Voo 93

DE TODOS OS FILMES MARCANTES SOBRE OS ATENTADOS TERRORISTAS NOS ESTADOS UNIDOS EM 2001, o mais falado é United 93, de Paul Greengrass. O filme conta a história do voo que saiu com destino para São Francisco e que graças à coragem de seus passageiros, evitou que os terroristas acertassem outro alvo importante do país. 
 
Se fosse apenas uma obra de ficção baseada num roteiro tenso de Greengrass, o resultado já seria extremamente comovente, mas todos sabemos que aquilo tudo realmente aconteceu. Imaginar o quanto aqueles passageiros sentiram medo, sofreram e como foi difícil aceitar que nunca mais veriam seus familiares, realmente tem todos os ingredientes de um filme forte e inesquecível. Foi exatamente isso que o diretor resolveu fazer, aparentemente com louvor. Eu digo aparentemente, pois não vi o filme de Greengrass. 
 
No alto da empolgação pela discussão sobre o 11 de setembro no Podcast do Cinema em Cena, ouvi tantos elogios sobre o filme, que fiquei na obrigação de ir atrás. Procurei a minha locadora virtual favorita e taquei o nome do filme para download. Quando terminou e eu fui assistir, descubro que o nome de Greengrass havia sido “substituído” pelo de Peter Markle e que United 93 deu lugar para Flight 93. Um misto de raiva e frustração me dominou, mas eu precisava assistir alguma coisa para comentar aqui no Cinema de Buteco. Fazer o que se me distraí e peguei o filme errado? Pelo menos os dois filmes são parecidos e contam a mesma história, com a diferença que Markle não está nada perto do nível de excelência de Greengrass. 
 
O filme Voo 93 é uma produção feita para televisão e que mesmo com essa aparente limitação, consegue ser capaz de prender o espectador e mostra com eficiência o drama daqueles personagens da vida real. As cenas em que os passageiros descobrem que foram sequestrados e passam a enviar mensagens de amor para seus entes queridos é arrebatadora. Assim como é emocionante o momento em que eles decidem dominar o avião e evitar que mais pessoas inocentes morram em um novo ataque terrorista. 
 
Funcional, o que não deve nem ser mérito do diretor e sim da parte do roteiro, em apresentar uma história de coragem de um grupo de norte-americanos, o filme serve como uma amostra do quanto os humanos podem ser incríveis e corajosos quando se trata de preservar a vida do próximo, ainda que essa atitude signifique a sua própria morte. Sem levantar bandeiras e tentar soar como inocentes vítimas, o filme de Markle pode não ter o teor dramático e de tensão do elogiado filme de Greengrass, mas de verdade, não decepciona aqueles que buscam conhecer e entender um pouco mais sobre o destino do voo United 93. 
 
Ainda não consegui assistir o United 93 (e agradeceria se alguém tivesse um endereço de locadora com o filme disponível), mas posso dizer que Voo 93 merece duas caipirinhas. 
 
 
Voo 93, 2006
Direção: Peter Markle
Roteiro: Nevin Schreiner
Elenco: Jeffrey Nordling, Brennan Elliot