A notícia de que o pacato personagem Ursinho Pooh, que fez parte da infância de tanta gente e que transmite paz e serenidade, viraria protagonista de um filme de terror pegou o público de surpresa. Como se os termos “terror slasher” e “Ursinho Pooh” fossem incompatíveis. A ideia veio do cineasta inglês e fã de terror Rhys Frake-Waterfield depois que o personagem, criado em 1926 por A. A. Milne, caiu em domínio público. Ursinho Pooh – Sangue e Mel ( Winnie-the-Pooh: Blood and Honey), em cartaz nos cinemas, usa o absurdo a seu favor.
O filme mostra como a turma de Pooh fica após a partida de Christopher Robin (Nikolai Leon) para a faculdade. Pooh e Leitão (!!!) devoram o Bisonho e se tornam do terror do Bosque dos Cem Acres. Sem saber dos amigos desde a despedida, Christopher volta, anos depois, com a noiva e tem a intenção de apresentar os animais à moça, mas o casal só encontra hostilidade, crueldade e sede de sangue.
Pooh e Leitão são, resumidamente, dois homens com máscaras de animais que saem matando quem aparecer pela frente. É tão absurdo que fica difícil para o espectador comprar a ideia e se permitir entrar na dança absurda que é essa história.
Os filmes de baixo orçamento possuem um público que se diverte com a falta de recursos do trabalho de cada cineasta. Porém Ursinho Pooh – Sangue e Mel, que teve um orçamento de 30 mil dólares, se leva a sério demais para cair nesse nicho. Está mais para uma ideia absurda e mal-executada mesmo e, ao invés de cair nas graças do público, está mais propenso a ganhar a antipatia da galera porque não é um filme que faz jus ao slasher.
Não é novidade usar os artifícios do absurdo para garantir bilheteria e retorno do investimento e Ursinho Pooh – Sangue e Mel se vende exatamente dessa maneira. O tosco gera curiosidade e pode atrair fãs daquilo que costuma ser visto como um nicho, os filmes ruins. Mas o longa de Rhys Frake-Waterfield não se sustenta como filme bom, tampouco como filme “tão ruim que é bom”.
As interpretações são deprimentes, as ações dos personagens não fazem sentido, todo o longa é mal-iluminado e a impressão que o filme passa é de que foi feito de qualquer jeito. Chega a ser uma ofensa até mesmo para quem gosta de filmes ruins.
E não para por aí, Rhys Frake-Waterfield já tem outros projetos confirmados, como a sequência de Ursinho Pooh – Sangue e Mel e filmes de terror com Bambi e Peter Pan. Que as divindades protejam a nossa infância.