Nicholas Sparks. Um dos midas do romance ou um Dan Brown do amor? Dificilmente alguém vai tirar a coroa das mãos do escritor, que quase que obrigatoriamente marca presença no nosso especial de dia dos namorados. Um Amor Para Recordar talvez cause impacto em alguns espectadores mais românticos e que estejam sempre interessados em ver o amor acontecendo na telinha. E claro, que não fiquem preocupados com a imensa quantidade de clichês que o filme despeja ao longo de pouco mais de uma hora e meia de duração. Não que Sparks seja um poço de originalidade, mas Um Amor Para Recordar tem tramas e atuações tão pavorosas que chegam a dar medo. Querido John pode não ser um clássico do romance, mas consegue ser bem mais cativante. Os personagens tem mais carisma e não são “aborrecentes” sedentos por atenção. E, o meu favorito, Diário de Uma Paixão se distancia cada vez mais dos outros produtos do autor. Ali existe carisma, profundidade, e acima de tudo, o sentimento mais puro do que é amar e sofrer por uma pessoa. Além de arrancar lágrimas. Muitas lágrimas.
Logo no começo (chato) do filme ficamos com a sensação de que aqueles adolescentes todos bagunçando iriam ser assassinados a qualquer momento por algum psicopata. Talvez tenha sido uma impressão exclusivamente minha, mas nunca vi um filme de romance começar de um jeito tão sombrio. Se todos os personagens tivessem morrido ali, sei que não teriamos esse post. Então não tenho dúvidas de que o filme deveria mesmo ter caminhado para o gênero terror e fugido rapidamente do água com açucar. Porém o mundo não é justo e o que assistimos a seguir é uma quantidade de cenas e sequências vergonhosas. Por mais que eu saiba (e sei mesmo) que existam disputas para ver quem vai ouvir determinada música na rádio do carro, essas coisas poderiam ter soado mais naturais ao invés de serem jogadas e tentarem obrigar o espectador a aceitar e se sentir emocionado com aquela briguinha inocente. Um Amor Para Recordar peca demais na falta de construção da história. Tudo é raso demais e o resultado são clichês e cenas fracas como esta mencionada.
Estou me sentindo na obrigação de dizer que existe sim um potencial na trama, mas que foi pessimamente explorado na adaptação para o cinema. Me recuso a ler o texto original de Sparks, pois tenho medo do resultado no meu futuro. A julgar pela cena do casamento, em que me senti como se estivesse assistindo a uma novela das oito, fiquei realmente assustado em descobrir como flui (se é que flui) o texto e o romance de Sparks no papel. Se Um Amor para Recordar pode ser indicado para quem quer se distrair com o namorado? Não. Ele é triste demais e na época do dia dos namorados, a preferência é por filmes como Mata-me de Prazer, Ultimo Tango em Paris ou 9 Canções. A gente não quer só bebida, tá sabendo?