Há diferentes grupos de cinéfilos. Alguns fazem questão de ver o maior número de filmes no cinema; outros preferem o conforto do próprio lar e consomem plataformas de streaming ou, até mesmo, colecionam mídias físicas; e tem também quem tem um comportamento “híbrido”, que gosta de assistir a filmes em casa e deixa para ver no cinema somente aqueles que, de alguma maneira, criaram expectativa. Nenhum desses comportamentos está errado, são apenas jeitos diferentes que cada um encontra para se conectar com a arte que gosta.
Porém há obras descobertas após o período de exibição nos cinemas e que, ao longo dos anos, cativaram admiradores. Alguns filmes lançados entre o fim dos anos 90 e o começo dos anos 2000, quando os cinéfilos que hoje estão na faixa dos 30 anos (eu inclusa) eram adolescentes, conquistaram admiradores no boca a boca. Eu, por exemplo, descobri Oldboy em uma conversa de bar, em 2009 ou 2010. Na ocasião, um conhecido comentou que eu precisava assistir ao filme e não falou do que se tratava. Na época, eu trabalhava em videolocadora (sim!) e peguei o filme emprestado. Nada tinha me preparado para o cinema de Park Chan-wook e Oldboy me deixou deslumbrada.
Quando Oldboy foi lançado, em 2003, eu não conhecia o cinema asiático. Já gostava de cinema e acompanhava O Senhor dos Anéis, Piratas do Caribe e era (ainda sou) apaixonada por Se7en – Os Sete Crimes Capitais e O Silêncio dos Inocentes, porém o meu conhecimento sobre cinema asiático se resumia a O Tigre e o Dragão (Ang Lee). No Brasil, a segunda parte da Trilogia da Vingança (que conta ainda com Mr. Vingança, de 2002, e Lady Vingança, de 2005), de Park Chan-wook, chegou somente dois anos depois, em 2005.
A vida de Dae-su Oh (Choi Min-sik, de Eu Vi o Diabo) vira de cabeça para baixo quando, inexplicavelmente, ele é capturado e trancado em um quarto de hotel. Lá, ele permanece por longos quinze anos sem ter ideia do que pode ter causado isso.
O que se perde em quinze anos? O quanto a cidade onde você vive mudou nesse tempo? Estabelecimentos foram fechados e tantos outros foram abertos, o modo como a gente se relaciona com os nossos vizinhos, chefes e amigos mudam o tempo todo e o isolamento social, medida tomada diante da pandemia de Covid 19, deixou ainda mais claro o que a privação de contato humano pode causar em alguém. Dae-su Oh perdeu não somente a capacidade de viver em sociedade, ele perdeu também a própria identidade.
Com desejo de vingança, ele parte rumo ao seu objetivo, passando por cima de quem tem o azar de cruzar o seu caminho. Ele mal podia imaginar que a vida ainda tinha peças para lhe pregar.
Choi Min-sik desenvolve de maneira hipnótica a complexidade do protagonista e transparece toda a mágoa e confusão que uma pessoa que passou pelos perrengues destinados a Dae-su Oh pode carregar. Personagens surgem e desaparecem da trama, conduzindo o espectador pela narrativa, enquanto o deixa deslumbrado com tamanha técnica, sem perder o que move a arte em todas as suas formas: a emoção.
Ter a oportunidade de ver na tela grande (e remasterizado) o filme sul-coreano que balançou Cannes em 2004 e que abriu os olhos do público ocidental para o cinema asiático é como resgatar a oportunidade que, talvez, tenha sido negada ao cinéfilo adolescente dos anos 2000. Até mesmo de proporcionar aos olhos dos mais velhos a chance de sentir novamente o frio na barriga ao testemunhar a obra-prima de Park Chan-wook no formato para o qual ela foi criada e descobrir, junto com Dae-su Oh, os segredos que o levaram ao encarceramento.
Nos anos seguintes, o cineasta presenteou o público com outros filmes importantes, como Sede de Sangue (2009) e A Criada (2016), mas foi a saga de Dae-su Oh o trabalho que direcionou os holofotes para o cineasta.
Nesta quinta-feira, 14 de setembro, Oldboy volta aos cinemas. Ao todo, serão 56 cinemas em 25 cidades, sendo 17 capitais, exibindo o título. Segue abaixo, a relação dos cinemas que exibem o filme a partir desta quinta-feira:
Petra Belas Artes – São Paulo
Cinemark Metrô Santa Cruz – São Paulo
Cinemark Market Place – São Paulo
Cine LT3 – São Paulo
Cinesesc – São Paulo
Cinépolis Jardim Pamplona – São Paulo
Cinesystem Morumbi Town – São Paulo
Espaço Itaú de Cinema Augusta – São Paulo
Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca – São Paulo
Espaço Itaú de Cinema Pompeia – São Paulo
Cine Sala – São Paulo
Estação Net Rio – Rio de Janeiro
Estação NET Botafogo – Rio de Janeiro
Estação Net Gávea – Rio de Janeiro
Cinemark Downtown – Rio de Janeiro
Cine Santa – Rio de Janeiro
UCI Kinoplex Norte Shopping – Rio de Janeiro
UCI NY City Center – Rio de Janeiro
Kinoplex São Luiz – Rio de Janeiro
Espaço Itaú de Cinema Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
Cinemark Pier 21 – Brasília
Espaço Itaú de Cinema Brasília – Brasília
Minas Tênis Clube – Belo Horizonte
Cineart Cidade – Belo Horizonte
Una Belas Artes – Belo Horizonte
Cinemark BH Shopping – Belo Horizonte
SaladeArte – Cinema da UFBA – Salvador
Cine Metha Glauber Rocha – Salvador
Cinemateca Paulo Amorim – Porto Alegre
Espaço de Cinema Bourbon Country – Porto Alegre
Cinemark Shopping Wallig – Porto Alegre
Cine Passeio – Curitiba
Cinemark Shopping Mueller – Curitiba
Cinépolis Pátio Batel – Curitiba
Paradigma Cine Arte – Florianópolis
Cinesystem Villa Romana Florianópolis – Florianópolis
Centro Cultural Arte Pajuçara – Maceió
Cinesystem Parque Shopping Maceió – Maceió
UCI Kinoplex Iguatemi Fortaleza – Fortaleza
Cinema do Dragão – Fortaleza
Cinépolis Natal Shopping – Natal
Fundação Joaquim Nabuco – Cinema do Derby – Recife
Cine Jardins – Vitória
Cine Casarão – Manaus
Cine Teatro Recreio – Rio Branco
Cine Vitória – Aracaju
Cine Cultura Goiânia – Goiânia
Cinemark Colinas Shopping – São Jose dos Campos
CineramaBC – Balneário Camboriú
Cineflix Miramar Santos – Santos
Cineflix Maringá Park – Maringá
Cineflix Aurora Shopping- Londrina
Cineflix Granja Viana – Cotia
Cinépolis Galleria – Campinas
Kinoplex Dom Pedro – Campinas
Casa Belas Artes – Ribeirão Preto