the Walking Dead.
Encerrando o post com “Perfect Day”, do Lou Reed, que comentei no começo do review. Que sequência linda essa em que assistimos a Travis correndo pelas ruas, Nick curtindo a vida de patrão de boa na piscina e tudo acontecendo como se fossem tempos normais. Existe uma curiosa tentativa de Travis em ignorar que o mundo deixou de ser como era antigamente e ele insiste em tentar agir como se estivesse tudo bem e que o exército está lá apenas para ajudar. Lindo, lindo.