Pesquisas feitas por alguma universidade com muito tempo livre nas mãos já comprovaram: filmes românticos não fazem bem pra saúde mental. Criam expectativas de príncipes e princesas, almas gêmeas e trilhas sonoras triunfantes que entram exatamente no momento que olhares se cruzam ou declarações são feitas. Sim, vício em filmes românticos não faz bem mas é impossível não se render aos encantos de uma película do tema, quando bem feita (afinal, 80% dos romances cinematográficos dos últimos anos seguem a mesma forma de comédia romântica, a do herói/heroína, parte de um casal improvável, que descobre nos últimos minutos sua paixão e corre por uma rua/altar/qualquer outro lugar para impedir seu amado de casar com algum coadjuvante).
Essa não é apenas uma lista dos meus 5 filmes românticos favoritos, missão que Túllio Dias me passou para essa semana do Dia dos Namorados no Cinema de Buteco. É uma lista que mostra diversas faces (completamente diferentes) do amor retratadas no cinema. Unanimidades da crítica? Não estão nessa lista. Mas o amor nem sempre é melhor retratado em um filme culto e obscuro. Ele é feito de Elizabeth Bennets e Bridget Jones e seus respectivos Mr. Darcys. Da corrida pelo aeroporto do garoto de Simplesmente Amor e de Heath Ledger entoando Frank Sinatra nas arquibancadas de um colégio. É um tema clichê que faz muita gente torcer o nariz. Mas alguns poucos e excelentes cineastas não o torcem e é por isso que aí está, minha lista de melhores filmes românticos.
1 – ABC do Amor (Little Manhattan)
Nunca um filme representou as pequenas alegrias e ansiedades de um início de relacionamento tão bem quanto ABC do Amor. Mas é claro. Essas emoções nunca são sentidas de maneira tão pura quanto no primeiro amor, que é visto no filme através do olhar adorável de um garoto de 11 anos.
Nem sempre as histórias de amor que duram anos, décadas, ou uma vida inteira, são as mais marcantes. O amor entre os personagens de Glen Hansard e Markéta Irglová é mostrado na forma nunca explícita de canções, gestos pequenos e até virou relacionamento real entre os atores/músicos por um tempo. Além de todos esses motivos, Once ainda mostra o poder que a música tem de unir as pessoas.
Não é uma história perfeita como um conto de fadas, mas é uma história real de um garoto que se apaixona pela voz de uma garota antes mesmo de conhecê-la, tropeça várias vezes na vida e acaba sendo salvo por seu amor de infância. Johnny Cash e June Carter possuem uma trajetória fantástica e rara, e o filme de James Mangold capturou também de maneira rara essa história.
A primeira comédia romântica que retratou o “amor nos tempos modernos” é, para mim, um dos melhores exemplares do gênero. Enquanto alguns idolatram o primeiro trabalho do trio Ephron/Hanks/Ryan, Sintonia de Amor, que na minha opinião apresenta uma personagem principal obcecada demais para ganhar o rótulo de romântica, é o relacionamento construído de maneira lenta, charmosa e cheia de diálogos dos dois livreiros que realmente merece seu lugar no olimpo. E sua sequência final é absolutamente linda.
Se poesia já é uma das formas de expressão mais românticas das artes, o filme de Jane Campion transforma a história de amor de John Keats e Fanny Brawne, intensa, trágica e sutil em medidas iguais, em um poema com sons e imagens. É difícil superar o momento que, em quartos separados, Ben Whishaw e Abbie Cornish sentem os efeitos da distância imposta por uma fatalidade.
Bônus – A montagem inicial de Up-Altas Aventuras
Não é um filme, mas a abertura de Up conseguiu resumir tudo que há de romântico nos filmes acima e em todos os outros em poucos minutos. Difícil conter as lágrimas.