FILMES BASEADOS EM GAMES GERALMENTE SÃO INFELIZES. Curioso é que Silent Hill havia sido uma exceção à regra e dado origem a uma obra de horror bastante eficiente. Se os produtores tivessem escolhido parar por ali mesmo, teriam saído em alta com os fãs dos jogos e os cinéfilos, mas é claro que algum executivo brilhante achou que todo mundo estava interessado numa continuação, e mesmo sem encontrar um roteiro inteligente – afinal fã de game não se liga em roteiro -, deu sinal verde para o desastroso Silent Hill: Revelação.
Desastroso é o mínimo. A vontade que tenho é de dizer bem alto: “puta que pariu! Como é que eu me permiti cair nessa cilada e perder 94 minutos da minha vida?”. Justamente para evitar que você, caro amigo leitor e butequeiro de plantão, passasse pela mesma raiva que eu, resolvi contar um pouco dos motivos que me fizeram eleger desde já Silent Hill: Revelação como um fortíssimo candidato ao prêmio de pior filme de 2013.
Um detalhe curioso do elenco: Kit Harrington (mais conhecido como Jon Snow, de Game of Thrones) e Adelaide Clemens são sósias de Emile Hirsh (Na Natureza Selvagem) e Michelle Williams (Ilha do Medo). Desde o começo da história fiquei encucado com o rapaz e tentando lembrar qual outro filme ele havia feito, além do Game of Thrones. Só depois de um tempo percebi que estava pensando no Hirsh. Já Clemens, especialmente durante a etapa final da obra, lembra demais Michelle Williams. Pena que sua semelhança seja apenas física e não no talento. Sean Bean (Senhor dos Anéis e Game of Thrones) também está no elenco, e por incrível que pareça não morre. Carrie Ann-Moss (Matrix) tenta ser a vilã, mas é tão ruim de serviço que não chega a representar ameaça em momento algum.
Sharon (Clemens) está vivendo com o pai (Bean) de cidade em cidade, sempre fugindo e tentando entender seus pesadelos. A adolescente é encontrada pelo culto demoníaco do primeiro filme e é obrigada a voltar a Silent Hill para salvar a vida do pai. Durante sua tentativa de resgate, Sharon vai descobrindo mais sobre a sua vida e os segredos que lhe foram escondidos durante tanto tempo.
O roteiro bobo comete o equívoco de ser extremamente auto-explicativo, fazendo questão de deixar claro para o espectador como é que Sharon escapou da realidade alternativa das cinzas e reencontrou o pai. Vamos combinar que, além de desnecessária, a explicação é um tanto sem noção (como é que a personagem envolvida conseguiu o conhecimento para aquilo?) e desde o primeiro momento senti um frio percorrendo minha espinha com a certeza de que Silent Hill: Revelação seria uma imensa porcaria. Mais para frente, o roteiro tenta nos convencer de que os jovens protagonistas sentem um afeto imediato um pelo outro quando sequer se conheciam antes. É forçar a amizade de uma maneira pior que deixar o amigo pagar a conta do boteco sozinho.
Para não dizer que estou com muito ódio no coração, confesso ter gostado do Manequim Aranha. Uma das poucas novidades se tratando dos monstros, que foram praticamente todos reaproveitados na continuação. Ainda que os efeitos especiais não pareçam ter recebido a devida atenção, o bicho merece um destaque especial. E só. Tá, mentira. No final do primeiro ato, quando Sharon está tentando escapar em segurança do shopping, existe uma clara crítica ao consumo de carnes. Silent Hill: Revelação faz apologia ao vegetarianismo e mostra que quem come carne, na verdade está comendo um outro humano.
Os fãs estarão muito bem servidos com uma bem vinda revisão do longa original. Claro que esta é apenas a minha opinião, e longe de mim querer impor seriamente como é que você deve ou não disperdiçar o seu tempo. Pessoalmente, sentar para assistir às reprises do Chaves funcionaria muito melhor e me faria rir. Mas isso sou eu. Para todo mundo que se aventurar pelas cinzas de Silent Hill, fica o meu pedido de deixar um comentário dizendo o que é que você achou. Pago a cerveja de quem elogiar.
Nota:[umaemeia]