Estamos apenas em março, mas uma série de grandes filmes já chegaram aos cinemas e se destacaram no ano. Confira, a seguir, os melhores lançamentos de 2018 até o momento!
A lista será atualizada todo início de mês.
JANEIRO
O Destino de uma Nação
“Como produção, “O Destino de uma Nação” brilha no roteiro, atuações e direção, com ótima reconstituição de época e locações, aprofundando mais nas negociações do conflito e nas estratégias do que na própria guerra. A preocupação em quem colocar no lugar do primeiro-ministro incompetente destituído e a escolha daquele que deveria descascar a batata quente do acordo é o tema principal” (Maristela Bretas, Cinema no Escurinho)
“Num primeiro momento, causa certa estranheza ver Oldman com aquela maquiagem pesada, que lhe confere anos e quilos a mais. Com poucos minutos, esquecemos Oldman e focamos em Churchill, o que deve ser o maior elogio que se pode fazer a um ator. Seguindo nomes como os de Albert Finney, Brendan Gleeson e Brian Cox, além do mais recente e excelente John Lithgow (em The Crown), o eterno Drácula marca outro gol em uma bela carreira, com mais uma figura real – caso de Sid Vicious, Lee Harvey Oswald e Beethoven” (Marcelo Seabra, O Pipoqueiro)
The Post – A Guerra Secreta
“O filme tem fortes pilares. O primeiro, claro, o elenco e o diretor, já apontados. E sim, em um momento em que o protagonismo feminino é palavra de ordem, ver a personagem avant la lettre Kay Graham lutando para conciliar o lado mãe e avó com a recente viuvez e a dificuldade em se impor num ambiente então ainda predominantemente masculino é outro aspecto que certamente vai provocar empatia no público. Mas o grande trunfo da empreitada é recuperar o tempo em que os jornais eram a fonte de informação à qual a população devotava legitimidade – e o poder público, justificado temor. Uma época de ouro que parece cada vez mais distante, diante da avalanche das novas mídias e na era das fake news” (Patrícia Cassese, Cinema no Escurinho)
“The Post traz luz a um episódio importante e interessante da história dos Estados Unidos e sua exibição em cursos de jornalismo já é essencial, como o recente Spotlight e o novo clássico Todos os Homens do Presidente (All the President’s Men, 1976), que deu um Oscar a Jason Robards pelo papel coadjuvante de Ben Bradlee. O meio do filme pode ser um pouco cansativo, e as constantes trapalhadas mostradas, como deixar volumes caírem e atravessar a rua sem olhar, irritam um pouco. Mas isso se perde no todo, que é mais um ponto marcado na brilhante carreira de Spielberg” (Marcelo Seabra, O Pipoqueiro)
Me Chame pelo seu Nome
“Me Chame pelo seu Nome é muito mais do que uma história de paixão. É um drama que analisa com destreza o descobrimento de um rapaz sobre sua sexualidade. Além disso, o enredo mostra a importância essencial da família nesse processo, pois os pais de Elio são exemplares nesse quesito. Não têm preconceito e dão apoio e atenção ao filho o tempo todo. Como o próprio patriarca diz, apenas vivemos uma vez com nossos corpos de agora. Ou seja, seria um desperdício deixar de aproveitar a vida por medo de sentir as coisas. Simplesmente viva” (Dani Pacheco, Cinema de Buteco)
“Se fosse possível reduzir “Me Chame Pelo Seu Nome” em uma única palavra, bem que essa palavra poderia ser naturalidade. Muito já se falou que não se trata aqui de “mais um filme de trama gay” e essa é a mais pura verdade. E talvez o que o diferencie de outros longas, nos quais personagens vivem romances homoafetivos, seja exatamente a forma absolutamente espontânea e natural como as coisas acontecem. Um menino de 17 anos vive uma paixão por um jovem, de seus 24, 25 anos, mas poderia vivê-la por uma mulher de sua idade ou mais velha. Não há questionamentos. Não é isso que está em pauta” (Mirtes Helena Scalioni, Cinema no Escurinho)
“Dizer que Me Chame Pelo Seu Nome é um filme gay é reducionista – vai além de vermos dois homens se apaixonando. Sim, é importante pela representatividade e isso é necessário para quebrar paradigmas. Porém, a trama trata a relação dos dois como algo tão normal e natural, transmitindo a mensagem que deveria ser normal e natural para qualquer um. Abordar de maneira tão espontânea uma relação que não seria criticada se fosse um casal heterossexual é o mínimo que podemos esperar da nossa sociedade” (Tiago Tigre, Um Tigre no Cinema)
“De forma bem autêntica, o diretor Luca Guadagnino (de Um Mergulho no Passado, 2015) retrata o crescimento de um rapaz que vive conforme as convenções até descobrir que ele talvez não seja assim tão convencional. E bate o medo que surge de ir contra o que está estabelecido usualmente. Ajuda ter uma família compreensiva e amorosa, com pais intelectuais, abertos às possibilidades, que só querem seu filho feliz” (Marcelo Seabra, O Pipoqueiro)
Jumanji – Bem-vindo à Selva
“A tentativa inicial de Jumanji: Bem-Vindo à Selva é a de atualizar a versão de 1995 com personagens carismáticos e uma história que funcione dentro do seu absurdo e isso tudo é alcançado” (Tiago Tigre, Um Tigre no Cinema)
“Os quatro personagens terão de cumprir a missão de devolver uma pedra poderosa que comanda toda a floresta a seu local de origem e só assim conquistarem o direito de sair do jogo. Mas vão encontrar pelo caminho animais perigosos como cobras, hipopótamos, rinocerontes e jaguares e precisarão se unir e utilizarem os poderes de seus avatares o que acontece sempre de uma maneira bem engraçada. Recomendo “Jumanji – Bem Vindo à Selva”, uma boa e descontraída opção, principalmente nas férias” (Maristela Bretas, Cinema no Escurinho)
“Jake Kasdan dirige um filme recheado de humor e aventura. Pra quem é fã do longa anterior ou do gênero, a diversão é garantida em cada segundo. Todos do elenco – Dwayne Johnson, Karen Gillan, Kevin Hart e Jack Black – conseguem dar carisma aos seus personagens e um toque cômico aos mesmos” (Dani Pacheco, Cinema de Buteco)
Viva – A Vida é uma Festa
“‘Viva – A Vida é uma Festa’ diverte, encanta, emociona e, como sempre, tem uma linda mensagem para toda a família. As crianças vão adorar o colorido e os personagens simpáticos e trapalhões, mas são os adultos que saem surpresos e chorando com uma história que faz sacudir emoções. É pura lembrança, uma animação com cara de casa de vó, com direito a família grande, barulhenta, todo mundo dando palpite na criação dos filhos dos outros. E tendo como pano de fundo um dos feriados mais importantes do México – “El Dia de los Muertos” (“O Dia dos Mortos”)” (Maristela Bretas, Cinema no Escurinho)
FEVEREIRO
A Forma da Água
“A história de choque entre mundos, também um conto de fadas sombrio, é o transporte de um lugar de sonhos para a tela do cinema, que por natureza também tem algo de onírico. E mesmo sendo uma história fantástica, o diretor nos coloca no chão ao identificar gente capaz de amar a qualquer custo, amizade, preconceitos e monstros num cenário familiar, mas com uma suficiente dose de estranheza que nos fisga para dentro de um rio de emoções” (Tiago Tigre, Um Tigre no Cinema)
“Se o filme passa longe de algo, é de clichês. Pelo contrário, pode até causar bastante estranhamento pela natureza do relacionamento que ele nos apresenta” (Marcelo Seabra, O Pipoqueiro)
“del Toro sempre mostrou ser um diretor extremamente talentoso, que explora o mundo de forma diferenciada sob suas lentes e com um olhar crítico forte. Em A Forma da Água, ele coloca as minorias da nossa sociedade nos holofotes e conta uma comovente história de amor, a qual enfrenta com garras a maldade de um homem incapaz de compreender que o respeito e o amor são universais” (Dani Pacheco, Cinema de Buteco)
Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi
“Às vezes, se estamos num lugar de privilégio e conforto, fica difícil imaginar como é a vida de outros. E o que Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi faz, por meio do cinema, é nos tirar por pouco mais de duas horas dessa zona de conforto. O interessante é notar como o elemento da fazenda enlameada, que une as diferentes famílias da história, se transfigura para nos arrastar junto de uma parte triste da história que moldou parte da cultura dos EUA” (Tiago Tigre, Um Tigre no Cinema)
Eu, Tonya
“Em seu projeto mais marcante, o diretor Craig Gillespie (da refilmagem de A Hora do Espanto) mostra que consegue fazer milagre com um orçamento restrito e que continua gostando de passar por um humor mais cínico, mas alternando com passagens dramáticas. Apesar de convencional, o roteiro de Steven Rogers (seria o próprio Capitão América?) consegue reunir os fatos mais importantes e situar o espectador, mesmo com alguns pulos temporais. Acostumado com um tom mais açucarado (como em P.S. Eu Te Amo, 2007), ele apresenta um outro lado, deixando o romantismo para lá” (Marcelo Seabra, O Pipoqueiro)
“Além da história contada de maneira atraente e das interpretações sensacionais, preste atenção em outros elementos do filme, como a alternância entre drama e comédia, a incrível trilha sonora e a sensibilidade com que os temas como violência doméstica, exibicionismo e insegurança são tratados. O longa é tocante, entretanto não cai na armadilha da pieguice ao retratar a dura trajetória de uma personagem por quem torcemos” (Graciela Paciência, Cinema de Buteco)
Pantera Negra
“Em tempos de crise, tolos constroem muros; sábios, pontes”: essa frase extremamente politizada é um dos marcos Pantera Negra, colocando o novo filme do estúdio numa posição marcante: não é o melhor, mas com certeza é o mais importante. Além das cenas de ação, aventura e laços de amizade criados, a mensagem de uma visão de mundo globalizada num cenário político que prega o oposto vem para falar de tolerância e respeito, uma coisa que parece tão simples ao mesmo tempo tão esquecida – e representatividade, principalmente. Em tempos sombrios, um filme luminoso desses pode até não fazer diferença no grande esquema das coisas. Mas Coogle plantou uma semente, e muitos jovens negros representados agradecem” (Tiago Tigre, Um Tigre no Cinema)
“Tirando um problema ou outro, Pantera Negra é uma aventura bem eficiente que desenvolve e aproveita bem seus personagens. As mulheres em Wakanda têm um papel bem importante, o que pode ser uma das causas do sucesso desse povo. Tanto na ciência quanto no exército, elas se sobressaem, não se sujeitando a ser coadjuvante de nenhum homem” (Marcelo Seabra, O Pipoqueiro)
“Pantera Negra” vale muito a pena. Assisti duas vezes – como um filme de super-herói Marvel, que eu gosto bastante, e como uma produção preocupada em fazer uma abordagem mais séria, destacando a força das mulheres e, principalmente dos negros” (Maristela Bretas, Cinema no Escurinho)
Lady Bird
“Gerwig nos premia com cenas marcantes entre as duas mulheres principais do filme, as quais ilustram muito bem os conflitos que todos nós já tivemos e ainda temos com nossos pais. Aquela famosa relação de amor e ódio, sabe? Em alguns casos, o resultado chega a ser meio assustador – cena de abertura no carro! -, mas não deixa de representar muito bem o que é essa relação complexa” (Dani Pacheco, Cinema de Buteco)
“No fim das contas, podemos nos perguntar o que difere esse filme de outros “coming of age“. É verdade que o tema já foi abordado um número grande de vezes, mas a cada ação LB parece tão espontânea – isso tem a ver também com a atuação de Saiorse -, suas mudanças de humor de um momento para outro, discutindo com a mãe sobre qualquer besteira, mas abrindo um sorriso ao ver que ela escolheu o vestido perfeito. O que acontece é que essa personagem pode descobrir seu lugar. Mas, apesar do nome, ela – e nem nós – somos pássaros e sair do ninho não quer dizer, necessariamente, abondar nossas raízes” (Tiago Tigre, Um Tigre no Cinema)
“Ver “Lady Bird” faz o expectador adulto se lembrar dos tempos de escola. A imaturidade, as descobertas, o primeiro cigarro, o primeiro porre, a primeira transa, as brigas com os amigos, as decepções, os professores preferidos, a preguiça de estudar, as festinhas e tantas outras coisas. É uma barra pra quem tá crescendo. É um rito de passagem pra vida adulta. E quando já estamos grandes, meio que olhamos pra tudo isso com um ar de nostalgia. É o um filme que a gente vê com um meio sorriso no rosto, do início ao fim” (Maristela Bretas, Cinema no Escurinho)
Três Anúncios para um Crime
“Três Anúncios Para um Crime tem exageros perdoáveis e outros nem tanto, mas devemos perguntar se estamos julgando aqueles personagens por nossos valores. O que acontece é que as decisões da maioria deles são questionáveis, mas, como vemos na viagem que fecha a história, precisamos de tempo para pensar o que estamos fazendo. E nesse mundo de bombardeios extremistas, tempo para refletir é algo necessário” (Tiago Tigre, Um Tigre no Cinema)
“McDonagh escreveu e dirigiu um drama que nos cativa do primeiro ao último minuto. Uma produção que nos alcança, engole e devolve ao mundo real como se fosse um tsunami que nos machuca muito, mas nos deixa sobreviver com algumas feridas. Feridas que cicatrizam e deixam marcas pro resto de nossas vidas” (Dani Pacheco, Cinema de Buteco)
“Com um quadro detalhista típico de uma cidadezinha norte-americana, a Ebbing do título original, McDonagh usa seu humor ferino para, além de contar uma boa história, fazer alguns comentários acerca da sociedade. Ninguém é bom ou mau, todos são tridimensionais. Há pouco a fazer para se divertir e as chances de algo dar errado são grandes. Por isso, tudo com que podemos contar é o próximo” (Marcelo Seabra, O Pipoqueiro)
Trama Fantasma
“O diretor Paul Thomas Anderson engana o espectador, muitos talvez até mesmo após o fim do filme possam se perguntar do que realmente se trata, mas para mim não há dúvida, é uma historia de amor, e digo mais, apesar de todo drama e densidade (sim, o filme possui essas duas características) ele também tem um certo humor, seria Trama Fantasma a comédia romântica de Paul Thomas Anderson? Talvez, mas notem que este é o grande trunfo do filme, ele é de certa forma inclassificável, uma historia de amor diferente das que estamos acostumados a ver” (Marcelo Palermo, Cinema de Buteco)
“Tecnicamente, como todo trabalho de PTA, Trama Fantasma é primoroso. Figurino, fotografia, o uso das cores e as atuações são todos impecáveis. Dizer que Day-Lewis está bem no papel é pleonasmo, como acontece com Meryl Streel. Suas colegas, Krieps e Manville, são ótimas, o que torna a experiência de acompanhar um sujeito tão asqueroso menos dolorosa. Outro ponto a se destacar é a trilha de Jonny Greenwood, marcante e equilibrada, na mesma classe do conjunto” (Marcelo Seabra, O Pipoqueiro)
“Ao colocar um costureiro como protagonista de sua história, o diretor transforma a investigação do espírito das pessoas em algo mais poético. É como se ele perguntasse o que existe no forro das pessoas: assim como belos vestidos, as pessoas podem parecer lindas por fora, mas o que importa mesmo é do que elas são feitas, dos detalhes e segredos que as mantém firmes ou que as desmanchem como uma costura malfeita. É uma abordagem original a um tema tão comum aos pensadores, amantes, filósofos, musicistas e, é claro, cineastas. Não a resposta definitiva, mas a de um dos melhores diretores da atualidade” (Tiago Tigre, Um Tigre no Cinema)