Em 1995, enquanto você comia fandangos na escola e jurava que “Alien” era o ápice do horror intergaláctico, Hollywood nos deu Species — uma mistura tóxica de thriller erótico, terror biológico e reunião de atores arrependidos. Dirigido por Roger Donaldson e com design do sempre perturbador H.R. Giger, o filme é como se Basic Instinct tivesse engravidado de Predador e fugido pra Los Angeles.
Baseado no texto original de Ryan Lambie para o Den of Geek, separamos os momentos mais WTF dessa joia cult. Prepare seu lançador de foguetes — e um pouco de dignidade.
1. Elenco de Oscar, atuação de Sessão da Tarde
Imagine Ben Kingsley (sim, o Gandhi), Forest Whitaker, Alfred Molina e Michael “cara de ressaca” Madsen todos juntos, parecendo que aceitaram o papel sob ameaça de morte ou dívida com a Receita Federal. Eles interpretam cientistas e agentes do governo que criaram Sil, um ser meio mulher, meio alien, 100% fetichista de balada.
O plano? Criar uma alien fêmea “mais controlável”. O resultado? Uma mutante que foge, mata, muda de roupa e sonha com trens de ossos. Não, você não leu errado. E o Kingsley? Tem cara de quem tá lendo o contrato em tempo real e pensando: “Onde foi que eu errei?”.
2. O pesadelo alienígena com locomotiva feita de crânios
Sil, em sua fase “adolescente Michelle Williams”, sonha com um trem do inferno desenhado por Giger, onde os vagões são formados por alienígenas transando. MGM achou que talvez fosse too much para um público que ainda usava VHS. Giger, indignado, resolveu construir o trem no quintal de casa.
Sim, em vez de jardinagem ou sudoku, o suíço construiu um trem sexualmente ameaçador no jardim e ainda mandou carta pros vizinhos dizendo: “Fiquem tranquilos, não é um lixão”. Ícone.
3. Sil: alienígena, noiva e fashion victim
Depois de emergir de um casulo no trem (padrão), Sil chega em LA e decide se vestir de noiva — com pochete. Isso mesmo: a alien que ameaça a raça humana faz compras na Forever 21 intergaláctica e sai desfilando entre as estrelas da Calçada da Fama. Ninguém liga. Porque, claro, é Los Angeles.
4. Forest Whitaker e o empata (foda) que narra o óbvio
Seu personagem, Dan, é um empata. Ou seja, ele lê sentimentos. Na prática? Ele diz coisas como “Ela parece legal” olhando pra imagem de uma alienígena homicida. Ao ver um quarto destruído com gosma e um cadáver: “Algo ruim aconteceu aqui”. Sherlock revirou no túmulo.
5. Sequência estilo The Crystal Maze, só que com tentáculos e pânico
Numa das cenas mais bizarras, a equipe entra numa sala de laboratório com trajes ridículos. A experiência alienígena dá errado (claro) e vira uma aberração tentacular. O chefe grita instruções do outro lado do vidro como se fosse o Richard O’Brien comandando um episódio do Crystal Maze. Faltou só o ukulele.
6. “A Terra vai acabar? Vamos pedir serviço de quarto primeiro”
Enquanto a alien mata homens e planeja povoar o planeta com bebês alien, os heróis… se hospedam num hotel cinco estrelas, fazem piadinhas, e deixam recado na secretária eletrônica: “Oi, aqui é da NASA. Vai transar com um demônio alienígena, cuidado, tá? Beijo”. É esse o nível de urgência.
7. Peitos com tentáculos: o auge do terror erótico falido
Sil possui seios que disparam tentáculos para estrangular suas vítimas. O que poderia ser aterrorizante vira hilário, com cenas que mais parecem um episódio perdido de Power Rangers. Giger tentou dar um ar erótico-bizarrão, mas o CGI dos anos 90 transformou tudo em sketch do Zorra Total.
8. O ataque do esquilo
Tem um momento em que um esquilo pula do nada no ombro da doutora Baker. Um jump scare? Talvez. Um acidente do roteiro? Provavelmente. Uma mensagem críptica de que a natureza também está revoltada? Ou só um esquilo louco mesmo. Faltou o Dan dizer: “Ele está bravo”.
9. Giger, o artista que se arrependeu até o último frame
Embora discreto, Giger deixou uma pista visual do que achava de Species: um desenho em que o xenomorfo de Alien defeca larvas rotuladas como “Sil” em direção a Hollywood. Sim, ele literalmente desenhou isso. Sublime. Poético. Passivo-agressivo.
10. A chupacabra nasceu aqui?
Em um plot twist mais insano que o filme, descobriu-se que o primeiro avistamento do chupacabra em Porto Rico aconteceu logo após o lançamento de Species. A mulher que testemunhou descreveu exatamente a Sil em modo alien. E ainda admitiu ter visto o filme.
Ou seja, Species pode ter criado um dos maiores mitos da criptozoologia latino-americana. A gente só quer saber: quando sai Species: Chupacabra Origins?
CONCLUSÃO
Species não é só um filme ruim. É uma experiência extracorpórea. É o que acontece quando se junta Giger, estúdios gananciosos, atores premiados desesperados e um roteiro que parece ter sido escrito por um estagiário bêbado.
Mas é também um retrato da década de 90 em toda sua glória cafona, erótica e nonsense. Vale a pena rever? Com certeza. Com pipoca, sarcasmo e, de preferência, com amigos que entendam o valor de um bom filme ruim.
E lembre-se: se um esquilo pular em você, pode ser apenas um esquilo. Mas talvez seja o começo do fim.