Crítica: Suspiria

Suspiria (1977) é um clássico do terror dirigido pelo italiano Dario Argento, e não é difícil entender o motivo do filme ter se tornado um cult entre os cinéfilos, alguns desses admiradores são os diretores Quentin Tarantino e Nicolas Winding Refn, e no caso de Nicolas, é notável a inspiração, já que seus filmes remetem bastante ao trabalho de Argento, seu último filme Demônio de Neon talvez seja o que mais traga referências.

Mas afinal, por quê Suspiria é tão relevante? Porque é uma experiência cinematográfica, o diretor usou o terror de forma experimental para inovar e quebrar padrões estéticos. A sinopse é bem simples, uma jovem americana (Jessica Harper) vai para Alemanha estudar em uma prestigiada academia de balé, chegando lá ela percebe que o lugar possui uma energia sobrenatural sinistra, mas neste caso, a história não é o mais importante, e sim a imagem e o som, é cinema em seu mais puro significado.

Imagem, as cores fortes e quentes, criadas pelo diretor de fotografia Luciano Tovoli, nunca foram tão exploradas no gênero do terror, normalmente esses filmes são escuros e com cores frias, mas Argento não tem medo de ousar e abusa das cores e da iluminação. Som, a trilha sonora composta pela banda de rock progressivo Goblin e pelo próprio diretor é diferente de tudo que você já ouviu, sussurros e sintetizadores produzem sons aterrorizantes, e por isso o som é uma das características mais marcantes do filme e a trilha é considerada por muitos como uma das melhores de terror.

Suspiria acaba de ganhar um remake dirigido pelo também italiano Luca Guadagnino (Me Chame Pelo Seu Nome) e vem recebendo críticas positivas, Tarantino por exemplo declarou que chorou ao assistir a nova versão, que estreia nos cinemas brasileiros em outubro. Adoro o trabalho de Luca, ele também possui um forte senso estético e creio que fará um trabalho ousado e diferente do original, mas Suspiria de 1977 é uma obra atemporal que merece ser sentida.