Uma Vida Melhor



SEI QUE É CHATO E QUASE QUE DESNECESSÁRIA A INFORMAÇÃO, mas antes de dirigir Uma Vida Melhor, o diretor Chris Weitz comandou Saga Crepúsculo: Lua Nova. Não que seus trabalhos anteriores tivessem sido de uma distinção rara e que o colocasse no hall dos cineastas mais promissores dos últimos anos, mas ter Crepúsculo no currículo pode soar como uma mancha para a opinião de algumas pessoas. A verdade é que independente de ter uma história ruim, Lua Nova apresentava problemas na direção e Uma Vida Melhor acaba se salvando pelo carisma de seus personagens, especialmente Carlos Galindo (Demián Bichir).

Uma Vida Melhor conta a história de um jardineiro mexicano que trabalha todos os dias e se esforça para manter o filho afastado das gangues e lhe oferecer a vida que ele nunca teve chance de ter. Mas Carlos não imaginaria nunca que teria que lidar com todo o tipo de acasos completamente desfavoráveis, que acabam o colocando em uma situação difícil com os agentes da imigração.

Sem muita enrolação para dizer o que foi frustrante em Uma Vida Melhor: Weitz parece ter mania de se tornar óbvio e deixar sua história previsível. Por mais de uma vez, a câmera foca detalhes que deixam evidente para o público que algo poderá acontecer. Ao subestimar a inteligência do espectador, Weitz deixa a entender que ele mesmo não sabe fugir dessas armadilhas e que precisa amadurecer muito no trabalho para adquirir um grau mínimo de sofisticação.

O grande destaque da produção é a atuação arrebatadora de Bichir. O ator ficou mais conhecido por ter interpretado Fidel Castro em Che, de Steven Soderbergh, mas foi com a dramática história de Uma Vida Melhor que ele conseguiu ser reconhecido pela Academia e receber uma indicação ao Oscar de Melhor Ator. Bichir é intenso e transmite facilmente o sofrimento e sufoco do seu personagem para o público. Mesmo que Carlos Galindo não seja um dos melhores espécimes de homem para se admirar, não há como não se sentir envolvido pela entrega de seu intérprete, que acaba rendendo bons momentos para o filme e salvando a direção óbvia de Weitz.

No começo do longa-metragem, não disfarcei a minha preguiça inicial e um pré-conceito completamente negativo (e equivocado) do que é realmente a história. É sempre bom se surpreender e especialmente se deixar levar por uma narrativa tão sofrida em que o verdadeiro vilão é simplesmente a grande falta de sorte do personagem principal, que se esforça em tentar sair do fundo do poço, mas para cada salto que ele tenta dar para sair, parece que o chão se abre e ele afunda ainda mais. Por essa forma sutil de retratar que certas pessoas não tem o direito de serem felizes, Weitz e Uma Vida Melhor merecem muitos elogios.

Título original: A Better Life
Direção: Chris Weitz
Roteiro: Eric Eason
Elenco: Demián Bichir
Nota: