Review Tropa de Elite 2: Sequência continua atual… e isso é assustador

Em 2025 o filme Tropa de Elite 2 completa 15 anos. E uma pergunta que se faz quando se assiste esse filme hoje em dia é: Será que mudamos em mais de uma década ou apenas criamos paliativos para os problemas retratados no filme? 

Se você assistiu Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro, é bem provável que tenha saído do filme com aquela sensação de “caraca, isso é muito real!”. E é mesmo. O filme, lançado lá em 2010, parece até que foi feito com uma bola de cristal, porque muita coisa que ele mostra se encaixa perfeitamente no que a gente vê hoje na política brasileira.

Bora entender isso melhor.

O inimigo agora é o sistema

No primeiro Tropa de Elite, o grande vilão era o tráfico, as milícias estavam só ali no pano de fundo. Mas no segundo filme, isso muda completamente: o foco vai pro sistema. E quando eu falo “sistema”, é tudo mesmo — polícia, políticos, mídia, milícia… é o pacote completo.

O Capitão Nascimento (agora Coronel), interpretado brilhantemente pelo Wagner Moura, começa a perceber que não adianta só dar porrada em bandido se quem comanda os esquemas está de terno e gravata no topo do monte olimpo da política brasileira.  E olha que loucura: isso não é diferente do cenário que vemos hoje. Escândalos de corrupção, políticos fazendo acordos com grupos criminosos, e a segurança pública sendo usada como moeda de troca política.

A política da violência

Uma das sacadas do filme é mostrar como a violência é usada politicamente. Tem cena de deputado subindo no palanque dizendo que vai “acabar com a bandidagem”, enquanto por trás tá fazendo acordo com milícia pra garantir votos. Parece familiar?

Pois é. Ainda hoje, tem político que se elege prometendo segurança, usando discurso duro, mas que no fundo só quer poder. A violência vira marketing. A lógica do “bandido bom é bandido morto” ganha palco, enquanto os problemas reais — educação, saúde, desigualdade — ficam pra depois. E quem lucra com isso? O sistema, é claro.

A milícia como poder paralelo 

Esse filme mostra que a milícia não é só um grupo armado. É um negócio. Ganha dinheiro com segurança, com gás, com TV pirata, e com o principal: o medo da população. E quem protege essa galera? Político, polícia e até gente do judiciário. A milícia vira um braço do Estado — ou melhor, o Estado vira um refém da milícia. Hoje, nós vemos reportagens o tempo todo mostrando como esses grupos continuam crescendo.

 O ciclo que nunca acaba

O filme termina com aquela sensação amarga: trocou o governante, mas o esquema continua. E isso é o mais triste. Porque o problema não é um político ou outro. É a estrutura. É um ciclo onde todo mundo quer o seu pedaço, e o povo que paga o maior preço por tudo isso.

Na vida real, vemos isso se repetir. Escândalo atrás de escândalo. Um partido acusa o outro, mas todos estão atolados até o pescoço. E o brasileiro? Continua pegando ônibus lotado, sendo assaltado no ponto, e sendo enganado em todo ano de eleição.

Tropa de Elite 2 não é só um filmaço de ação. É quase um documentário disfarçado. Ele mostra que o problema do Brasil não é só o crime, mas quem lucra com ele. E enquanto a gente não quebrar esse ciclo, o inimigo vai continuar sendo “o sistema”.

Assistir de novo esse filme em 2025 é como olhar no espelho. E é impossível não pensar: A gente mudou alguma coisa? e O que podemos fazer para mudar tudo isso?