Vamos começar do começo: os quadrinhos da Turma da Mônica fizeram parte da minha infância e formação leitora. Por isso, devo avisar que sou muito fã das histórias criadas por Mauricio de Souza e, esta crítica será baseada na minha experiência ao final dos créditos. Toda crítica, de certo modo, carrega uma parcialidade de quem analisa, sendo assim, o filme Turma da Mônica Lições relacionou-se comigo de uma maneira excepcionalmente particular.
Embora o live action de 2019, Turma da Mônica: laços, a turma do Limoeiro tenha vivido uma aventura mais agitada que envolvia um sequestrador de cachorrinhos, nesta sequência, os roteiristas Mariana Zatz e Thiago Dottori levam as crianças a uma experiência mais sensível e comovente: a separação e o distanciamento.
Turma da Mônica: Lições estreia nos cinemas dia 30 de dezembro e traz novamente Monica (Giulia Benite), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira), que agora, estão mais crescidos e precisam encarar as consequências das suas travessuras. Após pularem o muro da escola, os amigos são castigados pelos pais que decidem afastá-los na tentativa de diminuir as brigas entres eles e para que tenham novas experiências.
Dessa forma, Monica, que acabou caindo e quebrando o braço, é colocada em uma outra escola e, em um primeiro momento, tem dificuldades para se adaptar. Cascão e Cebolinha precisam lidar com os valentões do colégio, além das aulas de natação para que Cascão perca o medo de água e fonoaudióloga para que Cebolinha consiga falar a letra R. Como se fosse possível, a fome de Magali aumenta ainda mais devido à ansiedade de ficar sem sua melhor amiga e isto faz com que ela não consiga aproveitar nenhuma de suas atividades extracurriculares .
Contudo, o longa não foca apenas no lado ruim dessas mudanças, e, são nessas passagens que a narrativa ganha força e transporta toda a essência dos quadrinhos para a telona. Afinal, qual é a melhor maneira de deixar a Turma da Mônica ainda melhor? Aumentando a galera com adições dos personagens carismáticos que tanto gostamos. E isso funcionou muito bem.
Separados, Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão não só aprendem a valorizar a presença dos amigos mais antigos, como também a importância de se fazer novas amizades. Assim, Dudu, Marina, Franjinha, Do Contra, Humberto, Milena, Nimbus e Gatinho Mingau são integrados à história. A Turma da Tina (vivida por Isabelle Drummond) e Rolo (interpretado por Gustavo Merighi) também faz uma participação especial na trama.
Sem deixar cair a qualidade do filme anterior, a caracterização dos personagens e cenários continua fiel à obra original. Para mais do que uma direção de arte que dá vida aos desenhos das revistinhas, o diretor Daniel Rezende extrai a química necessária para o sucesso de uma adaptação. Não basta reproduzir quadro por quadro, é necessário traduzir para a linguagem cinematográfica e fazer a audiência ter os mesmos sentimentos que a leitura nos traz. A trilha sonora ajuda bastante a compor essas sensações.
Um exemplo disso, é como o humor foi bem aproveitado dentro do filme. Uma das marcas registradas nos gibis da Turma da Mônica, é a fluidez da comicidade. A Magali, a minha favorita diga-se de passagem, sempre foi uma das mais engraçadas e é impossível não rir quando ela está em cena. A direção respeita muito esse traço, porque cada personagem é tão único e gracioso a sua maneira.
As referências e Easter Eggs de Turma da Mônica Lições me lembraram o quanto gosto desses amigos e fiquei com vontade de revisitar meus quadrinhos favoritos. Como disse anteriormente, ao final dos créditos saí impressionada da sessão e ansiosa para a expansão do Maurício de Souza Universo Cinematográfico (fique atento às cenas pós-créditos). Vem coisa boa por aí!
A mensagem do filme, a princípio, pode soar clichê. Porém, qual narrativa sobre amadurecimento nunca foi contada, não é verdade? Amadurecer é difícil mas pode ser fantástico se estivermos cercados dos nossos amigos e dispostos a usufruir cada etapa dessa transformação. Turma da Mônica Lições nos ensina a importância de crescer sem deixar de ser criança, e durante esse processo, nos encanta, diverte e emociona.